23/10/2025
Durante décadas, a medicina apontou o acúmulo de placas beta-amiloides como o “vilão” central do Alzheimer. Mas pesquisas de mais de 30 anos vêm derrubando esse paradigma e revelando algo ainda mais inquietante: o Alzheimer pode ser, na verdade, uma doença autoimune do cérebro.
Estudos recentes mostram que a beta-amiloide talvez não seja um resíduo tóxico inútil, mas sim um agente do sistema imune cerebral, criado para proteger o cérebro de infecções e lesões. O problema está no erro de reconhecimento: os lipídios das membranas bacterianas são muito semelhantes aos das células cerebrais. O sistema imune, ao atacar microrganismos, passa a atacar o próprio tecido cerebral.
Se isso for confirmado, o Alzheimer deixa de ser apenas uma doença degenerativa para se revelar como um colapso autoimune do cérebro. Essa visão muda tudo:
• A beta-amiloide, antes vista como resíduo tóxico, pode ser um anticorpo funcional.
• Terapias que visam destruí-la podem, na verdade, agravar a doença.
O foco precisa migrar para modular a neuroimunidade e controlar a inflamação crônica.
A urgência é enorme. Segundo a Alzheimer’s Association, mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, um novo caso surge a cada 3 segundos. Até 2040 esse número pode ultrapassar 148 milhões.
Os dados são alarmantes:
• 1 em cada 9 pessoas acima de 65 anos já tem Alzheimer.
• A doença pode começar até 20 anos antes dos sintomas.
• Em autópsias, mais de 40% dos cérebros apresentavam inflamação grave, mesmo em pessoas sem sinais clínicos.
Isso indica que o Alzheimer pode estar em curso silencioso em milhões. O colapso começa com neuroinflamação, falha da barreira hematoencefálica e disfunção da microbiota cerebral, já apontados como gatilhos precoces da doença.
O desafio agora é claro: modular a resposta neuroimune, conter a inflamação e proteger o cérebro antes que a destruição neuronal seja irreversível.
O futuro do tratamento pode estar menos em destruir placas e mais em restaurar a harmonia imunológica cerebral.
Tudo que foi programado pode ser desprogramado e reprogramado só depende da pessoa.