29/11/2025
Como médica e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Personalizada (SBMP), venho reforçar o posicionamento técnico das sociedades ABGREF, SBMP, SOBRAPEM e SOGAGIR diante do pedido enviado à ANVISA solicitando “Suspensão Cautelar Nacional” de todas as versões manipuladas e injetáveis de agonistas GLP-1/GIP — incluindo tirzepatida.
⚠️ As sociedades se posicionam oficialmente contra essa medida, e explico abaixo por quê:
1️⃣ A proibição total prejudica o paciente e favorece monopólios
A manipulação é legal, respaldada pelo art. 43, III da Lei 9.279/96 e pela Nota Técnica 200/2025 da ANVISA.
Proibir significaria favorecer exclusivamente grandes indústrias farmacêuticas, encarecendo o tratamento e limitando o acesso a terapias essenciais para milhares de pessoas.
2️⃣ A investigação atual é contra a ilegalidade, não contra a manipulação
As sociedades apoiam integralmente Polícia Federal e ANVISA no combate à produção clandestina, IFAs ilegais e medicamentos sem controle de qualidade.
O problema investigado é o crime, não as farmácias certificadas que seguem Boas Práticas de Manipulação.
3️⃣ Uma proibição ampla fere a autonomia médica
O CFM garante ao médico o direito de prescrever de acordo com o melhor interesse do paciente.
Limitar a manipulação restringe esse direito e prejudica o tratamento individualizado.
4️⃣ A medida traria impacto grave à saúde pública
Uma suspensão nacional e irrestrita aumentaria custos, reduziria alternativas terapêuticas e prejudicaria pacientes que dependem desses tratamentos — incluindo aqueles com obesidade, endometriose, lipedema e outras condições correlatas.
📌 O caminho não é proibir a manipulação legal — é punir o clandestino e proteger o paciente.
As sociedades apelam para que a ANVISA adote uma postura firme contra a ilegalidade, mas que preserve a acessibilidade, a medicina personalizada e o direito ao tratamento ético e seguro.