01/12/2025
O caso da mulher atropelada pelo ex-parceiro, que perdeu as duas pernas, revela de forma dolorosa como a violência doméstica pode escalar até tentativas de feminicídio.
Esse tipo de violência não surge repentinamente: ele se constrói em um ciclo de controle, manipulação, medo e dependência emocional, dificultando que a vítima reconheça o risco e consiga romper a relação.
Um dos fatores que mais prendem mulheres em relações abusivas são as crenças familiares e sociais. Muitas escutam desde cedo que “família precisa ser mantida a qualquer custo”, que “filho precisa de pai dentro de casa”, ou que “se separar é fracassar”, "ruim com ele, pior sem ele".
Essas pressões — internas e externas — geram culpa, medo do julgamento, vergonha e a falsa sensação de responsabilidade pela “manutenção da família”. Para muitas mulheres, sair não é apenas deixar o agressor: é enfrentar um sistema inteiro que invalida sua dor.
As consequências psicológicas são profundas: trauma, ansiedade, depressão, prejuízo na autoestima e impacto direto na autonomia emocional e física. Quando a violência chega ao nível extremo, como neste caso, as sequelas atingem todas as áreas da vida.
Ainda assim, é fundamental reconhecer a força dessa mulher. Romper o silêncio, denunciar e pedir ajuda é um ato de extrema coragem, especialmente quando se carrega nas costas expectativas sociais, filhos, julgamentos e medos.
A Psicologia tem papel central nesse processo:
• Acolher sem julgamentos,
• Desconstruir crenças disfuncionais,
• Reconstruir autoestima e autonomia,
• Trabalhar o trauma com intervenções baseadas em evidências.
É essencial lembrar: violência doméstica não é um problema privado — é uma questão de saúde pública. E ninguém precisa permanecer em uma relação violenta “por causa da família” ou “pelos filhos”. Pelo contrário: sair é proteger a vida de todos.
Évelin Frassão
Psicóloga & Neuropsicóloga
CRP: 06/170702
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