Claudiana Correntino - Psicóloga

Claudiana Correntino - Psicóloga Em análise não se ouve: “eu também passei por isso”, mas sim “fale-me mais sobre a tua angústia.

A pergunta inicial de um psicólogo, como “Como foi a sua semana?”, pode parecer uma simples formalidade ou uma tentativa...
08/12/2025

A pergunta inicial de um psicólogo, como “Como foi a sua semana?”, pode parecer uma simples formalidade ou uma tentativa de estabelecer um rapport amigável. Contudo, em um contexto orientado pela psicanálise, essa questão serve a um propósito muito mais específico e técnico. O objetivo principal dessa abertura é facilitar o início da associação livre, o método fundamental da técnica psicanalítica.
Ao fazer uma pergunta aberta e cotidiana, o psicólogo convida o paciente a começar a falar sobre qualquer coisa que lhe venha à mente, sem censura, lógica estrita ou preocupação com a relevância aparente. O dia a dia é um ponto de partida neutro e acessível. A psicanálise compreende que, mesmo em um relato aparentemente factual sobre o dia, o paciente inevitavelmente mobilizará afetos, memórias e representações inconscientes. O modo como a pessoa escolhe narrar o dia, os detalhes que enfatiza ou omite, as emoções que manifesta ao longo do relato, e até mesmo os lapsos de memória ou atos falhos que ocorrem nessa narrativa inicial, são preciosos indícios para o trabalho analítico.
Portanto, o “Como foi a sua semana?” é menos uma pergunta sobre a agenda do paciente e mais um convite silencioso para que o inconsciente comece a se manifestar por meio do discurso espontâneo e da livre divagação. O foco não está na resposta em si, mas na maneira como a resposta é construída, permitindo que a cadeia associativa se desenrole em direção aos temas centrais da experiência psíquica do analisando.

A Psicanálise, método de investigação da mente humana e abordagem terapêutica criada por Sigmund Freud, oferece um camin...
04/12/2025

A Psicanálise, método de investigação da mente humana e abordagem terapêutica criada por Sigmund Freud, oferece um caminho singular para a compreensão de nós mesmos, destacando-se como uma ferramenta crucial para a saúde mental no mundo contemporâneo. Vivemos em uma sociedade que exige performance constante e muitas vezes nos distancia de nossa vida interior, gerando angústia e mal-estar.
Fazer a terapia psicanalítica é essencial porque ela ajuda a descobrir a raiz dos problemas. Sabe quando você se sente ansioso, triste ou repete os mesmos erros? A Psicanálise auxilia a encontrar as causas reais desses sentimentos e comportamentos, que muitas vezes estão escondidas em experiências antigas, principalmente da infância.
Quando entendemos por que agimos de certa forma, conseguimos parar de repetir os ciclos ruins (aqueles padrões que sempre se repetem) e mudar o roteiro da nossa vida. A terapia cria um lugar seguro onde você pode falar livremente, promovendo uma maior consciência. O terapeuta te escuta e te ajuda a dar nome e sentido às coisas que te causam sofrimento, o que aumenta seu autoconhecimento.
Ao entender melhor quem você é, você passa a ter mais liberdade sobre suas escolhas e lida melhor com as dificuldades da vida. É um processo de amadurecimento que traz mais qualidade de vida e bem-estar.
Em resumo: A Psicanálise é uma jornada para dentro de si mesmo que transforma sofrimento em entendimento, permitindo que você viva de forma mais plena e autêntica.

A transferência é, talvez, um dos conceitos mais dinâmicos e difíceis de apreender da psicanálise. Ela se manifesta como...
03/12/2025

A transferência é, talvez, um dos conceitos mais dinâmicos e difíceis de apreender da psicanálise. Ela se manifesta como a repetição inevitável e inconsciente de padrões afetivos, expectativas e formas de relacionamento desenvolvidas na infância, geralmente em relação às figuras parentais, que são projetadas e vivenciadas novamente em um novo relacionamento.
Na clínica analítica, a transferência é o motor do processo. O analisando não apenas fala de sua história, mas a revive e a encena na relação com o analista. Os sentimentos intensos que surgem, sejam eles de amor, ódio, dependência ou resistência, não se dirigem à pessoa do analista como ele é no presente, mas sim como um substituto das figuras primárias do passado. É a oportunidade de revisitar e elaborar aquilo que ficou “congelado” no tempo.
Contudo, a transferência não se restringe ao divã. Ela permeia a vida cotidiana, embora com menor intensidade de análise. Quando nos deparamos com uma reação desproporcional a um chefe, a um parceiro ou a um amigo, há uma grande chance de estarmos repetindo uma dinâmica afetiva que tem suas raízes em relações antigas. A transferência, portanto, é a prova de que o passado, para o inconsciente, não é algo superado, mas sim um presente eternamente revivido.
A função da análise é transformar essa repetição em elaboração, permitindo que o sujeito se aproprie de sua história e possa construir relações no presente que não sejam apenas ecos do passado.

Existe um profundo paradoxo na vida social: ao mesmo tempo em que buscamos nos destacar, dedicamos uma enorme energia pa...
02/12/2025

Existe um profundo paradoxo na vida social: ao mesmo tempo em que buscamos nos destacar, dedicamos uma enorme energia para garantir que pertencemos. A singularidade aquilo que nos torna radicalmente diferentes de qualquer outra pessoa é o nosso maior poder e, ironicamente, a nossa maior fonte de angústia.
A singularidade exige uma renúncia silenciosa: a renúncia ao conforto da identificação massificada. Ela nos coloca no lugar de sermos incompreendidos, pois aquilo que o “mundo do outro” se nega a reconhecer é precisamente o que nos define de forma única. É por isso que, muitas vezes, nos esforçamos para ser “menos”. Menos intensos, menos questionadores, menos visíveis.
Essa luta contra o próprio ser se manifesta como o medo de sermos “demais” para um ambiente, um relacionamento ou até mesmo para a nossa própria vida. O preço de tentar caber é o de nos encaixotarmos em identidades padronizadas, perdendo a força criativa e vital que apenas a nossa diferença pode oferecer.
Reconhecer a singularidade não é um ato de isolamento, mas de coragem. É aceitar a responsabilidade de ser quem se é, ainda que isso signifique desafiar o desejo de pertencimento a qualquer custo. Somente ao abraçarmos essa diferença podemos sair do lugar da mera existência e, de fato, ocupar nosso lugar no mundo.

Na psicanálise, a culpa não nasce apenas do que fizemos…Ela nasce, sobretudo, daquilo que negamos em nós mesmos.Quando c...
28/11/2025

Na psicanálise, a culpa não nasce apenas do que fizemos…
Ela nasce, sobretudo, daquilo que negamos em nós mesmos.

Quando cedemos do nosso desejo, quando silenciamos aquilo que pulsa, quando deixamos de nos escolher, quando nos adaptamos demais, criamos um vazio interno que mais tarde se transforma em ressentimento, angústia e sensação de perda.

Ceder do desejo é abrir mão da própria história.
É abandonar a verdade singular que nos habita.
É colocar o Outro no centro da nossa vida e desaparecer um pouco de nós.

Lacan já dizia:
“A única culpa verdadeira é a de ter cedido de seu desejo.”
Porque é o desejo que dá direção, vitalidade e sentido.
É o que nos move, nos impulsiona, nos diferencia.

Quando você deixa seu desejo para depois, sempre sobra uma pergunta dolorosa:
“E se eu tivesse me escutado?”

📍Para a psicanálise, o desejo é a força inconsciente que nos move, marcada pela falta, sempre apontando para algo que nunca se satisfaz por completo.

Muitas vezes, buscamos no outro apenas o eco da nossa própria voz. Quando desabafamos com um amigo, o pacto implícito é ...
25/11/2025

Muitas vezes, buscamos no outro apenas o eco da nossa própria voz. Quando desabafamos com um amigo, o pacto implícito é o do acolhimento. O amigo, por afeto ou identificação, tende a validar a nossa queixa, concordar com a nossa dor e, não raro, oferecer conselhos baseados na própria visão de mundo.
Esse movimento gera um alívio imediato, uma espécie de descarga de angústia que nos faz sentir compreendidos e menos sós. No entanto, é preciso não confundir esse alívio passageiro com elaboração psíquica.
Na análise, a escuta opera em uma frequência distinta. O analista não ocupa o lugar do semelhante que concorda ou conforta. A função da análise não é apaziguar o conflito, mas interrogá-lo. Enquanto o amigo tende a preencher o silêncio e oferecer respostas, o analista devolve ao sujeito a responsabilidade sobre aquilo que é dito.
A diferença fundamental reside na direção do discurso. O desabafo serve para confirmar quem acreditamos ser e reafirmar nossas certezas sobre a injustiça do outro. A análise caminha no sentido oposto: ela visa questionar essas certezas e apontar as contradições.
O amigo pode dizer que você tem razão. A análise pergunta qual é a sua implicação na desordem de que você se queixa. Desabafar esvazia o copo momentaneamente, mas não investiga a fonte que insiste em enchê-lo novamente. Elaborar exige a coragem de escutar, na própria fala, aquilo que desconhecemos sobre nós mesmos.

Para Lacan, a linguagem vai muito além de um simples meio de comunicação: ela é a estrutura fundamental que constrói que...
24/11/2025

Para Lacan, a linguagem vai muito além de um simples meio de comunicação: ela é a estrutura fundamental que constrói quem nós somos.
O ponto chave é a Grande Diferença que ele estabelece na forma como usamos as palavras, dividindo-as em dois grupos:
1. Palavras Concretas (Objetos Reais): Pense em exemplos como Árvore, Carro, Copo. Estas são palavras que quase todo mundo consegue visualizar e concordar com o que são, pois se referem a objetos que podemos tocar ou ver. Em termos lacanianos, embora o significado final de “carro” para você possa ser pessoal (liberdade, status, ou até um acidente), a referência inicial do objeto é a mesma para todos. A palavra concreta nos conecta ao mundo.
2. Palavras Abstratas (Ideias e Sentimentos): Aqui entram exemplos como Amor, Felicidade, Angústia, Justiça. Estas palavras não têm um objeto físico para apontar. O significado é totalmente pessoal e depende exclusivamente da sua história de vida. Para Lacan, o seu “Amor” é o resultado de todas as suas experiências, sonhos e faltas; e o meu é o resultado das minhas. A palavra abstrata é como um recipiente vazio que cada um preenche com a sua história particular, e é justamente neste tipo de palavra que o inconsciente mais se revela. A palavra abstrata nos conecta ao nosso inconsciente.
É por isso que a Escuta do Analista lacaniano é tão atenta. Se um paciente diz “Eu quero um carro novo” (concreto), o foco da análise pode estar na sua ambição ou necessidade mundana. No entanto, se o paciente diz “Eu busco a felicidade” (abstrato), o analista sabe que o que ele chama de “felicidade” é uma invenção única dele. Nesse contexto, a palavra abstrata se torna a chave principal para entender seus desejos mais profundos e suas faltas.

O Dia da Consciência Negra, 20 de Novembro, é um marco fundamental para celebrar a resistência, a cultura e a história d...
20/11/2025

O Dia da Consciência Negra, 20 de Novembro, é um marco fundamental para celebrar a resistência, a cultura e a história do povo negro no Brasil. Mas é também um dia crucial para lançarmos um olhar atento e empático para uma questão vital: a Saúde Mental da População Preta.
O racismo não é apenas uma questão social; ele é um fator de adoecimento psíquico profundo. A exposição contínua a:
• Discriminação e Preconceito: Desde as microagressões diárias até as violências explícitas.
• Desigualdade Socioeconômica: Que impacta diretamente o acesso a direitos básicos e oportunidades.
• Falta de Representatividade e Acolhimento: Especialmente em espaços de saúde e poder.
Tudo isso impõe uma carga psíquica pesada, contribuindo para maiores índices de ansiedade, depressão e, lamentavelmente, de risco de suicídio entre jovens negros.
👉🏽 Racismo Estrutural é Trauma: As experiências de racismo são traumas que se acumulam e afetam a autoestima, o sentimento de pertencimento e a visão de futuro.
• Acesso e Acolhimento: É urgente garantir o acesso a serviços de saúde mental de qualidade, com profissionais que tenham formação para entender o impacto das relações étnico-raciais no sofrimento psíquico.
• Representatividade Cura: Psicólogos e terapeutas negros são essenciais para oferecer um espaço de escuta e cuidado que reconhece e valida a vivência racial.
✊🏽É Tempo de Ação Antirracista e de Cuidado!
A luta por Consciência Negra é intrinsecamente ligada à luta pela saúde mental. Não há justiça social sem saúde mental plena para todos.
O que podemos fazer?
1. Promover a Escuta: Crie e participe de redes de apoio que acolham as vivências e dores da população negra.
2. Combater o Racismo: Denuncie e desconstrua o racismo em todos os espaços. O antirracismo é um ato de cuidado.
3. Incentivar o Cuidado: Fale abertamente sobre saúde mental e incentive a busca por terapia, preferencialmente com profissionais que pratiquem a Psicologia Preta e racializada.
Neste 20 de Novembro, que a nossa Consciência Negra se traduza em ações concretas de respeito, valorização e cuidado integral com a vida e a mente da população negra.

Quando a mente atinge seu limite diante de experiências de grande peso ou trauma, o corpo, frequentemente, assume o pape...
19/11/2025

Quando a mente atinge seu limite diante de experiências de grande peso ou trauma, o corpo, frequentemente, assume o papel de porta-voz. Na psicanálise, compreendemos que o sintoma físico ou o adoecimento inesperado pode ser a somatização de um conflito psíquico que não encontrou via de expressão ou elaboração consciente.
O excesso, a pressão não reconhecida ou a dor emocional reprimida buscam uma forma de se manifestar e, na ausência de palavras, eles se inscrevem na carne. O corpo se torna, então, o palco onde o inconsciente, através de um “ato falho” somático, tenta comunicar aquilo que a consciência insiste em silenciar ou negar. É um chamado urgente para olhar para dentro, para a história não contada e para o sofrimento que clama por escuta e reconhecimento.
É crucial entender esse momento não como um contratempo, mas como um sinal de inteligência psíquica: o organismo está tentando se proteger e reequilibrar, forçando uma pausa ou um desvio que permite ao indivíduo processar o que, até então, era intolerável de enfrentar.

A experiência humana frequentemente nos coloca diante do desafio de dar sentido ao mundo. Para muitos, no entanto, essa ...
17/11/2025

A experiência humana frequentemente nos coloca diante do desafio de dar sentido ao mundo. Para muitos, no entanto, essa busca se torna um fardo, uma verdadeira sobrecarga interpretativa que intensifica o sofrimento psíquico.
Em vez de uma vida vivida, há uma vida analisada em excesso. Cada gesto, cada palavra e cada acontecimento é submetido a um rigoroso escrutínio, na tentativa de desvendar a “verdade” oculta ou a intenção não dita. Esse mecanismo faz com que a realidade concreta seja constantemente obscurecida por uma teia de simbolismos e conjecturas.
O indivíduo se sente compelido a encontrar explicações profundas para o que pode ser puramente fortuito ou superficial. Essa compulsão por significação gera um estado de dúvida e hesitação perpétuas, dificultando a tomada de decisões e a ação. Afinal, se tudo pode ter um significado complexo e arriscado, o mais seguro parece ser não se mover.
O alívio, muitas vezes, reside em desarmar essa armadilha do sentido, aceitando que a vida não precisa de uma hermenêutica constante. O sofrimento neurótico, nesse contexto, não é uma falta de sentido, mas sim um esgotamento provocado pela hiperprodução de significados que aprisionam a experiência.

Um bom analista entende que a complexidade humana vai além de um rótulo.O foco não é a obsessão em classificar, mas sim ...
14/11/2025

Um bom analista entende que a complexidade humana vai além de um rótulo.
O foco não é a obsessão em classificar, mas sim a compreensão aprofundada e singular de cada indivíduo.
A verdadeira análise se constrói na escuta atenta, na curiosidade genuína e na busca pelo sentido que emerge da história de vida do analisando, e não na pressa de encaixá-lo em uma categoria pronta.
Priorize a jornada de autoconhecimento, não apenas o destino.

Sabe quando você tenta dizer uma coisa, mas a palavra que sai é outra completamente diferente? Troca o nome de alguém, i...
13/11/2025

Sabe quando você tenta dizer uma coisa, mas a palavra que sai é outra completamente diferente? Troca o nome de alguém, inverte uma sílaba em um momento crucial, ou até mesmo diz “sim” quando queria dizer “não”?
Isso não é só distração. Isso é um Lapso.
Para a Psicanálise (e para Freud), esses “atos falhos” são a Estrada Real que o inconsciente usa para invadir a sua fala. É como se a verdade que você tenta guardar à sete chaves achasse uma fresta para escapar.
O seu Lapso de Linguagem sempre tem um sentido. Ele é o resultado de uma briga interna:
1. A Intenção Consciente: O que você queria dizer.
2. O Desejo Inconsciente: O que realmente está te incomodando ou mobilizando.
A palavra equivocada que surge é um compromisso entre essas duas forças. Ela desmascara um desejo reprimido, um conflito não resolvido, ou até mesmo uma hostilidade que você não se permite expressar abertamente.
O Lapso mostra que, na verdade, você não é o único dono da sua fala. O Inconsciente é um parceiro que fala por debaixo da sua voz.

Endereço

Rua Eduardo Marquez, 756./B. Martins Clínica Arvorecer
Uberlândia, MG
38400442

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