27/04/2025
"Ah, mas é só você se alimentar melhor",
"você precisa se exercitar",
"isso é falta do que fazer",
"você precisa confiar em Deus"
"Isso daí não é nada, eu já passei por uma situação bem pior, você vai melhorar"
Quantas frases assim você já ouviu na sua vida?
Quantas são as falas que, mais expõe o incômodo de quem ouve, do que auxiliam e promovem acolhimento e compreensão de quem procura, às vezes, por um ombro amigo.
Muitas pessoas chegam à psicoterapia relatando frases como essas, que são proferidas por familiares, amigos, pessoas queridas, que queriam ajudar, mas que por não saberem muitas o que dizer, se antecipam trazendo opiniões pautadas no senso comum e no incômodo, que pode ser mobilizado, ao ouvir o sofrimento alheio sem saber o que fazer para minimiza-lo.
Além disso, nada disso diminui o sofrimento de quem o compartilha, assim como pode até mesmo promover medo de se expor novamente, por não se sentir acolhido pelos entes queridos.
Nestes momentos, talvez as perguntas sejam a ponte para a comunicação (claro, quando se deseja ouvir o outro, sem afirmações ou opiniões pessoais):
"E como você acha que pode sair dessa situação?", "Como posso te ajudar?",
"Você acha que há algo que possa ser feito para amenizar sua angústia?"
Acolher, escutar o sofrimento humano não é fácil, por isso requer profissionais qualificados, que estejam atentos a suas próprias questões pessoais, o que chamamos de contratransferência, para que estas não interfiram no processo terapêutico, ou seja, naquilo que irá circular, se fazer presente através das falas do psicólogo. Um trabalho minucioso, que se requer constante aprimoramento e humildade.