26/06/2022
Ter a palavra da poeta Adélia Prado, com exclusividade, foi um sonho alimentado por décadas. E de jeito muito torto, eis aqui realizado!
Fotos: arquivo pessoal via Ana Prado
“O mundo está sem alegria. A consciência poderá nascer dessa dor”
Onde anda Adélia Prado?
Divinópolis é uma cidade com pouco mais de 200 mil habitantes (240 mil, segundo o IBGE de 2020). Ali nasceu e vive uma autora brasileira de 86 anos cuja obra é recomendada a quem vai prestar vestibular na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por exemplo, considera “Bagagem”, da autora mineira, como leitura obrigatória). E cuja entrada no mercado editorial foi validada por ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade. E cuja obra foi tema do monólogo “Dona Doida: um Interlúdio”, encenado por Fernanda Montenegro,
Sem publicar nada desde 2013 (Miserere, pela Editora Record), Adélia continua despertando interesse. Assim é que a mesma editora publicou em dezembro de 2021 uma antologia da mineira: são quatro grandes obras daquela que é considerada uma das maiores poetas brasileiras da modernidade.
Durante a pandemia, Adélia Prado segue isolada e sem produção literária, mas fala disso com imensa tranquilidade, em entrevista exclusiva concedida através da filha Ana Prado, por escrito.
Até chegar a esta entrevista, há uma saga silenciosa desta jornalista: jornalista da imprensa escrita desde o final da década de 1980, entrevistar Adélia Prado era um sonho.
As tentativas incluíram contatos com a rádio de Divinópolis, com a editora de Adélia, com a vacilada gigantesca de não estar na cidade de Sorocaba (onde trabalho) no dia em que ela aqui esteve e assim por diante.
Mas eis que aparece uma luz: uma velha amiga tornou-se amiga de um dos grande amigos da filha de Adélia rsrsrs: Helena ---- Maria Teresa – Ivam – Ana Prado.
E Ana foi extremamente receptiva, mas atropelada pelo fato de que mora longe da mãe: Ana está em São Paulo; Adélia continua em Divinópolis. E a pandemia da Covid estabeleceu-se como uma queda de barreira na estrada. Filha e mãe ficaram tempos sem se ver.
Mas Ana alimentou minha esperança com generosidade, paciência e firmeza.
(Segue nos comentários)