08/03/2023
Por: Soraya Ferreira
Escrito em 08/03/2021
A luta continua!
Algumas datas têm o poder de encher nossos celulares de mensagens, hoje é uma delas. Recebemos homenagens de todos os tipos, umas bem clichês, outras muito românticas, outras mais libertárias, e são dessas que gosto mais porque certamente me identifico mais. Considero-me mais rebelde que mansa, mais rocha que flor, mais Leila Diniz que Lady Day!
Penso que essa data tenha que ser lembrada e discutida, muito mais que comemorada. Sei das conquistas que as mulheres têm conseguido ao longo dos anos, mas sei que ainda temos muito que caminhar. Exatamente por isso devemos fazer desse dia uma oportunidade de discussão, uma possibilidade de fortalecimento e um meio de desenvolvermos crítica mais do que ficarmos enaltecidas com os elogios, muitas vezes até exagerados relacionados à nossa condição de mulher.
Não é fácil ser mulher em um mundo machista. Feminicídios em alta confirmam que muitos homens ainda se acham superiores e donos de suas companheiras. Precisamos envolver os homens nessa discussão. Também as meninas e os meninos em formação. Precisamos derrubar as fronteiras que colocam os gêneros em posições contrárias para convivermos em condições mais igualitárias. Somos diferentes em nossa essência e isso não nos torna melhor ou pior que ninguém, ap***s diferentes.
Enquanto escrevo continuo recebendo mensagens no whats app e me lembrei que não mencionei lá no início desse texto sobre as mensagens com teor de piada e brincadeira (de mau gosto, diga-se de passagem) que tentam desvalorizar e desqualificar as mulheres. Temos que tomar conta disso e continuar a missão de ensinar e desenvolver a crítica das pessoas. Sabe o que corremos o risco de ouvir? Que isso é mimimi. Ouvimos isso semana passada vindo do presidente da república do nosso país em relação à tragédia que nos assola por conta da pandemia. Ontem li uma definição interessante para mimimi: é quando a dor dói no outro. Bem assim, pura falta de empatia. Piadas aparentemente inofensivas mascaram preconceitos e disseminam inverdades. Precisam ser combatidas.
Uma vez ouvi alguém perguntando: - Por que não tem o dia do homem? Acho que criaram um dia aí para eles, mas não me pergunte qual é porque não sei. Lembro-me bem da resposta também: - Porque essas datas são criadas para quem sofre discriminação, para dar voz a grupos que são subjugados, maltratados. Um exemplo disso: até o início do século XX, em quase todos os países, o voto era exclusividade dos homens. Acho que não preciso falar mais nada.
Com isso, não quero passar uma imagem ou uma mensagem vitimista, muito pelo contrário. Parafraseando meu querido Ney Matogrosso, eu sou mulher com M e quando falo sobre temas que permeiam nossas vidas, nossa liberdade de escolha, nossas lutas, meu sangue corre pelas veias com mais intensidade. Sou de uma família de mulheres fortes. Aprendi e aprendo com elas todos os dias e com a força da ancestralidade vou ocupando dia após dia o lugar que mereço neste mundo. Escrever me ajuda a ocupar esse lugar. Escrevo e aprendo. Escrevo e educo. Escrevo, simplesmente.
8/03/2021