04/12/2025
Por que a Apple acerta quando nos lembra do óbvio que ninguém quer ver.
A nova campanha “I’m not remarkable” faz exatamente o que o bom design sempre fez: desloca.
Tira o criador do pedestal da genialidade instantânea e devolve para o lugar onde tudo realmente nasce: a vida real, o cotidiano, o processo, o “quase” invisível.
E aqui, como designer há quase três décadas, eu vejo algo bem profundo:
O mundo está exausto de performances extraordinárias. Mas continua faminto por autenticidade, ritmo humano e imperfeição criativa, aquela que nasce do acúmulo de experiências, olhares, erros e refinamentos que ninguém vê.
O que a Apple está dizendo é o que sempre acredito e aplico no meu trabalho:
O extraordinário não está no resultado.
Está no percurso.
No método.
No repertório.
Na coragem de criar sem precisar ser “excepcional” o tempo todo.
E talvez esse seja o maior luxo contemporâneo:
poder existir sem pressão de grandeza e, ainda assim, criar algo belo, útil e verdadeiro.
Porque no fim, design é isso:
um diálogo silencioso entre quem somos e o que escolhemos colocar no mundo.
É sobre: que mundo queremos e podemos desenhar?!
Carolina Haik - Tutto Design