23/12/2021
Nas últimas duas décadas, os avanços tecnológicos referentes às neuroimagens apresentaram descobertas sensacionais na estrutura cerebral humana.
Sabemos que o cérebro possui 86 bilhões de neurônios (e mais 86 bilhões de outras células), o que resulta em aproximadamente 100 trilhões de sinapses, ou seja, o contato de duas células nervosas. Assim sendo, o nosso cérebro não é estável (plasticidade cerebral), ele se modif**a a todo momento, através das conexões neuronais, o que nos permite a lembrar de coisas triviais a lembranças remotas, aprender, desenvolver habilidades e pensamentos, gerar emoções.
Quando ocorre um evento traumático, as consequências afetam a neurobiologia cerebral, como alterações na amígdala cerebral, no hipocampo e córtex pré-frontal, que resultam em danos consideráveis no sistema neurológico, biológico, psicológico e na vida social da pessoa (exames de neuroimagens são capazes de mostrar nitidamente as alterações). E mais, tais danos não necessariamente aparecem logo após o trauma, eles geralmente ocorrem no decorrer do tempo, anos depois.
Importante ressaltar que o trauma não necessariamente é a situação traumática em si, mas o impacto que ele causa sobre a vítima. Pode ser testemunhado, sabido, ou exposto de forma repetida ou extrema ao evento. Os comportamentos e emoções subsequentes à exposição de eventos aversivos ou catastróficos são muito variáveis. As vítimas podem desenvolver desde transtornos de humor (depressão e bipolaridade) e ansiedade, a compulsões adictas, como uso de álcool e dr**as.
“O trauma não impacta somente o indivíduo, como a família e até comunidade, por perturbar o desenvolvimento saudável, afetar negativamente os relacionamentos e contribuir para problemas de saúde mental, incluindo abuso, violência doméstica e abuso infantil. Todo mundo paga o preço quando uma comunidade/família produz gerações de pessoas com traumas” (Dra. Regina Lucia Nogueira – phd em Neurociências).
Gláucia Manfrim
Psicóloga
(CRP 06/59.007)