05/12/2022
COMPORTAMENTO
DENTRO DO TEU CORAÇÃO QUERO FICAR
Elenir Souza
Nada é mais gratificante do que sermos correspondidos naquilo que damos para o outro- tanto no amor quanto nas amizades. Nem sempre acontece - é a triste constatação no nosso dia a dia. A correspondência mútua é a condição essencial para a qualidade das relações entre as pessoas.
Um dia desses ouvi de uma amiga: - Quero meu coração tranquilo - prefiro poucos amores, poucas amizades.
Pensei comigo mesma, e minhas intuições são claras, só não havia exposto, ainda, minha opinião: Nestes tempos, de agora, curtição, admiração e reconhecimento, o quanto são importantes para as pessoas.
Ocorre uma melhora na autoestima. O like na telinha se tornou prioridade, e como ficou fácil magoar o outro, ou se magoar com a indiferença do outro frente a uma postagem sua.
Colhi opinião de uma pessoa próxima a mim, que trabalha aqui em casa e está sempre de bom humor. Cozinha cantando, feliz da vida. Quando liga o exaustor é cantoria para todo lado. Ela falou assim: - Não ligo se não me curtem. Simplesmente deixo de curtir a pessoa.
Eu procuro ser gentil para com as pessoas, sou até benevolente demais, e nem sempre encontro respaldo. Pode, às vezes, ser por um problema da própria pessoa e não por minha causa.
A amizade é algo raro e precioso, muito, muito mais que o amor. O amor que sentimos geralmente é baseado na paixão. Algo bem tosco visto assim. Na amizade temos que ter incluída certa dose de amabilidade, atenção, dedicação, e uma dose especial de cautela e prudência.
A reciprocidade pode fazer diferença na vida das pessoas - dar e receber - não só nas redes sociais, mas, no contato pessoal com o outro. Sinto um deserto descampado de tanta falta de reciprocidade.
Não sei se é verdade ou mito, mas há pessoas que crescem um pouco na vida e já se põem no lugar de intocáveis. São arrogantes. Seria a ferida narcísica aberta? Busco ajuda na pop**ar expressão "Freud explica".
Vejo pessoas sofridas, desamparadas e com olhar compungido, olhando tristemente as nuvens da vida passarem.
Em silêncio no meu quarto, com minha escrita, ouço ao longe o cantar dos passarinhos, o rumorejar do vento nos galhos dos coqueirais, ao lado de minha janela, parecendo cochichar segredos, e me conformo.
Acredito que, se o ser humano, em esforço conjunto, fosse solidário para com o outro, responsivo em suas amizades, seria possível voltar a viver harmoniosamente, com correspondência mútua, tendo um espaço no coração do outro.
Soledade, 15 de novembro 2022