29/03/2023
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Carta de Amor a Salvador
"Nesta cidade todo mundo é d`oxum, homem, menino, menina, mulher".
Gerônimo e Vevé Calazans
Nasci em Salvador, no bairro do Carmo, defronte as escadarias do paço. Passei minha juventude na Barra e depois fui morando em vários bairros, Pituba, Pituacu, Costa Azul, Garibaldi.
Ao percorrê-la, percebemos várias cidades em uma só e a sua vocação para a diversidade. Têm a orla marítima, a parte histórica do Pelourinho, a cidade baixa que ainda conserva traços de cidade do interior, os bairros nobres (Horto, Graça, Itaigara) e os populares (Nordeste, Liberdade, Cajazeiras).
As praias são um capitulo a parte, são vinte e três quilômetros, voltadas para a Baia de todos os Santos e Orixás, que vão desde as praias do subúrbio até a praia de Aleluia.
Um programa imperdível, de manhã tomar banho de mar no Porto da Barra (uma verdadeira piscina natural), passar a tarde no centro histórico, percorrendo suas várias atrações culturais e jantar na contorno, com direito ao famoso sorvete da Ribeira de sobremesa .
Também vale destacar seu fantástico povo, formado pela boa gente da terra e dos milhares de imigrantes. Não é a toa que temos a fama de bem receber.
A culinária é plural, ao mesmo tempo em que acolhe restaurantes com comidas típicas do mundo todo. As suas moquecas são irresistíveis e o acarajé chega a ser uma entidade de utilidade pública. Retirem as baianas e seus tabuleiros das suas esquinas e teremos uma verdadeira revolução.
As suas mulheres são belíssimas, de uma cor que só essa miscigenação aliada à exposição permanente ao sol pode produzir. Isto desde o tempo que Ary Barroso encontrou a morena mais frajola da Bahia, na baixa dos Sapateiros.
No quesito de opção religiosa, dá um banho de civilidade e tolerância. Querem prova mais linda de respeito a diversidade do que as Yalorixás que ficam na porta da igreja de São Lazaro (uma das suas 365 igrejas) dando banho de pipoca nos fiéis.
E se alguém estiver ai pensando porque não falo de suas mazelas que não são poucas, um quadro desolador de desigualdade social e violência, falo que é coisa de passional confesso, pois se pudesse escolher, queria nascer aqui novamente.
Profgarrido