27/11/2025
Às vezes sinto que a maternidade pesa como um céu inteiro prestes a desabar.
Minha bebê, com seus quase quatro meses, está tão agarrada a mim, que parece que meu corpo virou tudo que ela conhece: porto, aconchego, descanso.
E eu a amo com toda a minha alma, mas estou cansada.
Cansada de ser tudo, de não ter tempo nem para respirar.
Ela exige tanto de mim…
e ao mesmo tempo, quando encosta o rostinho no meu peito, eu entendo:
eu sou o lugar onde o mundo dela não desmorona.
Eu sou o cheiro que acalma, o toque que ela procura no escuro, o pedaço do mundo que ela reconhece como lar.
E isso me emociona… mas também me pesa.
Porque eu também preciso de colo.
Também preciso de silêncio.
Também preciso existir além da exaustão.
Mas sigo aqui.
Mesmo cansada, mesmo perdida às vezes, mesmo pedindo um minuto de paz.
Eu sigo, porque esse amor inexplicável me empurra.
E, no fundo, eu sei: estou fazendo algo enorme, mesmo quando parece tão difícil.
Tem horas que penso que não vou dar conta…
e, de alguma forma, dou.
Tem momentos em que acho que vou desabar…
mas me levanto outra vez.
E percebo que a maternidade é isso: força e fragilidade misturadas.
Eu sei que vai chegar o dia em que ela, hoje tão grudada, vai soltar meus dedos e correr atrás do próprio mundo.
E quando isso acontecer, eu vou lembrar desse caos suave, desse cansaço cheio de amor, e perceber que tudo isso que hoje parece infinito era só um instante.
Então eu respiro.
Respiro fundo e deixo o amor me guiar.
Porque eu sou, sim, a mãe certa para ela.
E mesmo exausta, continuo sendo o coração que ensina o dela a bater.