19/11/2025
Uma mulher pode enfrentar no relacionamento conflitos que emergem de conteúdos inconscientes, como repetições de padrões afetivos, idealizações e medos primitivos de abandono ou rejeição. Muitas vezes, sem perceber, ela revive dinâmicas antigas, por exemplo, buscando no parceiro o cuidado que faltou na infância ou tentando evitar, a qualquer custo, reviver feridas emocionais que ainda não foram elaboradas. Esse movimento interno pode gerar ansiedade, frustração ou a sensação de estar sempre “lutando” para ser vista, amada ou validada.
Outro ponto recorrente é o conflito entre desejo e dever. Na psicanálise, é comum observar que a mulher se sente dividida entre sua necessidade profunda de autonomia e a expectativa, consciente ou inconsciente, de corresponder ao papel de quem cuida, acolhe e sustenta emocionalmente a relação. Quando essa tensão não é reconhecida, surge culpa: culpa por querer mais espaço, por exigir demais, por não conseguir suprir tudo, ou até mesmo por desejar algo diferente do que vive. Essa culpa pode levar ao silêncio emocional, que por sua vez alimenta ressentimentos e distanciamento.
Além disso, muitas mulheres enfrentam a dificuldade de expressar seu desejo — seja sexual, afetivo ou de limites — por medo de conflito ou abandono. A psicanálise entende que, quando o desejo é reprimido, ele retorna de outras formas: irritação constante, tristeza difusa, sintomas físicos, sensação de “não ser suficiente” ou “estar perdida”. A relação, então, deixa de ser um espaço de troca para se tornar um campo de tensão interna. Elaborar esses conteúdos em um processo terapêutico permite que ela reconheça seus padrões, recupere sua potência e passe a se posicionar de maneira mais autêntica e segura dentro da relação.