05/10/2025
“Por que algumas pessoas sofrem reações mais graves ao metanol? A genética pode explicar.”
Matéria com participação do Dr. Ciro Martinhago – G1, 03/10/2025
Casos recentes de intoxicação por bebidas adulteradas reacenderam o alerta sobre os riscos do metanol, álcool altamente tóxico usado industrialmente. A ciência mostra que a genética ajuda a explicar por que a mesma dose pode causar cegueira ou falência de órgãos em uns, e apenas sintomas leves em outros.
Quando ingerido, o metanol é metabolizado no fígado por enzimas como ADH e ALDH, que o convertem em formaldeído e ácido fórmico — substâncias responsáveis pelos danos neurológicos e visuais. Segundo o Dr. Ciro Martinhago, médico geneticista da Sociedade Brasileira de Genética Médica, “indivíduos que metabolizam o metanol mais lentamente acumulam mais ácido fórmico e sofrem danos mais intensos, enquanto outros eliminam parte da substância com menos gravidade.”
Variações genéticas em enzimas, especialmente na ALDH2, comum em populações asiáticas, podem aumentar a vulnerabilidade ao metanol. Pessoas que sentem vermelhidão ou palpitação ao ingerir álcool comum podem ter variantes semelhantes e, portanto, maior risco em caso de exposição ao metanol.
Além da genética, fatores como idade, doenças hepáticas e a ingestão simultânea de etanol influenciam o quadro. O etanol, inclusive, é usado como antídoto em ambiente hospitalar, pois compete com o metanol pelas mesmas enzimas.
O nervo óptico, o fígado e os rins estão entre os órgãos mais afetados — e as diferenças genéticas explicam por que uns perdem a visão precocemente, enquanto outros evoluem para falência sistêmica. O consenso entre especialistas é que o tempo de atendimento é crucial: quanto mais rápida a intervenção, maiores as chances de evitar sequelas irreversíveis.
Fonte: G1