30/11/2025
Miriam carregou dentro de si, desde a morte do pai, um rancor silencioso — mas feroz — em relação à figura masculina. Esse vazio não acolhido moldou sua força de um jeito torto: transformou-a numa mulher que precisa resistir ao masculino para sobreviver. Por isso ela evita o casamento, confronta homens ameaçadores e assume uma postura de competição constante, como se precisasse provar que ocupa o mesmo lugar de poder que eles.
Na cena de Os Dez Mandamentos, vemos Miriam frente ao supervisor de obras egípcio. Ela não apenas responde — ela ataca. Suas palavras são afiadas, rápidas, carregadas de acidez. O olhar é duro, quase incendiado de ódio. O queixo erguido, o corpo em alerta. Ali, o feminino ferido veste uma armadura masculina para não sucumbir à vulnerabilidade que tanto teme.
E você?
Quantas vezes percebe essa raiva silenciosa — ou escancarada — quando está diante de figuras masculinas? Quantas vezes sente que precisa enfrentá-los, desqualificá-los ou provar que não depende de nenhum deles?
Essa dor não fala de força. Fala de proteção.
É o feminino machucado, que aprendeu a sobreviver ocupando o lugar do masculino porque, em algum momento, não se sentiu segura. É o corpo dizendo: “Se eu me armar, não serei ferida de novo.”
Mas não se trata de precisar de um homem. Trata-se de permitir.
Permitir que o masculino saudável exista na sua vida.
Permitir que uma presença firme e amorosa se aproxime.
Permitir ser vista sem medo de ser dominada.
O problema é que, quando vibramos na energia da raiva e da desconfiança, atraímos exatamente o tipo de homem que confirma nossas feridas: os controladores, os abusivos, os que entram no campo de batalha que oferecemos. A mente, acostumada com o perigo, só reconhece mais do mesmo — e ignora o que poderia ser bom, terno e seguro.
E então a história se repete.
De novo.
E de novo.
Até que você decida olhar para dentro e transformar esse padrão.
Você conhece alguém assim?
Ou sente que essa história toca algo aí dentro?
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