26/11/2025
Hoje trago-vos uma imagem e uma prosa criativa - ao jeito do Oriente.
Um exercício do meu último retiro de Chi Kung Terapêutico de 2025, que fala do outono, mas não apenas da estação do ano que está terminar.
Fala do outono interior: um tempo de maturidade, do abrandar, da contemplação, da aceitação e do desapego. Mas também evoca a solidão, mas de uma solidão silenciosa, digna, que não é abandono. É o vazio fértil onde a consciência se revela.
Há traços de dores antigas, de desgosto, de cansaço de ser Humano. Mas também há beleza, lucidez e uma profunda ternura pela vida, mesmo na sua imperfeição.
E, de forma muito subtil, fala de paz, de luz e de amor — não o amor romântico, mas o amor essencial, o amor que é Presença.
O amado que “está dentro de ti e de mim”.
Uma prosa com o título: OUTONO DA CONSCIÊNCIA
É melhor que me procures, enquanto vives.
O amado está dentro de ti e de mim.
Bato à tua porta sem medo.
O girassol nem sequer se dignou olhar-me.
Eu sou o desgosto.
És uma pausa de luz.
O copo cheio de pó diante do jarro vazio,
Qual dos dois mais envergonhado?
Afinal estar vivo simplesmente já nos torna tristes e tontos.
O Homem virtuoso usa o coração e nunca se engana.
Em todo o mundo não há gota de orvalho perfeita. Toda a via estou só.
Quando é que chegaste aos meus pés caracol?
Onde tenho a minha casa?
O céu azul, azul.
Mani.
Não consigo ver a verdade nua do ensinamento,
Isto e aquilo, bem ou mal, vamos verdadeiramente ao que importa,
Corpos velhos devem todos sentir o mesmo.
A montanha parece deserta, não se vê ninguém.
Todos os dias saímos para colher lótus.
Só a lua cheia me ilumina.
A cavalo afrouxo as rédeas,
Ah, o passado – o tempo em que se acumularam os dias lentos.
Escrevo na areia a palavra “grande”.
Não escreverei mais o meu nome,
Ausentes sãos os Deuses, mas presidem.
Mesmo que me prometas a imortalidade, voltarei para casa.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza.
Todas as opiniões que há sobre a Natureza,
Nunca fizeram crescer uma erva ou uma flor.
Ao luar, de longe chegam o perfume e a cor das glicínias,
Ao longe o fogo de artifício na barca do pescador – uma tocha.
Caminhando, caminhando, em desvaneio a Primavera parte.
O Chi Kung Terapêutico é mais do que simples movimentos ou exercícios físicos.