17/09/2022
Eu tenho uma opinião muito bem definida de que antes de abordarmos qualquer coisa sobre o Setembro Amarelo, precisamos mudar a forma como as pessoas em geral enxergam o comportamento su1c1da. Sou da época em que quando uma pessoa se su1c1dava na cidade, aquilo era motivo de muitos boatos sobre as “causas” que levaram o indivíduo a tirar a própria vida. Mas por que não acontece o mesmo quando a notícia era de morte por infarto? Porque a morte por infarto é uma morte com uma causa bem definida, ao passo que a morte por su1c1d1o sempre abre margem na cabeça das pessoas a elocubrações do que seria o motivo que levou a pessoa a fazer aquilo: Entrou em falência? Foi abandonado pela esposa? Perdeu tudo no jogo? Estava com uma doença grave?
Em primeiro lugar, precisamos retirar a responsabilidade do su1c1d1o de sobre a pessoa. Ninguém fala “Ele se infartou!”, então não há motivos para se falar “Ele se matou!” porque o su1c1d1o é decorrente, na maioria esmagadora dos casos, de uma doença cerebral que altera a percepção da pessoa sobre a existência e seu senso de auto-preservação. Muitas vezes também decorre de atitudes impulsivas que são provenientes de estados cerebrais desregulados. Então, colocado tudo isso, temos que mudar a maneira como culpabilizamos de forma injusta a pessoa que retirou a sua própria vida. Para a pessoa que se foi isso talvez não faça tanta diferença, mas para quem f**a é um grande alento saber que não foi a pessoa quem tomou essa decisão voluntariamente. Sempre haverá nos familiares que f**aram a culpa de poderem ter feito algo para evitar aquele desfecho, mas saber que a pessoa estava fora de si ajuda a entender e a deixar de colocar culpa em fatores que foram somente gatilhos. Não, a pessoa não se matou porque estava passando por necessidade financeira ou qualquer outro estressor, esse foi um gatilho que ao atuar em uma pessoa predisposta ativou uma desregulação cerebral que distorceu a realidade e levou ao trágico desfecho.
Créditos: https://www.facebook.com/drdiegotavarespsiquiatra.