22/10/2025
A falácia do “quanto mais exames, melhor”.
Você marca consulta em uma clínica famosa e, antes mesmo de ser atendido, já recebe um pacotão de exames. Nem vou entrar no mérito de que, muitas vezes, esses exames são feitos na própria clínica ou em um laboratório “de confiança”. É aí que a picaretagem começa.
O problema é que o pior ainda está por vir. Já falei algumas vezes: exame demais geram diagnósticos falsos ou inexistentes.
Para cada 20 exames realizados, existe cerca de 50% de chance de pelo menos um resultado sair fora do valor de referência, mesmo sem nenhuma doença por trás. É o famoso falso positivo.
E é nesse ponto que o “Soroterapeuta” entra em cena: transforma um número aleatório em “diagnóstico” e oferece um “tratamento milagroso”. Na próxima coleta, o exame volta ao normal (como era esperado) — e o paciente, aliviado, acredita que foi curado. Resultado: um problema inventado, tratado com soluções sem lógica, sem evidência e, muitas vezes, com risco.
Mesmo quando o plano de saúde cobre os exames, quem paga a conta é você. Se milhares de segurados fazem exames desnecessários, o custo explode — e aparece, inevitavelmente, no reajuste da mensalidade.
Não existe milagre. Não existe caridade.
A cada “check-up” sem critério, a medicina perde um pouco da razão — e você, um pouco do seu dinheiro.