09/03/2016
As transformações que a maternidade irá trazer vão sendo anunciadas pela mudança corporal da gestante e pelo desenvolvimento do bebê no útero. O que transparece a “olhos vistos” não revela o trabalho intenso que a futura mãe e futuro pai precisam fazer para acolher o filho que vai chegar: a transformação emocional.
Assim como o corpo da gestante tem seu metabolismo alterado e ganha um incremento de tecido corporal, o psiquismo também precisa fazer muitas operações para conceber que "a filha" irá se tornar "mãe", que a relação conjugal vai sofrer mudanças e a configuração final de todo esse processo é desconhecida.
Se as questões emocionais permanecem mais silenciosas durante a gestação, muito provavelmente irão emergir no pós-parto.
A gestação implica que àquela que vai se tornar mãe revisite sua própria história de vida, sua infância, a relação com seus próprios pais, seus valores, seu projeto profissional, dentre tantas outras questões que são singulares, da história de cada uma. Um processo em que podemos identificar seu início, mas que não tem dada para acabar.
Abrir espaço para a reflexão dessas questões favorece o estabelecimento de um vínculo mais tranquilo com o filho e, facilita com que cada mulher crie e recrie, quantas vezes forem necessárias, a forma de maternar que faça mais sentido para si.
Além de abarcar reflexões futuras, esse processo de transformação emocional pode reacender desejos de mudança, que já vinham sendo sonhados.
A imagem da mulher grávida é bela, mas apresenta o que é comum a toda a gestante, mas não consegue revelar a singularidade da história que está sendo construída.
Talvez para muitas gestantes, a montanha russa seja mais fiel, com altos e baixos, mudanças bruscas de velocidade e perda de controle e, para viajar em segurança e maior conforto, o melhor é estar acompanhada – do marido, da amiga, da terapeuta... não importa. O que importa é que a transformação emocional também possa ser reconhecida e elaborada.
Post escrito por Re-criar