09/12/2019
“- Durma-se com um barulho desses”- disse o inconsciente!
Uma beleza de texto! ✍🏻
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A maior demência que vive o sujeito pós-moderno, é tentar a todo custo resolver os paradoxos que a vida implica. Quanto mais desejarmos saber o material que é feito um paradoxo, muito mais distante estaremos a compreender o seu valor para a vida.
O amor é um desses paradoxos. Acho cruel os infinitos deboches que se procriam em infinitas explosões de pixels, que amar é besteira, que ter interesse pelo outro é sinal de fraqueza. Qual a razão para frases e atitudes tão intolerantes quanto essas?
O importante no amor não é ser apenas amado, ou amar. Mas o que fazemos desse amor para além dessa colisão, disso que muitas vezes causa tontura, pequenas acelerações dos batimentos cardíacos que pode ser regular ou irregular e que descobrimos que podemos quase chegar ao epicentro de uma loucura.
Estamos sempre a procura de um culpado pelo amor não correspondido, pela vida fora dos trilhos, pela injustiça que assombra os sonhos e desejos de uma vida um pouco menos conturbada. É por não aprendermos a baixar a guarda, descer alguns degraus para ajudar os que não conseguem alcançar, por acreditar num sonho americano falho e deprimente que vamos adoecendo dia a dia, colocando fé num deus ou numa mistura química comprimida que jamais poderam nos salvar da condição simbólica de sermos quem somos.
A análise é o pior lugar para se estar quando desejamos grudar no primeiro bonde de ilusões. Uma análise nos convoca a olhar e ouvir as palavras que usamos para dizer dos outros que falam mais de nós do que podemos imaginar. Até uma mentira bem contada, pode contar muito sobre quem somos e de que lugar gozamos a vida.