03/11/2025
Fui convidada, nos últimos meses e anos, a largar várias camadas das minhas ilusões ~ tornei-me mãe e fui testada sobre as minhas convicções e estilo de vida; pensei que tinha aprendido ~ dedicação, renúncia, devoção.
Pensei mesmo que tinha superado limites do meu corpo, que tinha feito tudo o que era suposto e expectável ~ nutri a nossa filha com o meu corpo, dediquei-me ao trabalho e ao nosso lar, vivi além do sofrimento. Achava mesmo que estava no caminho certo.
Mas como as lições não foram todas aprendidas à primeira, e como a Graça de Deus tem maneiras bonitas de se manifestar, fomos abençoados com um segundo filho. Aí é que a p***a torce o rabo kkkkk como é que se trabalha, provê, confia, nessas condições? Como é que se mantém a fé quando o corpo se lembra ainda de tudo e não quer vivenciar essas experiências de novo? Como é que se supera o sono, a dor, o cansaço e ainda se é profissional, presente e cuidadora? Não sei como sobrevivi aos últimos meses, mas apenas me rendi.
E não me rendi logo. Nem me rendi por completo. Só baixei os braços e olhei para o céu quando me despi das verdadeiras amarras que me prendiam e vi que os nossos filhos é que estavam a carregar este fardo ~ de eu querer ser melhor do que o que foram connosco.
Esta arrogância levou-me a adoecer todo o meu corpo e a exigir de todos na nossa família um esforço muito grande, completamente desnecessário.
A vida veio de tão longe e viajou gentilmente até nós.
Do nosso amor, surgiu essa mesma vida.
Tudo se multiplicou.
Por que é que vivemos com tanto medo de sermos apenas NÓS MESMOS? De viver a nossa verdade sem ter de provar é A VERDADE? O que é que estamos a ganhar para continuar em sofrimento? Para dar tratamento de silêncio, para querer ter razão, ... ? O que ganhamos secretamente ao permanecer nos lugares escuros da nossa alma a aguardar perdão ou reconhecimento? Por que razão é tão difícil ocupar o nosso lugar?
Hoje, não quero ser melhor que os nossos pais. Quero só ser a filha deles. Quero poder dar de mim o amor que existe dentro; honrar a vida que me deram e que os nossos filhos sintam que não nos devem nada. Não é só dedicação, renúncia e devoção; é amar ASSIM naturalmente ❤️