14/11/2025
Um dia uma pessoa me falou: "Talvez a sua missão seja ser mãe do Felipe" e isso fez total sentido para mim.
Desde a concepção, ele me ensina que as coisas não são como eu quero. Ironia do destino, ele nasceu no dia que ele quis. Quem estava se planejando que se adeque.
Meu filho vive sob o lema: tudo precisa fazer sentido. As regras são cruciais para ele, mas apenas as que ele considera lógicas. As demais são ignoradas ou cumpridas sob protesto. Se você usar o clichê "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço," prepare-se: aqui, ou todos seguem, ou ele não seguirá sozinho.
Ele questiona o que fazemos no automático. Uma vez, me perguntou: "Por que sou obrigado a oferecer o que vou comer para o amigo, mesmo quando não quero dividir, e o amigo, mesmo querendo, precisa recusar e assim somos educados? Qual o sentido disso?"
Com ele, tive que aprender a funcionar de uma nova maneira. Ele precisa de previsibilidade e leva compromissos a sério. Se um plano sai da sua boca, para ele, já virou promessa. Falou, está falado.
Ele sempre foi um apreciador da beleza: adora paisagens, a natureza. E sempre foi um otimista, vendo o lado bom de tudo.
No quesito finanças, ele é o meu melhor coach. Reduziu a fatura do meu cartão em 50% só de me criticar a cada compra. A regra é clara: tem dinheiro, compra. Não tem, não compra. Não precisa.
Ultimamente, nossas conversas se resumem a duas frases: "Se quiser, sim" ou "Não compensa." E, aos 14 anos, ele estreou uma nova personalidade: o estilo blasé e entediado.
Meu maior desafio materno é, justamente, aceitá-lo plenamente como ele é, mas continuar educando. A tarefa é orientar sem censurar. É ser porto, e não gaiola. É amar e preparar para o mundo, onde eu não posso proteger de tudo.
É muito difícil e às vezes dói. Mas também foi a melhor coisa que me aconteceu.
Feliz aniversário,