02/12/2025
A história do colesterol é mais complexa do que a divisão entre bom e ruim. O que realmente importa para avaliar risco cardiovascular é entender como cada partícula carregadora de colesterol que circula no sangue se comporta.
LDL e HDL não são colesterol. São veículos de transporte que juntos movem a maior parte do colesterol do corpo. De maneira geral, o LDL transporta e “fornece” colesterol aos tecidos, e o HDL coleta o excesso e leva de volta ao fígado. Essas partículas podem se “encontrar” no sangue e “trocar” colesterol entre si, o que acaba por tornar mais complexo esse sistema de transporte do colesterol e “derrubar” o raciocínio de bom e ruim. O LDL só se torna um problema quando aparece em excesso, o que favorece o acúmulo nas artérias e aumenta o risco de infarto. Mas ele está longe de ser o único personagem relevante.
A Lp(a) é um exemplo importante. É uma partícula com grande peso genético (familiar) que nos indivíduos em que está aumentada representa um alto risco cardiovascular mesmo quando os outros exames parecem normais. Ela não diminui com dieta, exercício ou medidas tradicionais de controle. Mas devem ser feitas todas as estratégias para diminuição de risco cardiovascular e ser realizado um seguimento de perto!
Os remanescentes também merecem atenção. São partículas grandes, ricas em colesterol e com elevado potencial aterogênico, eventualmente até maior do que o LDL. Muitas vezes não são dosados nos check-ups, mas influenciam bastante o risco real.
O ApoB é outro marcador que pode auxiliar. Em vez de medir o volume de colesterol presente nas partículas, o ApoB revela a quantidade de apolipoproteína B-100, que está presente (uma proteína por partícula) nas partículas responsáveis por causar aterosclerose, ou seja, LDL, VLDL, remanescentes. Ele oferece uma informação diferente do LDL, o número de partículas circulantes, que pode ser útil na avaliação de risco. O HDL não carrega ApoB, mas sim a ApoA-1.
(continua nos comentários)