28/08/2025
Voltamos ao corpo e percebemos: não é de olho fechado, é de olho aberto que a gente espera. Estou aqui esperando. Enquanto isso, me olho no quadradinho, vejo as outras pessoas… O que o corpo faz nessa espera? Onde está mais excitado, pronto para um arranque, ou mais contido, segurando-se com as costas, ombros, pescoço, para não irromper?
Espera tem a ver com um “ainda não”. É uma prontidão, mas o corpo faz algo. É para isso que estamos aqui: traduzir o que acontece em termos da nossa anatomia particular.
Vamos aprender a reconhecer essa condição corporal, que muitas vezes vivemos só emocionalmente ou mentalmente, sem perceber que ela é modelada pela nossa anatomia presente. Faz parte do nosso repertório de comportamentos – alguns da espécie, outros desenvolvidos ao longo da vida, em tempos mais precoces ou recentes.
Tudo o que fazemos é repertório comportamental instalado neuromotoramente.
Começamos com uma bela frase formativa by Favre. Vamos aprender a nos identificar com essas formas, reconhecê-las e manejá-las. Podemos mudar situações ou refinar nossa conexão com elas manejando essa estrutura neuromotora excitatória.
O encontro afeta, excita; o corpo se excita. E, à medida que eu fui falando e vocês ouvindo, percebo que a excitação foi baixando. A espera assentou, porque foi dito claramente o que estamos fazendo aqui: nos identificando com essa configuração neuromotora da presença. E começando a manejar.
Paramos, respiramos. Talvez a respiração expresse alívio por estarmos nos colocando em algum lugar. E percebemos: há expectativa. Isso se chama expectativa – o corpo carregado de excitação, indo para frente.
O corpo se apronta para receber o que vem. Podemos imitar esse gesto, como prática formativa: prontidão para o que vem. “O que ela vai inventar mais?” – pensamos. Vamos fazer, experimentar de verdade. Depois, desfazemos a forma. Recebemos os efeitos do que acabamos de fazer. Uma ação é uma modelagem muscular – ativamos músculos para configurar um comportamento, com função relacional: proteger-se do que vem.
“Não me invada, não me assuste, calma.” Regulando a chegada do outro. Façam o gesto que satisfaça essa regulação, incluindo o corpo todo: pés no chão, bacia na cadeira, costas sustentando a forma. Frente e mãos sensíveis para o que vem. Essa frente pode se fazer mais firme ou mais suave.
Agora paramos e colocamos em palavras o que aconteceu, para assimilar a experiência. Isso é raro. Muitas vezes, depois de agir, só horas depois pensamos “O que foi que eu fiz?”. Aqui, processamos imediatamente.
Quem quer contar?
— Tenho sentido, com o inverno, mais dificuldade de vir para fora. Ao te conduzir, senti como sangue bombeando para a face e mãos, irrigando. Malhando esse rosto de quinta de manhã.
— Para mim, ficou nítido que colocar as mãos junto ao rosto na tela me fez sentir segura, vendo todos dispostos a estar aqui. Relaxei.
Primeiro encontro de Regina com um grupo da UFRJ