21/12/2025
Talvez carregues em ti uma memória antiga: invernos longos, recursos escassos, a escuridão como ameaça. E também uma herança cultural que há séculos celebra a luz - chamamos "brilhante" ao que é inteligente, queremos "iluminar" o que não compreendemos, festejamos o solstício como vitória sobre o escuro.
Mas e se pudéssemos escolher relacionarmos-nos de outra forma com estes ciclos?
A luz não chega porque lutamos contra a escuridão. Chega quando permitimos que ela exista.
Chega através do descanso que aceitas dar-te. Do sono profundo. Dos sonhos que não forces interpretar de imediato. Da reflexão sem pressa de conclusões.
E não, nada disto acontece num instante mágico no solstício ou na meia-noite de 31 de dezembro. Este continua a ser tempo de pausa. De espera. De deixar que as coisas amadureçam no seu próprio tempo.
Viver de forma sustentável é confiar no ritmo natural da vida: a luz regressa sempre e as sementes encontram o seu caminho de volta à superfície.
E se, só por hoje, deixasses a escuridão ser simplesmente o que é?
As mudanças mais profundas acontecem devagar, no escuro, imperceptíveis ao olhar.