23/09/2023
Excelente texto, dra Andrea Prates
Uma fala polêmica e potente, assim como quem a proferiu. Domenico De Mais foi um dos maiores pensadores contemporâneos. Sua morte recente, aos 85 anos, faz lembrar de suas obras e ideias ousadas e criativas a respeito de trabalho, capitalismo e a vida em sociedade.
Sociólogo, professor e autor de vários livros, De Masi introduziu o conceito do ócio criativo. Considerava que, com a automação do trabalho ocorrida no século XX, as pessoas teriam mais tempo para se dedicar aos prazeres e a criatividade. Ressaltava que o ócio criativo não é não fazer nada, mas sim fazer três coisas: trabalhar para gerar riquezas, aprender para gerar o saber e se divertir para criar alegria.
Segundo ele, a longevidade e a biotecnologia seriam os propulsores de um novo modelo social para o século XXI. Acreditava que, com a possibilidade de se viver mais e melhor, os problemas de saúde seriam concentrados nos dois últimos anos de vida, assim como o consumo de medicamentos e serviços.
Infelizmente, isso ainda não é uma realidade. Estamos vivendo mais, mas não necessariamente melhor. A expectativa de vida saudável não tem acompanhado o aumento da expectativa de vida. E acabamos estendendo, por mais tempo, o nosso convívio com doenças crônicas – especialmente as mulheres, que tem longevidade maior.
Entre os novos estilos de vida, De Mais acreditava que iria predominar a androgenia, com os homens assimilando valores naturalmente femininos como subjetividade, emotividade, flexibilidade e estética – que considerava o maior fator competitivo do futuro.
Acredito que um mundo mais velho e feminino é o que nos espera. Que seja mais saudável, gentil e compassivo também.