28/08/2025
Na semana passada, três pessoas me procuraram pedindo ajuda para lidar com questões de saúde mental. Duas delas são familiares. A outra, uma amiga querida.
E, mais uma vez, fui levada àquele lugar tão delicado entre o impulso de acolher e o limite que a ética profissional nos orienta a respeitar: não atender pessoas com quem temos vínculo afetivo direto.
Esse impasse é mais comum do que parece para quem trabalha com escuta e cuidado. Porque quando se é terapeuta, o “ser” e o “fazer” caminham juntos — mas não se confundem. E essa fronteira, embora muitas vezes invisível, precisa ser protegida com clareza e responsabilidade.
O que fiz, então, foi o que estava ao meu alcance naquele momento: ouvir com respeito, orientar com cuidado e encaminhar com afeto. Recomendei profissionais de confiança, esclareci dúvidas, normalizei sentimentos. E talvez, ali, naquele pequeno gesto, eu tenha oferecido exatamente o que era preciso para abrir a porta de um processo terapêutico.
Mas confesso que fiquei com a pergunta ecoando por dentro: Será que eu poderia ter feito mais? Como ajudar sem ultrapassar os limites éticos que protegem tanto a mim quanto o outro?
Talvez a resposta não esteja em fazer mais, mas em sustentar com presença, com ética e com amor esse lugar entre a ajuda e o cuidado responsável.
Talvez ajudar “mais” seja justamente confiar que não estamos sozinhos no cuidado, e que existe uma rede — visível ou invisível — que pode continuar de onde paramos.
E você? Já passou por isso também?