Dr Diego Tavares - Psiquiatra

Dr Diego Tavares - Psiquiatra Médico Psiquiatra. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo. Especialista em depressão resistente e transtorno bipolar.

Pesquisador do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HCFMUSP). Coordenador do Ambulatório do Programa de Transtornos Afetivos da Faculdade de Medicina do ABC (PROTAB-FMABC). Pesquisador do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação e Estimulação Magnética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HCFMUSP).

03/12/2025

Quando o assunto é exagero na limpeza, muita gente se lembra do transtorno obsessivo compulsivo (TOC), mas também ocorre exagero no comportamento de limpeza e organização dentro dos transtornos bipolares. O aumento de impulsividade é quando há aumento no desejo e vontade de emitir um determinado comportamento. Na bipolaridade temos aumento de impulsividade nas fases de mania, hipomania e também nas depressões mistas. No TOC ocorre um aumento de impulsividade um pouco diferente, chamado de compulsividade. Na impulsividade a pessoa se sente bem e tem vontade de emitir aquele impulso buscando prazer com ele. Na compulsividade, a pessoa se sente mal e ansiosa se não emitir aquele comportamento, busca aliviar um desconforto com o comportamento.

Na bipolaridade, a pessoa sente um forte desejo de limpar e organizar ambientes, buscando prazer imediato e uma sensação de realização com a tarefa, mesmo que isso não faça parte de seus hábitos em fases estáveis. Pode passar a madrugada ou uma tarde toda se dedicando a tarefa. F**a obstinada e fixada naquele comportamento.

No TOC há uma sensação desagradável de que as coisas não estão limpas e estão muito desorganizadas e isso gera uma necessidade de emitir o comportamento de limpeza para aliviar a ansiedade e o desconforto gerado por essas sensações. No TOC essas compulsões são crônicas e estão presentes há anos na vida da pessoa. Não há períodos livres destes sintomas como ocorre na bipolaridade.

26/11/2025

Os estados de ativação da bipolaridade (mania, hipomania e estados mistos) cursam com um aumento da excitação do sistema nervoso em diversas áreas: na área do humor, vai resultar em humor eufórico (alegria excessiva e desproporcional) ou disfórico (irritabilidade excessiva e desproporcional); nas áreas de pensamento, vai resultar em pensamento agitado; nas áreas de sono, vai resultar em ativação noturna; na área de controle dos impulsos, em aumento de impulsividade. E o mesmo vai ocorrer em regiões cerebrais associadas com o controle da fala e da vontade de falar.

Esse sintoma, também chamado na literatura internacional de “oversharing” (falar excessivamente) não signif**a somente que a pessoa está falando muito, em termos de quantidade, mas engloba também um aumento de impulsividade, desinibição e falta de freio para expôr partes delicadas da vida e da própria história, o que, geralmente, não é percebido pela própria pessoa como algo problemático. Em geral, a pessoa sente uma necessidade grande de relatar detalhes sobre sua vida pessoal, ainda que para pessoas que não são íntimas, o que é bastante inadequado. As pessoas sentem-se envergonhadas diante do comportamento, mas não costumam intervir porque f**am constrangidas com as atitudes que estão presenciando. O conteúdo pode variar desde assuntos relacionados a dinheiro, bens materiais, questões s3xuais, doenças graves prévias, problemas familiares, etc. Este comportamento não é exclusivo e nem sinônimo de bipolaridade, mas também pode acontecer dentro do contexto da doença.

Reprodução:

24/11/2025

O aumento de impulsividade é uma das características centrais de uma pessoa com bipolaridade. Na bipolaridade tipo I a pessoa alterna fases de ativação em que há aumento evidente de humor e de impulso com fases de desativação em que ocorre o contrário. Todavia, na bipolaridade tipo II, que é a mais comum, não ocorre aumento evidente de humor na fase de ativação, a pessoa não f**a muito alegre ou eufórica como muitos imaginam, alguns f**am com a irritabilidade (disforia), mas não é com todos que isso f**a muito evidente. Agora, o aumento de impulsividade, esse sim é um sintoma muito importante e que está presente em grande parte das pessoas com bipolaridade na fase de ativação leve da bipolaridade tipo II (chamada de hipomania). O problema, todavia, é o que aumento de impulsividade numa hipomania é algo que ocorre com a pessoa funcional, trabalhando, estudando, na vida normal dela e é um fenômeno altamente recorrente, se torna crônico na vida da pessoa, tanto que ela passa a achar que faz parte da personalidade, do seu próprio jeito de ser. E como esse aumento de impulsividade é mais leve, não traz prejuízos visíveis, acaba sendo normalizado por muitas pessoas.

O aumento de impulsividade pode ocorrer em várias esferas, para alguns tem a ver com trabalhar demais, para outros, comprar livros ou fazer curso, limpar a casa, fazer exercícios, fazer procedimentos no corpo, mudar o visual, começar novos projetos, etc. Na esfera das compras, sendo parte de uma hipomania, que é mais sutil, nunca levará a endividamento ou consequências, mas quando se olha com uma lupa vê-se que a pessoa compra sem precisar, tem roupas e roupas que nunca usou, livros que nunca leu, objetos que achou que fosse gostar e logo perdeu o interesse. No momento de adquirir a cabeça adora criar historinhas de convencimento: “Você merece!”, “Não perca essa oportunidade”, “Só se vive uma vez”. O tratamento envolve os estabilizadores, mas também técnicas de psicoterapia que ajudam a frear impulsos e refletir sobre o comportamento antes de emiti-lo.

Me conta nos comentários que tipo de sedução sua cabeça cria quando o impulso de comprar f**a batendo à porta! 😛

21/11/2025

Antes de mais nada, trata-se de um meme. O conteúdo do vídeo não deve ser interpretado de forma literal e direta, mas serve de contexto para entendermos como ocorre o fenômeno do humor disfórico no contexto da bipolaridade.

Como já falei aqui outras vezes, na bipolaridade tipo II, existem várias possibilidades de apresentação clínica e em uma delas as pessoas oscilam fases de depressão com fases de aumento de energia e humor irritável. A irritabilidade da fase de hipomania é chamada de disforia porque é diferente da irritabilidade de uma depressão. Como todos os sintomas vêm juntos, numa hipomania há uma mistura de irritabilidade com aumento de energia, com grandiosidade (senso de razão aumentado, achar que está certo em tudo), com pensamento acelerado, com necessidade de falar, com impulsividade (dificuldade de se controlar naquilo que vai falar numa briga) e agitação psicomotora. O resultado de todos esses sintomas juntos é uma pessoa raivosa e agressiva e isso transforma a irritabilidade, numa hipomania, em uma disforia que é uma irritabilidade onde eu não simplesmente reclamo o tempo como na depressão, mas fico descontrolado em virtude da raiva e acabo atacando alguém, detonando uma pessoa, falando coisas destrutivas que posteriormente causarão culpa e vergonha pelo comportamento. Na disforia há esse aumento de impulso que toma conta da pessoa, quando esse estado emocional toma conta a pessoa, ela acaba não conseguindo não agredir verbalmente ou até fisicamente.

O grande problema destes estados hipomaníacos é que a pessoa não terá crítica no momento em que estiver na crise e quem mais sofre o impacto direto de tudo isso é quem está perto, como ocorre com uma bomba que explode, ou seja, o parceiro ou familiares. Como numa bomba, o conselho é sair de perto quando houver sinais de explosão iminente porque a energia do processo causa muitos danos imediatos. Voltar e ajudar depois que a explosão inicial aconteceu é muito mais efetivo!

19/11/2025

Apesar de não estar mais entre nós, Rita Lee foi uma das personalidades brasileiras que falou abertamente sobre seu diagnóstico de bipolaridade e sobre seu envolvimento com substâncias psicoativas. Nesta entrevista nos anos 90, saiu-se muito bem de uma pergunta que poderia ser constrangedora transformando em bom humor um assunto delicado que envolvia a sua vida pessoal e os problemas que enfrentou com uso de dr0gas.

O uso problemático de substâncias acontece em cerca de 50% das pessoas com transtorno bipolar em algum momento da vida. Pode ocorrer durante as fases de ativação (mania ou hipomania), mas também em episódios depressivos mistos como forma de alívio da angústia e da ansiedade. Na bipolaridade, o uso de substâncias acontece por aumento da impulsividade, da vontade de buscar e abusar destas substâncias. Neste caso, o uso é cíclico, vai e vem de tempos em tempos de acordo com o humor e os níveis de energia e impulsos. Uma parte das pessoas com bipolaridade pode ter uma comorbidade com dependência química e, neste caso, o fenômeno é diferente, independentemente do estado de humor e de energia, a pessoa tem busca aumentada por substâncias e f**a claro um padrão persistente de uso, a pessoa tem dependência pelo efeito da dr0ga e não consegue se manter longos períodos sem ela. Sempre que tratamos uma pessoa com bipolaridade precisamos estabilizar o quadro primeiro para então podermos avaliar se o uso de substância resiste configurando uma dependência ou se ele está inserido dentro da própria doença como um aumento de impulsividade próprio do transtorno. Fato é que pessoas que seguem usando substâncias durante o tratamento também terão maior dificuldade de se estabilizarem. Ou seja, bipolaridade e uso de substâncias não combinam.

12/11/2025

Nós que trabalhamos somente com bipolaridade no dia a dia sabemos da extrema importância da psicoeducação e do material teórico que eu mesmo coloco aqui todos os dias com a finalidade de instruir e orientar. Mas, cabe falar aqui também que entre a teoria e a prática existe uma lacuna que pode ser mais ou menos grande a depender de características individuais de cada paciente. Ao ver esse vídeo eu me lembrei da bipolaridade porque muitos profissionais demonstram coragem e um “latido forte” para enfrentar o transtorno quando estão falando de teoria, mas, na prática, mesmo nós que lidamos somente com isso “trememos na base” e “latimos fino” quando nos deparamos com situações complexas, por exemplo:

🤢 Pacientes que são extremamente sensíveis a efeitos colaterais ou cujos efeitos colaterais nunca passam, o que acaba praticamente impedindo o tratamento de ser feito;

😓 Quando a gente está tentando estabilizar uma depressão mista grave, mas não dá tempo dos remédios fazerem efeito e a pessoa tenta su1c1d1o tomando os remédios que a gente mesmo passou;

😡 Quando a pessoa está em hipomania mista, agride o companheiro e o relacionamento termina sem dar tempo de a gente ajudar essa pessoa e essa família;

😵‍💫 Pessoas com quadros delirantes e alucinatórios em que há necessidade urgente de internação, mas não há família que dê suporte para isso;

🕺🏻 A pessoa tem muitos sintomas, vários prejuízos na sua vida cotidiana, mas se recusa a fazer tratamento porque não tem crítica sobre a presença dos sintomas. Especialmente em casos em que a pessoa ainda mantém uma certa funcionalidade e ninguém consegue convence-la de que ela tem um problema.

Existe uma face muito complexa do transtorno que nem sempre está nas postagens bonitinhas que colocamos por aqui, que envolve manejo de pessoas e famílias, envolvem obstáculos ao uso dos remédios e várias outras situações que só no dia a dia f**am mais visíveis.

Vídeo: .show

10/11/2025

Não podemos deixar esse vídeo se espalhar por aí sem uma réplica ao seu conteúdo. Infelizmente ainda existem pessoas em 2025 acreditando que transtornos mentais são problemas de natureza espiritual. E sabem qual é o maior problema disso? É que as pessoas que nunca sofreram nenhum tipo de desregulação cerebral de natureza psiquiátrica vão seguir duvidando de que a doença mental é um processo biológico, que surge no corpo físico, internamente, de forma completamente alheia ao controle da pessoa e que a toma sem que ela possa escolher o que vai fazer com aquilo. A pessoa é uma observadora trágica daquilo que se passa com ela quando há um adoecimento mental. Quando o quadro é leve, ele pode desaparecer espontaneamente ou melhorar com mudanças de hábitos. Quando é mais grave, não há possibilidade de controle sobre o que se está passando. O ambiente é um forte mediador do quanto o sistema nervoso pode se inflamar e se desregular mais ou menos. Comportamentos do paciente podem ajudar esse processo se resolver de forma mais rápida ou mais devagar. Mas a verdade é que quadros como esses são inexoráveis, são terrivelmente avassaladores como uma febre alta. O problema é que quase todo mundo já teve febre alta, mas pouca gente viveu o medo inexplicável de uma crise de ansiedade, a dor agonizante da angústia de uma depressão mista ou a ira descontrolada de uma hipomania mista. Então, ao invés de se colocarem num lugar de humildade sobre não emitir opinião sobre aquilo que nunca viveram, o que grande parte das pessoas faz é replicar visões preconceituosas sobre transtorno mental. E nesse sentido, o mais infame e medieval de todos é usar o argumento do invisível, do oculto, do espiritual porque coloca o debate no imponderável e impossibilita nós do lado de cá de argumentarmos. E tem o mais cruel de tudo, faz a pessoa com doença mental parecer alguém fraco que permitiu que forças ocultas a dominassem. Reparam que há uma culpa que é imputada ao sujeito sobre seu adoecer?

Compartilhe esse vídeo para que cada vez menos pessoas acreditem que doenças mentais são de causa espiritual. Essa visão é estigmatizante e nociva. Machuca ainda mais quem já está bastante machucado.

05/11/2025

Será que pessoas com bipolaridade têm cara de bipolar?
Assista a esse vídeo para não ter mais dúvidas.

03/11/2025

Antidepressivos não são proibidos na bipolaridade, mas alguns pontos precisam ser observados para que possam ser utilizados. Confira neste vídeo!

20/10/2025

Já pensou aplicar o lítio na forma intra-nasal ao invés de ingerir comprimidos?

Buonerba A, et al. Lithium-Charged Gold Nanoparticles: A New Powerful Tool for Lithium Delivery and Modulation of Glycogen Synthase Kinase 3 Activity. Adv Mater. 2025 Sep 29:e13858. doi: 10.1002/adma.202513858. Epub ahead of print. PMID: 41020548.

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Minha longa trajetória no combate a depressão e à bipolaridade....

Seja bem vindo. Esta página é fruto de um plano que eu tinha de poder ter meu espaço para compartilhar assuntos relacionados aos transtornos do humor e da afetividade. Sou médico e me especializei em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPQ-USP). Desde o início da minha especialização sempre me interessei por depressão e transtorno bipolar e foi no Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA-USP) que aprendi e continuo aprendendo com os pacientes todas as facetas e dificuldades no enfrentamento de doenças no humor.

Atualmente sou pesquisador e coordenador do Ambulatório Integrado de bipolares (AIBIP) do GRUDA e também do Ambulatório do Programa de Transtornos Afetivos da Faculdade de Medicina do ABC (PROTAB-FMABC). Amo estes dois lugares e todas as pessoas ligadas a eles!

Embora seja desgastante e desafiador gosto de atuar principalmente no tratamento de depressões refratárias e na estabilização do humor no transtorno bipolar!

Um abraço!