04/09/2025
No dia 4 de Setembro, em Portugal, assinala-se o Dia Nacional do Psicólogo. Aqui pelo CIPP, é o dia da Ana Santos, da Fabiana Gomes, do Filipe Fernandes, da Henriqueta Machado, da Joana Cunha, do Pedro Pereira e da Sofia Fino, os nossos psis. Este texto é dedicado a eles, profissionais que o CIPP tem a sorte de poder contar! 😊
Num tempo de imediatos, em que na espuma dos dias perdemos a noção da essência, do essencial e a consciência dos nossos limites (que nos humanizam...), é demasiado fácil prostituir a dificuldade da mudança à tentação da inspiração fugaz. Confundir uma espécie de magia permanente no quotidiano com a necessidade de aceitar que a vida é feita de momentos mágicos que sublimam tantos outros, que lhes dão sentido e perspectiva. Confundir a nossa natureza emocional com uma espécie de empreendedorismo asséptico e pateta das emoções.
Quem tem o privilégio de diariamente ouvir pessoas, escutar os seus silêncios, empatizar com as suas dores, frustrações e mágoas, lida em primeira mão, com tudo o que isso implica de bom e de mau, com a crueza do ser, com as suas emoções, com aquilo que nos constitui, com o visível que procura mascarar o invisível, além das fotografias com filtros, das actualizações habilidosas de estados e de um conveniente marketing pessoal em que, por medo ou por hábito, alicerçamos os dias.
Num mundo em que todos nos querem inspirar, impor as suas fórmulas de felicidade e condenar-nos à artificialidade do optimismo de pacote, perceber a dificuldade da mudança, da alteração de paradigmas pessoais é um desafio, um exercício de resistência e um investimento na nossa construção. Daquilo que somos, daquilo que nos alicerça, daquilo que, mesmo fragilizando-nos, nos constitui.
Um privilégio assistir a momentos simples, mágicos, merecidos pelo trabalho árduo que as pessoas realizam, numa luta consigo mesmas e com os seus limites e emoções. Deixar de ter medo de procurar a felicidade, conseguir assumir escolhas que nos permitem ascender-lhe, quebrar amarras, ciclos e padrões tão nossos como derrotistas.
"Estou feliz!", o objectivo, a motivação para ouvir e para empatizar. Para estar lá. Estando, mesmo, lá. A felicidade do outro não se compadece com meias-doses. A mudança do outro não se compadece com pacotes inspiracionais centrados no poder do emissor, secundarizando o receptor.
Ajudar a mudar é um privilégio e uma responsabilidade, num percurso sempre centrado no outro, nunca em nós. O exercício da Psicologia é, muitas vezes, mal entendido, lido pela lente do preconceito, que muitos abominam e tantos outros minimizam. "Não queria ter o seu trabalho!..." é uma das frases do dia. Abaixo no relambório das mais escutadas surge "Como é que consegue fazer isto todos os dias?" A mais bela profissão do mundo, para mim. Uma das mais puras.
A palavra como bisturi, a relação como veículo, a confiança como combustível. Sem artifícios, sem ferramentas industriais ou artificiais, sem fuga possível. A pessoa para a pessoa.
Não sendo a panaceia para todos os males e, felizmente, não sendo sempre necessário, o trabalho do Psicólogo, num esforço conjunto com quem o procura, pode ser uma ajuda importante para trilhar o melhor caminho, aquele que nem sempre encontramos sozinhos.
Aqui pelo CIPP estamos e estaremos aqui. Sempre.
Contem, sempre, connosco.