30/10/2025
Uma palavra pode definir o que sinto no momento: indignação.
Não é possível que há pessoa, um ser humano, que consegue acompanhar as notícias sobre o massacre (sim, MASSACRE, não foi uma operação) que aconteceu no RJ, sem ficar minimamente mobilizada com tantas mortes, destruições, assistir o desespero, o sofrimento, o medo daquelas que vivenciaram as trocas de tiros, o fechamento das escolas, UBSs, comércios, dos familiares (pais, irmãos, companheiras(os), filhos) que estão lidando com a dor da perda, entre tantos outros impactos.
Não é possível que há pessoa, um ser humano, que está comemorando, aplaudindo de pé uma situação tão mórbida como essa, um contexto impregnado de racismo, preconceitos, ignorância, incompetência, irresponsabilidade, política de morte (necropolítica: uso do poder estatal e de outras formas de dominação para ditar quem pode viver e quem deve morrer).
Não é possível que há psicóloga(o), profissional que cuida de pessoas, que atua no campo da saúde (biopsicossocioespiritual) que apoia o massacre e reforça os sentimentos de ódio na população e incentiva os atos de violência.
Só para deixar claro e antes que alguém diga: Não, eu não defendo “bandidos” e não quero nenhum pra levar para casa ou ter como estimação (falas que tenho ouvido de alguns indivíduos desinformados). Pelo contrário, sou a favor sim da punição para quem comete crimes. E o que eu mais desejo é que possamos ter segurança no nosso dia a dia. Mas, isso não significa que eu devo naturalizar ou aprovar um genocídio.
Eu vi a informação de um cãozinho que foi baleado e morreu. Ele tem culpa? E as possíveis pessoas que podem ter morrido sem ter cometido nenhum crime? E os policiais que perderam as suas vidas? E as moradias que foram atingidas? E as crianças e os jovens que vão precisar lidar com esse trauma?
Depois desse massacre, está tudo resolvido? Foi efetivo? Se sim, pra qual objetivo?
Eu sou profissional da saúde. Cuidar é também se indignar: não há neutralidade diante da barbárie.