24/10/2025
😔👏
Não se investe patavina na saúde mental. As políticas públicas fingem que agem. E depois vemos que há um psicólogo para cada 694 alunos. É assim que vamos continuar a ver filhos a matar pais, pais a odiar filhos, todos a culpar qualquer coisa que não seja a sua própria omissão.
Temos de admitir: ou tratamos a mente ou perdemos tudo.
É preciso dizer o óbvio: uma sociedade que desinveste na saúde mental cava a sua própria ruína. Não é uma metáfora: é literal. Não se constrói segurança emocional sem estruturas, sem psicólogos, sem tempo, sem recursos, sem trabalho contínuo. Andamos todos a pintar murais sobre “resiliência” em vez de pagar salários a quem poderia verdadeiramente impedir que o ódio cresça no lugar do amor.
A saúde mental tornou-se num produto de marketing.
Fala-se dela como se fosse uma campanha de verão. Há palestras, hashtags, eventos, slogans. Entretanto, as listas de espera continuam a aumentar, os hospitais continuam a improvisar, os profissionais continuam exaustos ou ausentes. O país faz powerpoints sobre cuidar da mente; as mentes implodem em silêncio.
O amor não cria ódio, nunca criou. O que cria ódio é abandono, desatenção, silêncio institucional, desinvestimento.
Os monstros não nascem do mimo; nascem do vazio.
Investir a sério em saúde mental não é criar cartazes com frases bonitas. É formar profissionais, contratá-los, dar-lhes tempo, condições, continuidade, estabilidade, consistência. É pôr psicólogos nas escolas, nos centros de saúde, nas empresas, nas ruas. É tratar a saúde mental como aquilo que é: uma questão de sobrevivência colectiva. Isso faz-se com dinheiro, com convicção, com vontade genuína, com urgência. Há sempre alguém, algures, a preparar a próxima tragédia em silêncio.