12/08/2025
Como sabemos, os cânceres hereditários correspondem somente de 5 a 10% dos casos e resultam de mutações germinativas herdadas, geralmente em genes supressores tumorais como BRCA1, BRCA2, TP53 e APC. Indivíduos com essas mutações apresentam predisposição aumentada ao câncer desde o nascimento, independentemente de fatores ambientais.
Em contrapartida, os cânceres esporádicos representam aproximadamente 90 a 95% dos casos e são causados por mutações somáticas adquiridas ao longo da vida, associadas a exposições ambientais e comportamentais, como tabagismo, dieta inadequada, sedentarismo, infecções virais e exposição a carcinógenos.
Recentemente, a carne processada, como salsicha, bacon e presunto, foi classificada como carcinogênica para humanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC).
Esses alimentos foram incluídos no Grupo 1, o mesmo do tabaco e do álcool, o que indica que há evidência científica suficiente de que seu consumo frequente pode causar câncer, principalmente colorretal. Essa classificação se refere à força da evidência, e não ao grau de risco individual, que varia de acordo com a quantidade e a frequência do consumo.
Estudos indicam que ingerir diariamente 50 gramas de carne processada — o equivalente a duas fatias de bacon — aumenta em cerca de 18% o risco de câncer colorretal. Embora esse índice seja muito menor do que o risco associado ao tabagismo, que pode ultrapassar 1.900%, o dado é considerado relevante. Além do câncer colorretal, esse tipo de alimento também tem sido relacionado ao aumento de outros tipos de câncer, como os de estômago, próstata e pulmão.
A compreensão dessa distinção é fundamental para estratégias de rastreamento, aconselhamento genético e intervenções preventivas personalizadas.