03/01/2024
O sujeito alienado de si não tem consciência sobre seu valor, individualidade, potenciais. Perde a capacidade de pensar ou agir por si só, sendo conduzidos pelo direcionamento externo. Ao desconectar-se de si, o indivíduo passa a ver-se como um objeto, sem desejos, sonhos, vontades próprias.
A objetificação é uma das maiores formas de dominação, onde desumaniza e condiciona os grupos a servir. Essa foi a arma de domínio na escravidão, na desumanização do povo preto. Mas pontuo aqui a objetificação das mulheres.
Hoje é possível percebermos como nós mulheres somos objetificadas e como uma grande parte está alienada de si, não reconhecendo seu valor, potências e reproduzindo machismo no convencimento de que isso é liberdade. Não há liberdade para corpos de mulheres, seja no parto, no s*x #, no trabalho, e inclusive nos meios espirituais.
A criação de estereótipos sobre o que é ou não sagrado feminino, é também parte da objetificação. Inclusive acrescido de direcionamento patriarcal onde o sagrado só se expressa em corpos dentro dos padrões.
Quando uma mulher fora do padrão está inserida em espaços onde ela não se reconhece nas imagens, falas, vestimentas, e inclusive não exerce lugar de protagonismo, ela está alienada de si e sendo objetificada, onde seus dons, sua força ancestral, conhecimento são utilizados, mas ela continua sem espaço.
A objetificação é reafirmada diariamente, muitas vezes de forma sutil, inclusive fazendo parecer que é o próprio ser que está escolhendo ocupar o espaço de objeto. Existe uma super valorização nisso, a romantização da exploração.
Eu mesma já ocupei esse espaço diversas vezes, inclusive acreditando ser uma honra compartilhar meu conhecimento e medicina gratuitamente, para pessoas que não valorizavam minha existência. Honra é existir e reexistir.
A sua expressão é livre? Seu corpo, fala, desejos, são livres?
Sua medicina é livre? Quais são suas motivações?
Liberdade é conhecer a si mesmo.
Luane Pereira
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