26/09/2025
EVITE O POLÍTICO RELIGIOSO - entenda os motivos - Aqui está um argumento fundamentado em psicologia, antropologia e história, sobre os problemas de misturar ideologia religiosa com política:
Ao analisarmos a relação entre religião e política, a psicologia social mostra que essa mistura tende a reforçar fenômenos de viés de confirmação e polarização grupal. Quando princípios religiosos passam a reger as normas do Estado, cria-se uma fusão entre identidade pessoal, fé e pertencimento político. Isso gera um quadro em que discordar de uma proposta política é vivido, psicologicamente, como um ataque à própria crença ou à identidade do indivíduo. O resultado é uma intensificação do conflito social, a perda de diálogo racional e o fortalecimento de comportamentos de intolerância e exclusão.
Do ponto de vista antropológico, sabemos que a religião historicamente sempre funcionou como um marcador cultural de coesão dentro de grupos, mas também como um fator de fronteira contra os “de fora”. Ao ser usada como ferramenta política, a religião não apenas unifica internamente, mas também cria inimigos externos, alimentando divisões sociais profundas. Essa lógica de “nós contra eles” sustenta preconceitos e legitima perseguições em nome da moral coletiva.
A história oferece exemplos claros de como essa fusão pode dar errado. A Inquisição, na Idade Média, perseguiu hereges e minorias, mostrando como a política guiada pela religião pode institucionalizar violência. No Oriente Médio contemporâneo, a teocracia demonstrou como leis religiosas impostas politicamente podem limitar liberdades civis e direitos humanos, especialmente de minorias e mulheres. Até mesmo no Brasil colonial, a união entre Igreja e Coroa serviu para justificar tanto a escravidão quanto a repressão cultural de povos indígenas.
Portanto, misturar ideologia religiosa com política traz riscos psicológicos, como intolerância e radicalização; riscos sociais, como exclusão e perseguição de minorias; e riscos históricos, pois já vimos repetidas vezes que quando a fé se confunde com o poder do Estado, a consequência não é maior espiritualidade, mas sim maior autoritarismo. O Estado laico não é uma ameaça à fé, mas um escudo psicológico e social que protege a diversidade e evita que a política se torne uma guerra santa disfarçada de democracia.
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