26/07/2025
TEMA: “Com quem estou falando?
"O adulto ferido e os ecos da infância”
Às vezes, diante de uma conversa difícil, de uma reação exagerada ou de um silêncio repentino, é preciso parar e se perguntar: com quem estou falando? O que os olhos veem é um adulto, alguém com barba feita, diploma, conta para pagar, decisões para tomar… Mas o que responde, muitas vezes, é uma criança assustada, ressentida, abandonada. Uma parte que ficou congelada no tempo, dentro de uma história mal resolvida.
É comum que adultos reajam de forma desproporcional a situações simples. Uma crítica causa fúria. Um não provoca abandono. Um elogio desperta desconfiança. Essas reações, aparentemente “sem sentido”, têm um sentido oculto: elas são frutos de tramas emocionais vividas no passado — principalmente na infância. Lá onde tudo começou. É ali que as marcas profundas são deixadas. É ali que o medo, muitas vezes, se instala.
O medo não nasce do agora. Ele é uma herança emocional. Um acúmulo de experiências onde, ao invés de acolhimento, houve rejeição. Onde, ao invés de segurança, houve incerteza. Onde, ao invés de presença, houve abandono — físico ou emocional. A criança, sem estrutura para compreender o que vive, registra esses momentos como verdades absolutas. E como a mente não esquece o que o coração não curou, essas feridas seguem conosco, escondidas em camadas internas, esperando o momento certo para se manifestar.
E quando elas se manifestam, vêm através dos chamados gatilhos emocionais. Um gatilho é um estímulo presente que acessa uma dor antiga. É uma ponte invisível entre o agora e o antes. Pode ser o tom de voz de alguém, o jeito como uma pessoa se afasta, um olhar indiferente, a sensação de não ser ouvido ou respeitado. São eventos pequenos, mas que tocam em lugares profundos. E, sem perceber, o adulto desaparece e a criança entra em cena.
A dificuldade é que, geralmente, nem quem reage percebe que está agindo movido pela dor do passado. E quem está do outro lado, muitas vezes, tenta dialogar com o adulto, mas é ignorado, agredido, ou afastado, porque quem assumiu o controle naquele momento foi a criança ferida. E uma criança ferida não negocia, ela se protege. Ela não argumenta, ela ataca ou se fecha. Por isso o relacionamento entra em colapso, os diálogos falham, e as mágoas se multiplicam.
Esse processo é inconsciente. Mas não é invisível para quem começa a se observar. O autoconhecimento é a chave que revela esses mecanismos ocultos. Quando começamos a investigar as nossas reações mais intensas, quando paramos de justif**ar tudo com “é só meu jeito”, e passamos a perguntar “por que eu sou assim?”, um novo horizonte começa a se abrir. Descobrimos que, por trás de muitos comportamentos, há uma dor não curada. Uma perda, uma ausência, uma palavra que feriu, uma expectativa frustrada.
A grande armadilha é viver a vida inteira acreditando que isso é normal. Que você é explosivo por natureza. Que é ciumento porque ama demais. Que é inseguro porque os outros não te valorizam. Quando, na verdade, você pode estar apenas repetindo padrões que nasceram lá atrás. E padrões repetidos não são destino — são sinais de que algo precisa ser olhado.
É por isso que, vez ou outra, é necessário se perguntar — com brutal honestidade: “com quem estou falando agora?” E mais ainda: “quem está reagindo em mim neste momento?” Porque, muitas vezes, a dor que você sente hoje não é do agora, mas de quando você tinha cinco, sete ou doze anos. E ninguém percebeu. Ninguém acolheu. Ninguém explicou.
Mas agora você cresceu. E talvez tenha chegado a hora de fazer aquilo que ninguém fez por você: olhar para dentro, ouvir essa criança e oferecer a ela o que ela não teve. Não espere que os outros façam isso. Esse papel é seu. Só o adulto que você se tornou pode resgatar a criança que você foi.
Então, se esse texto falou com você, se despertou algo aí dentro, se doeu em algum ponto, encare isso como um chamado. Não ignore. Não fuja. Não diga “depois eu penso nisso”. A sua cura começa no instante em que você aceita olhar com coragem para aquilo que vem tentando esquecer. Reconheça os gatilhos. Honre sua história. E se responsabilize por aquilo que sente. Porque só você pode ensinar a sua criança interior que ela está segura agora — que não precisa mais gritar, se esconder, explodir ou fugir.
Você é o adulto agora.
Você tem o poder de mudar a narrativa.
Mas isso só acontece quando você tem a coragem de perguntar:
“Com quem estou falando?”
E, acima de tudo, a coragem de ouvir a resposta.
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