15/05/2017
Depressão: sinais de alerta e como ajudar
Ao longo da vida experimentamos momentos de maior euforia e também momentos de maior tristeza, estes “altos” e “baixos” fazem parte do nosso fluxo normal de vida. Vivenciar apenas um destes polos é digno de nossa atenção por poder caracterizar uma patologia. A prevalência de “baixos” é comumente associada à depressão.
Como saber então se estamos vivenciando (ou presenciando) um quadro depressivo?
1. Os “baixos” observados não podem ser melhor explicados por alguma situação específica, como por exemplo a morte recente de uma pessoa querida.
2. Pessoas deprimidas não necessariamente são pessoas que nunca conseguem realizar suas atividades. É comum, no entanto, o relato de um esforço maior para realizar atividades.
3. O diagnóstico de depressão pode ser feito por um clínico experiente que identificará dentre os sintomas relatados pelo paciente aqueles que se apresentam com intensidade e duração característicos: irritabilidade, isolamento dos grupos sociais, mudanças significativas comportamentais, como as da alimentação e do sono. Dentro do diagnóstico de Transtornos Depressivos existem várias possibilidades de classificação e comorbidades que podem estar associadas e este diagnóstico diferencial não é tão simples de ser feito. Considerando estas particularidades, consulte sempre um profissional antes de auto diagnosticar este quadro.
Como posso ajudar?
1. Seja empático: adote uma atitude mais compreensiva. Procure manifestar seu apoio e preocupação de forma a demonstrar que você percebe e se importa com os sentimentos vivenciados pelo outro.
2. Ouça: faça perguntas abertas (“como você está se sentindo?”) e não apenas aquelas que possam ser respondidas em termos de “sim” ou “não”. Procure usar este momento para falar desta pessoa e não sobre você.
3. Evite expressões como “ isso é falta de vontade...”, “está na sua cabeça...” ou outras que sinalizem julgamento.
4. É importante que se tenha cuidado também na expressão dessas emoções: expressões de choque, surpresa, susto podem inibir a fala e ter como efeito maior isolamento.
5. Ainda que saiba que esta pessoa é religiosa, cuidado com expressões com este cunho. Esta é uma doença como qualquer outra e não deve ser encarada como escolha ou falta de fé. Explicações mais coerentes podem ser encontradas no contexto de vida atual e na história de vida da pessoa.
6. Incentive a busca de ajuda profissional: Ouvir e oferecer apoio são seus principais papéis e não são de menor importância. No entanto, por melhores que sejam suas intenções, você provavelmente não está capacitado para oferecer todo suporte e ajuda técnica que esta pessoa querida por você necessita. Incentive esta pessoa a procurar um profissional capacitado para ajudá-lo neste momento.
7. Ofereça apoio consistente: esteja presente.
E como a psicologia pode ajudar?
Sabemos que existem componentes fisiológicos na depressão, mas este não será o alvo da intervenção do psicólogo. Antes disso, a psicologia procura no contexto de vida causas possíveis que mantenham os sintomas depressivos: sentimentos não existem sem causa, ainda que essa pareça indecifrável. A depressão não é vista como uma característica interna que move a pessoa: é um conjunto de sintomas que ocorrem em determinados contextos. É impossível se controlar o que não se conhece e este possivelmente será o ponto de partida da terapia. Não tratamos dores físicas sem investigar suas causas (febre pode indicar um processo inflamatório, por exemplo) e o mesmo deve ser aplicado a todo tratamento sério de saúde. Ainda que comecemos o tratamento com anestésicos, devemos agir sobre as causas dos sintomas se queremos extingui-los. Neste caso, desejar mudar este quadro significa mudanças na interação com o mundo.
Maiana Pereira - Psicóloga Clínica Analítico-Comportamental
CRP 03/12466