13/01/2024
Aprende-se de dentro do corpo para fora do corpo. Aprende-se com o corpo. Nunca contra o corpo. A escola, muitas vezes, ainda não reparou nisso.
Mas vejamos os bebés. Os bebés observam, olham, esboçam um gesto, tocam, sentem, agarram, inauguram a perspectiva e conhecem. Sem usarem o corpo nunca conheceriam.
As crianças em função da forma como têm colo, ganham tonicidade. Só depois chegam ao equilíbrio. Para que, a seguir, cheguem ao movimento. E ao ritmo, claro. Para que, depois, possam ir do corpo à motricidade. Mais corpo representará mais educação visual. E mais educação visual mais grafismo e melhor expressão escrita. E melhor matemática, também.
Mas, por outro lado, sem motricidade “não há” imaginação. Ou seja, precisamos do corpo, do movimento e da motricidade para irmos do corpo à imaginação e da imaginação à palavra. Sem usarmos o corpo, aquilo que a linguagem ganha em conceitos perde em afecto. Será que queremos crianças mais expeditas no português? Temos, então, que lhes dar mais educação física.
Quanto mais uma criança, em tempo real, convive e liga corpo, alma e pensamento, mais identifica um problema e o afronta; com humildade. Mais aprende que o jogo representa uma forma de pensar, com espontaneidade e com os outros, de forma mais eficaz e mais simples. E mais capaz se torna de ligar o abstracto e o simbólico. Mais se torna competente para as histórias. Melhor corpo, melhor autonomia, melhor curiosidade e melhor pensamento.
As emoções são, elas próprias, corpo. Sentir é conhecer!. A diferença dá-se entre reagir ao sentir, com alarme, ou sentir o sentir e transformá-lo num lápis, por exemplo.
Todavia, as emoções e os sentimentos produzem, constantemente, de forma espontânea e em função da interactividade nervosa, imagens. Imagens sensoriais. Havendo emoções o cérebro cria e re-combina imagens. Sempre. A imaginação (a escola nem sempre o percebe…) é a linguagem do cérebro. Logo, o espaço, por exemplo, tem um som. Um cheiro. Um ritmo próprio. Ou um paladar, por exemplo. Ou seja, a percepção nunca será, puramente, percepção. Mas imaginação. Da mesma forma que corpo e pensamento são, mais do que parece, um só. O corpo é um lápis que desenha por si.