Psicóloga Daniela Blatt

Psicóloga Daniela Blatt Psicóloga Clínica - atendimento 100% online.

Quando eu era criança, não conseguia compreender como os adultos podiam se reunir para saborear uma bebida quente e amar...
26/11/2025

Quando eu era criança, não conseguia compreender como os adultos podiam se reunir para saborear uma bebida quente e amarga. No entanto, eu desejava fazer parte daquele grupo, então o mate que tomávamos era adoçado com tanto açúcar que mal conseguíamos perceber o amargor.

Agora, como adulta, o chimarrão se tornou parte essencial do meu dia a dia. Inclusive, durante meus atendimentos, a cuia está sempre à mão.

Sob a perspectiva psicanalítica, o chimarrão evoca temas como vínculo, compartilhamento e afeto. Sua interpretação pode ser ligada ao simbolismo da oralidade: o ato de beber (sorver pela bomba) remete à fase mais primitiva do desenvolvimento humano, a fase oral. Essa prática está associada aos primeiros prazeres, à relação com o seio materno, evocando sentimentos de cuidado, segurança e conforto.

Além disso, o chimarrão nos remete ao vínculo social. A roda de chimarrão é um espaço de intimidade e partilha.

Para mim, o mais importante é que o chimarrão surge como uma metáfora para a importância da escuta e do acolhimento na clínica. Assim como na roda de mate é a cuia que circula, na clínica é preciso criar um espaço também seguro e afetivo para que as questões do sujeito possam circular e ser elaboradas.

Quando seguro a cuia, é como se estivesse te convidando a puxar o banquinho e compartilhar mais sobre aquilo que te aflige. Assim como o sabor amargo que hoje aceito com tranquilidade podemos relacionar isso à aceitação da realidade, que nem sempre é doce, mas que pode ser encarada coletivamente na roda.

“Toda a dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”🤍

Talvez cuidar das nossas feridas da infância seja o que mais tememos porque precisamos descortinar os perigos e vulnerab...
23/11/2025

Talvez cuidar das nossas feridas da infância seja o que mais tememos porque precisamos descortinar os perigos e vulnerabilidades as quais estivemos expostos. E isso pode doer, muito!

Algumas vezes, é preferível sustentar a negação, o não saber, porque onde supomos que houve somente amor, há também indícios de dor.

Como bem dito por Ferenczi, a falta de apreensão da nossa própria infância é o obstáculo maior que nos impede, enquanto adultos, de compreender as questões essenciais. Conseguir abrir mão da fantasia e sustentar o real daquilo que nos aconteceu costuma ser um portal que nos impulsiona à autonomia.

A infância é fase de total dependência e, por esse motivo, a criança só poderá ser de fato criança quando os pais forem adultos.
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Em estruturas familiares emocionalmente prejudicadas, as pessoas, desde a infância, são forçadas a cerrar seus olhos e o...
22/11/2025

Em estruturas familiares emocionalmente prejudicadas, as pessoas, desde a infância, são forçadas a cerrar seus olhos e ouvidos para aquilo que insiste em se revelar de outras formas e a todo momento. A imagem refletida no espelho vem carregada de ancestralidade. Por trás dela, há histórias feitas de muitas outras histórias, perpetuadas a cada nova geração.

O meio, no qual nascemos e crescemos, funciona como um espelho, refletindo imagens e formando subjetividade. Desejos, ideais, frustrações, dívidas morais e tantas outras percepções são repassadas antes mesmo de nascermos.

Um filho é gerado primeiramente no imaginário da família, e a ele são designados papéis que, na maioria das vezes, são um fardo pesado demais pra se carregar. Somos feitos de introjeções e identificações, mais do que pela palavra e a intenção de educar. Quer você queira ou não, faz parte de quem você é, hoje, a história de quem lhe precedeu.

Desvendar segredos, conhecer os fatos e reconhecer-se neles, dar ao passado o caráter de história é um processo delicado. Contudo, desconhecer o que diz respeito a nós mesmos pode deixar-nos em grande desvantagem.

Ao crescer em um ambiente onde você foi obrigado a não ver, não ouvir, a não fazer perguntas, a não buscar respostas e silenciar sobre fatos essenciais da existência, não se pode ir muito longe. Construir a própria identidade é também poder reconhecer é você e quem é quem são os outros refletidos no espelho.

Desvelar inclui respeito, deve ocorrer em clima de cuidado e delicadeza, favorecendo a elaboração de conflitos e a libertação interior. O ambiente terapêutico é ideal para se fazer essa travessia.

“O passado só passa quando a gente passa por ele” 🤍


A criança já existe antes mesmo de nascer. Ela é precedida pelo imaginário dos pais, pelo desejo daqueles que a antecede...
22/11/2025

A criança já existe antes mesmo de nascer. Ela é precedida pelo imaginário dos pais, pelo desejo daqueles que a antecedem. Para Freud, a maneira com a qual a criança é recebida pelos pais tem fundamental importância. A grande ameaça que paira sobre ela - Freud repete isso ao longo de suas obras - é a perda de amor.

Quando um bebê chega ao mundo, antes mesmo de
“ser”, ele é contado pelas figuras de cuidado. Aquele que desempenha a função materna é quem decodifica as necessidades da criança, dando nome e significado aquilo que o rodeia.

Uma criatura viva só é tida como criança se possuir algum valor para outro ser. Sem relação com o outro não há lugar para o sujeito. Dar vida não é o mesmo que dar existência. É tão somente a mediação pelo olhar do outro que lhe confere uma imagem.

No filme Frankeinstein, ao dar vida à criatura, Victor tenta ocupar o lugar da mãe morta. O desejo de onipotência e de triunfo sobre a perda traumática faz com que ele brinque de ser Deus, o símbolo máximo de poder.

O primeiro contato da criatura com o criador é uma experiência inaugural. A criatura não existe enquanto sujeito, ela se espelha no seu semelhante. Reproduz gestos e linguagem, tenta interpretar sinais, mas tudo de forma rudimentar.

A primeira palavra, Victor, carrega um profundo afeto e, assim como um bebê se sente unido à mãe, Frankenstein encontra nessa palavra e na expressão corporal associada o verdadeiro sentido de existir.
A linguagem se manifesta de maneira especial nas suas formas não verbais, como melodia, silêncio, mímicas, gestos e comunicação visual. Frankeinstein requer atenção, assim como uma criança, mas sua existência depende do desejo narcísico de seu criador.
Aqui, não há espaço para a conexão, mas sim para o desconforto: de desejado, torna-se rejeitado, passando do tudo ao nada. Frankeinstein não procura um pai, mas alguém que exerça a função materna, simbiótica; ele anseia pelo reconhecimento daquele que lhe deu vida, que brincou de Deus e que não deseja mais a sua própria criação. 🤍


A criança já existe antes mesmo de nascer. Ela é precedida pelo imaginário dos pais, pelo desejo daqueles que a antecede...
22/11/2025

A criança já existe antes mesmo de nascer. Ela é precedida pelo imaginário dos pais, pelo desejo daqueles que a antecedem. Para Freud, a maneira com a qual a criança é recebida pelos pais tem fundamental importância. A grande ameaça que paira sobre ela - Freud repete isso ao longo de suas obras - é a perda do amor.

Quando um bebê chega ao mundo, antes mesmo de “ser”, ele é contado pelas figuras de cuidado. Aquele que desempenha a função materna é quem decodifica as necessidades da criança, dando nome e significado àquilo que o rodeia.

Uma criatura viva só é tida como criança se possuir algum valor para outro ser. Sem relação com o outro não há lugar para o sujeito. Dar vida não é o mesmo que dar existência. É tão somente a mediação pelo olhar do outro que lhe confere uma imagem.

No filme Frankeinstein, ao dar vida à criatura, Victor tenta ocupar o lugar da mãe morta. O desejo de onipotência e de triunfo sobre a perda traumática faz com que ele brinque de ser Deus, o símbolo máximo de poder.

O primeiro contato da criatura com o criador é uma experiência inaugural. A criatura não existe enquanto sujeito, ela se espelha no seu semelhante. Reproduz gestos e linguagem, tenta interpretar sinais, mas tudo de forma rudimentar.

A primeira palavra, Victor, carrega um profundo afeto e, assim como um bebê se sente unido à mãe, Frankenstein encontra nessa palavra e na expressão corporal associada o verdadeiro sentido de existir.

A linguagem se manifesta de maneira especial nas suas formas não verbais, como melodia, silêncio, mímicas, gestos e comunicação visual. Frankeinstein requer atenção, assim como uma criança, mas sua existência depende do desejo narcísico de seu criador.

Aqui, não há espaço para a conexão, mas sim para o desconforto: de desejado, torna-se rejeitado, passando do tudo ao nada. Frankeinstein não procura um pai, mas alguém que exerça a função materna, simbiótica; ele anseia pelo reconhecimento daquele que lhe deu vida, que brincou de Deus e que não deseja mais a sua própria criação.

O primeiro ensaio fotográfico profissional tinha que ser com a minha equipe 🥹🤏🏼🤍 eu não tenho palavras para tamanha sens...
16/11/2025

O primeiro ensaio fotográfico profissional tinha que ser com a minha equipe 🥹🤏🏼🤍

eu não tenho palavras para tamanha sensibilidade! Me ver pelos seus olhos é incrível 🤩

Gente, me aguentem que vem enxurrada de foto por aqui 📸

A relação com a alimentação começa nos primeiros momentos de vida e é central para o desenvolvimento psíquico. O vínculo...
08/11/2025

A relação com a alimentação começa nos primeiros momentos de vida e é central para o desenvolvimento psíquico.

O vínculo inicial entre mãe/cuidador e bebê, mediado pela amamentação (ou alimentação), não se trata apenas de saciar a fome, mas de estabelecer um contato afetivo e simbólico. É a partir dessa interação que se formam as bases para a relação futura do indivíduo com a comida e com o outro.

Crianças sentem raiva, mas raramente a cultura familiar estimula a expressão dessa emoção. Com isso, ela se vê obrigada ...
02/11/2025

Crianças sentem raiva, mas raramente a cultura familiar estimula a expressão dessa emoção. Com isso, ela se vê obrigada a suprimir seus sentimentos “negativos” Contudo, isso não os faz desaparecer, ao contrário, isso aumenta a excitação e o sujeito se torna uma bomba relógio.

Esse é o principal motivo das explosões de raiva na vida adulta: de tanto conter o que sentia na fase de total dependência acaba despejando nos outros uma agressividade que não pode ser entregue ao verdadeiro destinatário.

A agressão reprimida pode ficar armazenada por anos até que encontre uma saída relativamente segura. Em crianças, muitas vezes, é liberada sobre seus colegas de grupo, ao invés dos pais, que seriam os verdadeiros destinatários. Isso faz com que sejamos reativos com pessoas e ambientes de forma exacerbada, que não condiz com a realidade.

São as feridas da infância se atualizando na vida adulta, buscando uma saída para as emoções que não foram reguladas por um cuidador responsivo.

Quando o amor falta, na medida de um ideal narcísico infantil, a pessoa vulnerável à depressão se deprime. Odeia aquele ...
28/10/2025

Quando o amor falta, na medida de um ideal narcísico infantil, a pessoa vulnerável à depressão se deprime. Odeia aquele que o decepcionou e odeia a si mesmo por se sentir despojado de um lugar de “superpoder”.

Importante destacar que esse é apenas um recorte de como se estrutura um quadro depressivo cujo pano de fundo é a ferida narcísica, que TODOS nós carregamos, alguns mais, outro menos.

Crianças que sofreram traumas psíquicos violentos (abandono, morte de um ente querido, afastamento de um genitor divorciado, rejeição dos pais, maus-tratos físicos ou psicológico, abuso sex*al, entre outros) estão mais vulneráveis à depressão do que aquelas que sofreram traumas não tão abruptos e que foram acolhidas no momento traumático.

No processo analítico, especificamente nas entrevistas preliminares, costumamos analisar toda a dinâmica familiar - inclusive aquilo que antecedeu à chegada da criança/paciente. O sujeito adulto se constitui enquanto personalidade, defesas e estrutura em fase primária do desenvolvimento- especialmente dos 0 aos 6 anos. Mergulhar na história de vida do paciente é o que permite ao profissional lançar luz em lugares obscuros da mente que passam a ser pontos importantes de elaboração psíquica.

Todo o sintoma traz consigo uma história, se apropriar dela é o que possibilita autonomia para escrever uma nova.🤍

A ideia de família é expressa por uma infinidade de imagens, como casa, lar e ninho, quase sempre associadas à proteção,...
25/10/2025

A ideia de família é expressa por uma infinidade de imagens, como casa, lar e ninho, quase sempre associadas à proteção, aconchego, calor e alegrias compartilhadas.

Na prática porém, muitas famílias seriam melhores representadas por uma prisão, uma vez que suas leis são intransigentes e limitadoras, e seus laços transformam-se em nó.

Você já se questionou o quanto a sua família influência nas suas escolhas, mesmo que de forma inconsciente? Quantas vezes você deixou de fazer algo ou se sentiu inadequado como quem aguarda pela reprovação de alguém?

O contexto familiar tanto cura quanto adoece. Não podemos continuar idealizando um ambiente baseado em preceitos morais e culturais.

É preciso liberdade para ser quem a gente é, e isso inclui bancar o preço pelas nossas escolhas.🤍



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