16/07/2024
Este trabalho é do Sr António Maya.
Para os Despertos
LEIAM
Hoje, 15 de Julho de 2020, para comemorarmos o 41º aniversário da maior manifestação OVNI ocorrida em Portugal, o célebre caso de «… E a noite fez-se dia!» de norte a sul da “Lusitânia” (Terra da Luz), vou publicar o artigo saído no Jornal NOSTRA nº 36 referente a este caso tão sui generis, cuja pesquisa e texto são de minha autoria em conjunto com a Equipa Nostra, (saiu a público em tempos idos de 1980) e, também, para homenagear todos as pessoas que o investigaram e testemunharam, sem esquecer, é claro, os nossos enigmáticos visitantes entretidos que estiveram a “fotografar" o rectângulo.
Sim, na minha modesta opinião, esta foi a maior manifestação OVNI e o maior caso de Ovnilogia em Portugal (em número de testemunhos (incalculável!), em dimensão geográfica (afectou todo o território português continental), e em duração temporal (entre a meia-noite e as três e meia da madrugada do dia 15 de Julho de 1979).
Assim,
Subitamente, naquele verão passado... .. E a noite fez-se dia nos céus de Portugal. O caso de 15 de Julho de 1979.
Por António José Maya e Equipa NOSTRA.
Faz exactamente sete meses (15.2.79) que todo o território nacional foi inundado por uma incontrolável série de enormes clarões luminosos, na madrugada de 15 de Julho de 1979, durante um período superior a duas horas (1).
Foi num fim-de-semana quente, no pino do verão e, tanto nas praias como nos campos, largas camadas de população, ao longo do país, foram surpreendidas pelo fenómeno múltiplo que, um pouco por toda a parte, tudo iluminou «como se fosse dia».
A gama de sensações dos observadores vai de extremo a extremo, desde a mais fascinante à mais angustiante e estupefacta expressão.
A constante mais acentuada do fenómeno foi o clarão acompanhado de uma esfera luminosa, em vários cores e tons.
Uns pensaram em meteoritos, em extraterrestres, no Skylab ou em «coisas do outro mundo». Alguns, de tão espantados, nem tiveram tempo para ter medo! E, falar… só depois! Há mesmo quem tenha pensado em conflito nuclear, num disco voador, na aurora boreal, falado de um “very light” ou mesmo de um satélite e até houve quem visse no fenómeno sinais do fim do mundo!
É incalculável o número de testemunhos que, certamente, ultrapassa muitas dezenas de milhar. (2)
Várias tentativas de discernir e explicar o que se passara foram infelizes, ineficientes e precoces, uma vez que a amplitude e a complexidade do fenómeno ultrapassou em muito as expectativas das próprias posições individuais, físicas, locais e, mesmo, culturais.
Anatomia de um Fenómeno
Antes de mais, queremos expressar um voto de reconhecimento pela colaboração prestada, dos diversos grupos de investigação de Ovnilogia, em geral, e a quem de algum modo participou na elaboração deste trabalho.
O dossier é composto por relatórios da GCEO, do CEAFI, do PPOANI, do CIDOVNI, do CECOP e do NOSTRA e, ainda, da colaboração de elementos de outros grupos.
Foram analisados trinta e dois recortes de diferentes jornais da época, a maioria dos quais, «em cima do acontecimento», que incluíam o testemunho de sete tripulações de aviões comerciais que presenciaram facetas do fenómeno, além de quarenta e seis casos abordados por contacto directo (pessoal, escrito ou telefónico).
O Clarão
O «clarão da madrugada» define o conjunto disperso do múltiplo fenómeno luminoso «sui generis» e verdadeiramente popular, cujas manifestações se apresentaram aos observadores com características subjectivas e multifacetadas: Luz branca, do tipo néon, intensa; luz prateada; luz azul-esverdeada; tonalidade pôr-do-sol; cor avermelhada; cor verde; luz brilhante e trémula; luz dos projectores de cinema antigos; disparos contínuos de flashes; luz de maçarico oxídrico; não feria a vista; provocava calor, aumentava e diminuía gradualmente ou, então, apagava pura e simplesmente. (3)
A quase totalidade dos observadores assistiu ao clarão luminoso; uma grande parte presenciou um bólide esferóide, antes, durante e depois do clarão; uma minoria testemunhou um objecto sob forma quadrangular, filiforme ou fusiforme.
Em numerosos casos, que incluem a passagem de uma ou mais esferas luminosas ou de charutóides, verificou-se que os corpos iluminados «apagaram» pura e simplesmente, como no caso de um interruptor, sem deixar rasto em extinção, fragmentos luminosos, indícios de explosão ou de combustão rápida (mais de 12 casos).
Chamamos a atenção para o testemunho em, pelo menos, quatro casos, de grande proximidade das manifestações: «(…) um clarão intenso, de cor branca e de forma oval, que se deslocava a dois metros do solo, a enorme velocidade. Várias testemunhas afirmam que o fenómeno ocorreu às 02h30, tendo passado a cinquenta metros das testemunhas.» (in Correio da Manhã, 16.07.1979);
«(…) o clarão teria o comprimento de vinte metros e parecia apenas sobrevoar as árvores. De resto, passou entre dois postes, apanhando praticamente o espaço entre eles. (...)» (in Relatório CECOP);
«(…) vê passar a 1,80/2,00 metros do solo, uma esfera branca incandescente, bem distinta e com uma cauda vermelha, muito baixa, de tamanho aparente de um prato de sopa, a uma distância que não sabe dizer (calcula entre 100 a 200 metros). A esfera veio do lado do mar (Costa de Caparica) e passou próximo (?) da janela, a uma velocidade muito lenta. (...)», (citado por Maria do Rosário Marques);
Ver o caso do avião a descolar (Sete Tripulações de Jacto, in caixa).
Movimento Variado do Clarão
Vários testemunhos falam objectivamente da movimentação do clarão, seja como uma massa luminosa (caso Orbitur, in Relatório NOSTRA); seja como varrimento de potentes projectores, cuja origem luminosa se desloca a velocidade diferente da projecção de luz (caso da Estação CB Ave, in Relatório NOSTRA).
Som Bizarro
Alguns observadores ouviram, com maior ou menor nitidez, sons bizarros que, só com dificuldade puderam comparar. Entre os casos, citamos os seguintes: o de Jorge Almendra e o de seu pai, que pescavam à cana na Praia de Santa Cruz (Torres Vedras), que ouviram um «rastear» como o de um rato a passar sobre folhas secas, logo após o clarão (in Relatório NOSTRA);
Um amigo nosso, J. L. M., técnico da TAP e piloto civil no aeródromo de Santa Cruz (Torres Vedras), presenciou, ali, um clarão azul-esverdeado e um som estranho, que classificou como meteorito gigante e a respectiva «onda de choque», uma centena de segundos após o clarão (in Relatório NOSTRA);
O caso do Parque Orbitur, em Santo António da Caparica, «som silvando como um enxame de abelhas», (in Relatório NOSTRA);
Em Sintra, instantes após o clarão, «ruído surdo e sem descrição», (in Relatório CECOP);
«(…) e o objecto começou a afastar-se, provocando um forte sopro, segundo uns – acompanhado de uma ligeira vibração do terreno e um ruído cavo envolvente – segundo outros.(...)». (caso de Montejunto, José Sottomayor, CEAFI).
Odores
Em Gesteira, Soure, um grupo de 10 pessoas: «(…) Passados cerca de 5 a 7 minutos, todos puderam sentir um odor intenso semelhante ao amoníaco.(...)», (in Relatório CIDOVNI);
«(…) notei também um cheiro esquisito que, por analogia, me fez lembrar o feno queimado.», (Estação Banda do Cidadão, CB Rina, in Relatório NOSTRA).
Interferências Electromagnéticas
As interferências electromagnéticas restritas ou gerais foram numerosas: motoristas, em vários pontos do país (in O DIÁRIO, 16.07.79);
Concerto «Rock» com os UHF, em Paio Pires, (in O TEMPO, 16.07.79);
Em diversos pontos do país, a Rádio Difusão Portuguesa teve interferências que coincidiram com o fenómeno (in Jornal de Notícias, 16.07.79);
Subestação da EDP de Portuzelo acusou sinalização de terra, de 15KW e danos num transformador (in Jornal de Notícias, 18.07.79);
Iluminação pública do Porto sofre quebra durante uns momentos, sem registo oficial (in Primeiro de Janeiro, 16.07.79);
No Centro de Onda Curta da RDP, em Pegões, registou-se, precisamente à hora em que o clarão foi observado, um corte de energia com a duração de 3 minutos, (in O DIÁRIO, 16.07.79);
Pedro Batoréu, Director do CIDOVNI (Coimbra), estava a ler, deitado, nessa madrugada quando, coincidindo com o «relâmpago», a luz e o rádio se apagaram. Tendo adormecido, só de manhã soube do fenómeno. Acordara com a luz acesa, o rádio ligado e o relógio electrónico atrasado 15 minutos (in Relatório CIDOVNI);
Na Figueira da Foz, José Mestre estava em canal de chamada na frequência CB, sentiu uma «chilreada» enorme por alguns segundos; ao mesmo tempo, a luz-piloto do seu detector de OVNIs – electro-bússola - accionou, acendendo e apagando duas vezes (in Relatório NOSTRA).
O «15 de Julho de 1979» à lupa
Uma leitura analógica, tendo em conta a diversidade da cultura e da subjectividade de tão variada fonte de informação, poderia tornar evidente uma possível conjectura.
Não tendo tempo nem espaço para trazer a público todas a notícias e observações que reunimos sobre o «15 de Julho» e, se bem que desta feita não seja porventura a extensão do artigo que o tornará impróprio para leitura (uma vez que, para além do mais, cada leitor arrisca a encontrar-se ao voltar da página e isso, sem dúvida, é excitante), necessário foi recorrer à lupa e ao recorte, de modo a reunir os «sublinhados» mais relevantes. Assim:
1. «(…) Em Espanha, próximo da fronteira com Portugal, uma luz potente, vista por muitas testemunhas, em Valência de Alcântara (Província de Cárceres). Era prateada, ficando pouco a pouco vermelha. Durou 7 segundos e seguiu-se-lhe outros clarões de curta duração. (...)» (in CORREIO DA MANHÃ, 16.07.79).
2. «(…) Motoristas que circulavam por várias estradas do País àquela hora afirmam que no momento em que avistaram o clarão, as viaturas perderam potência, deixando nalguns casos de responder ao acelerador. (...)» (in O DIÁRIO, 16.07.79).
3. «(…) outros observadores disseram que a luz mudara de cor algumas vezes, do alaranjado para o branco-azulado intenso, e algumas pessoas afirmaram ter visto um objecto de forma alongada, que se deslocava a grande velocidade.(...)» (in DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 16.07.79).
4. «(…) Entretanto, um leitor de O DIA, nessa altura em viagem do Algarve para Lisboa, contou-nos que cerca das 02h30, depois de passar Alcácer do Sal, viu começar a formar-se, ao seu lado esquerdo, uma claridade que subitamente pareceu fazer nascer o dia, permitindo-lhe identificar nitidamente tudo o que o cercava..«Parecia perfeitamente o amanhecer, apenas não era visível o Sol». Primeiramente, julguei que se tratava de um relâmpago muito forte mas, como durou cerca de um minuto, abandonei essa ideia e pensei que se tratasse de faróis muito fortes que incidiam sobre a referida região. No entanto, lentamente começou a escurecer. Depois de já estar completamente noite, vi surgir um objecto de cor azul clara, com uma luminosidade muito intensa e com forma arredondada, imprimido de velocidade muito grande. Pouco depois, apareceu outro objecto com forma alongada e de cor avermelhada, que parecia perseguir o primeiro, mas animado de velocidade muito superior. Volvidos alguns momentos, o segundo objecto alcançou o primeiro e após prosseguirem juntos de 4 a 5 segundos, as luzes que eles emitiam apagaram-se e deixei de vê-los. No entanto, recordo-me perfeitamente que eles descreveram uma trajectória circular, antes de se apagarem as suas luzes» (in O DIA, 16.07.79).
5. «(…) A vida de um faroleiro permite, no entanto, a observação de fenómenos que escapam à maior parte de nós, que vivemos sem tempo de olhar o mar e o céu. De tal forma, que o José Soares viu o OVNI no sábado, 14 de Julho, antes de qualquer outra pessoa o ter visto. «Estava de turno, aí por volta das três e meia da tarde de sábado e o meu colega estava deitado. Fazia muito calor e eu estava cá fora a fumar o meu cigarro e a olhar o céu, quando vi um objecto estranho e pus-me a pensar; Mas que raio é aquilo? Papagaio de papel não é!»
Mostra-nos o par de potentes binóculos que utiliza para prescutar o mar e continua o relato: «Peguei neles e então é que consegui ver. Era uma coisa como nunca tinha visto. Uma espécie de estrela de cinco bicos, um pintado de amarelo, outro de vermelho, outro azulado, outro cinzento e outro cor de azeitona e no centro era escuro, como se fosse uma laranja cortada ao meio. Tudo aquilo brilhava muito».
No dizer do faroleiro, «deslocava-se de Este para Oeste, a velocidade lenta e a uma altura que não era muito grande, mais ou menos, como a dos aviões quando aqui passam para aterrar em Lisboa. Seria talvez mais pequeno do que o aviões, mas não se pode comparar, pois a estrutura era outra. Segui-o com os binóculos até desaparecer».
O colega faroleiro confirma que o José Soares lhe falou daquilo na tarde de sábado e que ficaram a conversar sobre o que seria ou não seria.
Com a força de quem viu o que mais ninguém viu, José Soares afirma que o clarão da noite foi de certeza « coisa que mandaram cá para baixo». Na noite de sábado para domingo foi apanhado de costas pelo clarão, mas ainda o viu «ali, entre Paço d´Arcos e S. Julião, foi a parte final, azulado e depois a parte vermelha a cair».
Para reforçar a sua descrição, afirma-nos: «Com esta idade que tenho, nunca tinha visto objecto daquela natureza». (in DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 16.07.79).
6. A senhora D. Alice Tavares, residente na Quinta da Lomba, perto do Barreiro, ficou aterrada ao deparar «a pouca altitude com que o objecto, sobre o comprido, do qual se desprendia uma luz muito intensa, de um lado azul e de outro cor de fogo».
«Foi uma coisa muito rápida que iluminou tudo, por força de um objecto tão estranho que a sua reacção consistiu somente em fechar-se em casa para só de manhã contar o que vira aos vizinhos» (in CAPITAL, 16.07.79).
7. «(…) Eram aproximadamente 02h20 da manhã, dirigiamo-nos para o carro, quando fomos surpreendidos por uma intensa inundação de luz intermitente (como se se estivesse a acender uma gigantesca lâmpada fluorescente). Subitamente, a luz deixou de sofrer interrupções e iluminou todo o espaço visível, como se fosse dia. A luz tinha tal intensidade que podia ver-se reflectida nas pedras do passeio».
«Nos últimos momentos, um dos meus amigos e eu pudémos observar um traço luminoso vermelho, que quase instantaneamente desapareceu, deixando perceber na sua extremidade uma pequena ponta de luz branca. Simultaneamente, toda a luminosidade se extinguiu. O traço luminoso seguia um sentido paralelo à Terra, uma direcção que considerámos ser NE-SW. Quando a luz desapareceu, ouvimos um ruído surdo e prolongado de uma frequência baixa».
«O fenómeno teve a duração de três a cinco segundos. Nunca tínhamos visto nada de semelhante» (in GAZETA DAS CALDAS, 18 .07.79).
8. «Alguns espectadores da nossa cidade dizem ter visto uma bola vermelha, com luz intensa, que iluminava como se fosse dia. Acrescentaram, alguns que não se deitaram, que até de madrugada se conservaram «luzes» no céu, com variadas cores...» (in DISTRITO DE PORTALEGRE, 20.07.79).
9. «(…) O rock invadiu a pacata aldeia de Paio Pires na noite do dia 14 de Julho. Na Praça de Touros meio deserta (cerca de 500 pessoas) apresentavam-se os grupos Arte & Ofício e os UHF sob o calor morno da noite e o brilho das estrelas. Marcámos encontro com a música rock portuguesa e tivemos direito, já na parte final, à visão daquilo que os jornais e boletins informativos, no dia seguinte, dariam de um OVNI. Para nós, foi o espectacular e o belo. De repente, fez aurora no céu, por cima das nossas cabeças, enquanto o objecto incendiado desapareceu majestoso. Éramos ainda muitos e vimos claramente branco no azul...». (4)
«(…) No final, quando o OVNI passava, Victor Teles, o homem do som UHF, bradava aos céus a ineficácia com que os pretensos técnicos que acompanhavam o PA haviam desfeito o som do grupo, anulando frequentemente os monitores, o que obrigou a «tocar em branco» a totalidade do concerto. Pormenores musicais que podem ensinar aos músicos portugueses o cuidado necessário que deve envolver toda a m***agem de um concerto.» (in O TEMPO, 02.08.1979).
10. «(…) Um outro depoimento que apresente facetas inéditas em relação ao fenómeno de domingo passado, foi-nos transmitido pelo senhor Salvador Monteiro de Magalhães que, a 5 Km de Alcobaça, ficou deslumbrado com a «noite que se transformou em dia» à passagem do fenómeno luminoso».
«O interessante e curioso é que, quando chegou ao destino, o seu anfitrião lhe referiu que acordara com um «barulho estranho que sacudia portas e janelas». A menção de sopro não pode deixar de nos recordar os famosos «ruídos da madrugada» (que se ouviram, sobretudo, durante o Verão de 76, especialmente na costa norte do país), que muitos insistem em atribuir ao Concorde» (in Relatório NOSTRA).
«(…) O clarão, de cor azul, espalhou-se por uma grande distância, parecendo logo depois recuar, como o vaivém de uma onda...» (in NOSSA TERRA, 2.07.1979).
11. «(…) Igualmente, na Figueira da Foz, durante uma festa de um órgão de um partido político (P*P), realizada nessa noite, cerca de 1500 pessoas puderam observar o objecto luminoso a mais de 4 Km do local. A luz era tão intensa que, sobrepondo-se à iluminação dos festejos partidários que decorriam ao ar livre, captou a atenção de todos os presentes, tendo sido tema de calorosos comentários durante o resto da noite.» (in Relatório CIDOVNI).
12. FENÓMENO REPETIDO – Não teriam sido só as testemunhas de Valência de Alcântara (Espanha), de Portalegre e de Aveiro a verem vários clarões menores após a eclosão do que provocou a «luz do dia». Assim, José Alfredo Martins da Silva, que assistira ao clarão principal, de luz verde, que iluminou um bailarico repleto de gente, em Anobra, voltou a ver de novo a luz verde a iluminar a estrada quando regressava a casa, na moto. Eram 03h30, uma hora depois...» (in Relatório CIDOVNI).
13. «(…) Pela posição em que se encontra é corrente assistir ao tráfego aéreo do aeroporto, tanto no que se refere aos momentos que antecedem as aterragens, como aos levantamentos dos aviões. Pelas proximidades em que se encontra do aeroporto, os aparelhos apresentam-se avantajados. Desta vez, o que lhe chamou a atenção foi que o «aparelho» seguiu o tempo todo em posição horizontal, na aparência ao nível dos telhados, contrariamente ao comum dos demais, que são avistados sistematicamente numa rota oblíqua. Apercebendo-se de que algo de diferente acontecia, ao prestar maior atenção notou que a luminosidade do aparelho cobria toda a sua superfície de luz branca azulada, em vez das habituais luzes de posição e das janelas dos aviões iluminadas.
Lopes do Souto veio a confirmar as suas dúvidas sobre o pseudo-avião quando, minutos depois, um aparelho da Canadian Pacific descia a fazer-se à pista. Eram mais ou menos duas horas da madrugada. (in Relatório NOSTRA).
14. «Meteorito», imóvel, à vertical: a cerca de 2 Km a Norte do restaurante Max, na praia de Santa Cruz, o meu cunhado António Jorge Noronha Almendra, que estava a pescar na praia junto à linha de água, viu também (com o seu pai) o clarão à vertical do lugar e, com espanto, puderam ver as Berlengas e o litoral de Peniche como se fosse de dia. A grande esfera de luz, que seguira na direcção Noroeste, partira aparentemente da vertical, também (A J Maya).
Rui Jorge M. Taveira, estudante de 18 anos, tinha acabado de jantar no restaurante Max, à beira da praia de Santa Cruz (Torres Vedras), quando decidiu ir tomar ar ao exterior. Foi com espanto que viu, sobre o mar, uma estranha luz que adquiria progressiva intensidade, a ponto de num instante se tornar dia.
Instintivamente, olhou à sua vertical e conseguiu em pleno clarão notar uma mancha cor-de-laranja luminosa, de forma alongada. Tal e qual como pouco a pouco começara, assim tudo se extinguiu do mesmo modo. (in Relatório NOSTRA).
15. De Alexandre de Bettencourt de Albuquerque, nosso assinante e colaborador: «Encontrando-me no centro de Aveiro, na madrugada de 15 de Julho, pelas 02h38, notei uma série de clarões seguidos, como fossem foguetes de festejo, a uma distância que calculo por volta dos 5 Km. Conforme indaguei mais tarde, não houve festa alguma na zona.» (in Relatório NOSTRA).
16. «(…) Por volta das 02h30 da madrugada do dia 15 de Julho de 1979, um estudante (que recusou identificar-se), juntamente com um polícia, que o primeiro supôs ser o sub-chefe da esquadra local, presenciaram o aparecimento de um estranho clarão de cor azul-esverdeado, que iluminou por completo o local onde se encontravam (Bairro Santos, em Lisboa).
Durante o momento em que tudo ficou iluminado, o jovem reparou que os candeeiros deixaram de emitir luz, enquanto que a luz das casas circunvizinhas permanecia sem quaisquer interferências.
Passados alguns segundos e após o desaparecimento do clarão, o jovem estudante olhou para a parte superior de um dos prédios que se situam perto do local da observação e, deslumbrado, testemunhou a aparição de um objecto (ver croquis), de forma charutóide, que pairava sobre o local.
O objecto possuía nas extremidades uma luz esverdeada, encontrando-se no seu centro e dispostos horizontalmente uns outros fenómenos luminosos (como uma fileira de clarabóias luminosas), de cor vermelha e forma redonda. Passados poucos instantes, o objecto partiu na direcção do aeroporto. (in Relatório NOSTRA).
17. «(…) O objecto foi visto, no entanto, em toda a cidade (Coimbra), ora como um relâmpago verde, ora seguido de um charuto vermelho-carmim que subia na vertical; conhece-se mesmo um relato de uma observação a não mais de 50 metros da sua casa». (Relatório CIDOVNI).
18. «(…) Passou-se no dia 14.07.79, por volta das 23h40, após ter acabado o programa televisivo.
Sobre a minha casa passa, a uma altitude que calculo entre os 300 e os 400 metros, não um disco, mas sim aquilo a que se chama charuto.
Passa lentamente emitindo alguns sinais de luzes. Contei seis, ao longo do corpo fusiforme. Deslocando-se na direcção N-S, a luz da frente, roxa muito forte, apagava-se de vez em quando. A meio corpo, uma oval de luz branca fixa e outra branca, também, logo a seguir. A três quartos do corpo, na rectaguarda, duas luzes verde-escuras, também intermitentes. Na parte final,
outra iluminação roxa, com as características da primeira.
O objecto esteve uns dois minutos parado, tendo arrancado de seguida a grande velocidade» (Do nosso leitor, António Baptista Abade, natural de Sepins, Cantanhede).
Pontos a ponderar
Portugal já não é o mesmo depois daquilo que veio só Deus sabe donde!
É a expressão que nos ocorre, impossibilitados de medir as consequências do fenómeno, a nível da mente de um povo inteiro. Diz-nos a intuição que algo de mais íntimo roçou o ser desta gente.
Desta vez pensei para comigo: Sem mostrar muito o rosto – o indispensável a uma buçal apresentação – o OVNI de sábado à noite esforçou-se para que, desde a grande cidade à mais pequena aldeia, viesse a dar que falar.
Hipótese OVNI, Considerações Finais sem Conclusões Definitivas
Afirmar que os OVNIs ou os Extraterrestres estão na origem do que se passou neste dia não é, simplesmente, uma conclusão que satisfaça. Toda a incógnita permanece para além do que a sigla OVNI possa significar: tantas «coisas» quantas as pessoas que pensam nela.
A realidade do «15 de Julho de 1979» insere-se possivelmente num puzzle enorme de hipóteses fantásticas, onde se torna possível, ao aprofundá-lo, arriscar não mais ver claro.
Ainda não lhe foi aceite um cerne da questão à volta do qual se vá criando a unidade. O fenómeno OVNI, de tão multifacetado que aparenta ser, oculta o seu carácter universal, que se reflecte na dificuldade de convergência dos investigadores e cientistas.
O astrónomo e matemático Jacques Vallée alerta-nos:
«(…) Acredito que se está a dar uma mudança entre os cientistas, está a ser criado um clima em que é possível pôr a hipótese da existência de efeitos paranormais. Isto é provavelmente bom, mas também há perigo nesta mudança de atitudes, do cepticismo para a crença».
«Os dois extremos: segredo e abertura; rejeição e devoção; fácil ridicularização e admiração obediente, combinam-se para diminuir as possibilidades de descobrirmos a verdade, não só no caso dos OVNIs, mas também no caso das forças que controlam as coincidências paranormais.» (entrevista de Jacques Vallée ao FLYING SAUCER REVIEW).
Também Jacques Bergier dizia: «Todos os cientistas definem uma civilização pela quantidade de energia que ela produz». A crise mundial do petróleo revela já o fim de uma civilização, que é a nossa.
Inundados ainda da luz que jorrou, perguntamos: Virá o fenómeno OVNI trazer-nos, em breve, a Chave do Enigma que iluminará as nossas trevas?…
Textos em caixa
Observadores de OVNIs nas horas que procederam o fenómeno da madrugada:
Vários Objectos Voadores Não Identificados foram observados em diversos ponto do País, nas horas que procederam o fenómeno luminoso da madrugada.
S. Julião da Barra (Tejo), dia 14 de Julho, às 15h30 - Testemunha: José Soares (in Relatório CECOP).
Figueira da Foz, dia 14 de Julho, às 22h45 – Testemunha: Drª. Custódia Pires Rodrigues. Objecto redondo, vermelho, a 20º, direcção SW-NE, sem rasto.
Figueira da Foz, dia 14 de Julho, pelas 23h00 – Testemunho de José Mestre, auxiliar de telecomunicações. Detectou anomalia na frequência CB (Banda do Cidadão); luz de aviso em detector de OVNI.
Sepins (Cantanhede), 14 de Julho às 23h40 – Testemunho de António Baptista Abade: Viu passar sobre a sua casa um charutóide, lentamente. Tinha várias luzes (duas verdes-escuro, fortes e intermitentes; duas luzes brancas, fixas, uma bem maior que a outra; atrás e à frente, duas luzes fortes roxas, fixas, sendo a da frente muito forte e intermitente).
Sete tripulações comerciais
1. “(…) Por um lado, um avião da TAP, em fase de descolagem, disse à torre de controle que vira passar na sua frente, um objecto luminoso. Quer os pilotos dos três aviões, dois dos quais estrangeiros, estacionados na pista àquela hora, quer os dois outros aviões que se dirigiam para a Portela (aeroporto de Lisboa), confirmaram a observação feita». (in JORNAL DE NOTÍCIAS, 16.07.79).
2. “(…) A tripulação do avião a deslocar com destino a Kinshasa perguntou à torre de controle se havíamos detectado algo de anormal, nomeadamente alguma trovoada. Perante a nossa resposta negativa, a tripulação informou-nos de que havia observado luzes verdes e vermelhas que passaram havia momentos à frente do aparelho, deslocando-se para a esquerda.
Minutos após a conversa com o piloto, o técnico da torre pôde ver «um clarão azulado, muito forte, que iluminou, durante alguns segundos, toda a área do Aeroporto». Não houve som e rasgou o céu a grande velocidade. (in CORREIO DA MANHÃ, 16.07.79).
3. “(…) Um avião que vinha do sul, a cerca de 70 milhas da costa (129,64 Km), sobrevoando o mar em viagem de cruzeiro (900 km/h) e a uma altitude relativamente elevada (cerca de 6.000 metros), diz ter visto o clarão a longa distância do aeroporto. Segundo a tripulação, a luz deslocava-se no sentido Norte e era muito intensa». (in CORREIO DA MANHÃ, 16.07.79).
Serviços oficiais e especializados
1. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, «(…) aparentemente o fenómeno sai fora dos parâmetros meteorológicos, apesar de a origem poder ter sido atmosférica». (in JORNAL DE NOTÍCIAS, 16.07.79).
2. «(…) Uma equipa do Centro de Estudos Regionais, que se dirigia a Viana do Castelo, apercebendo-se do fenómeno luminoso entre Santa Maria do Portuzelo e a freguesia da Meadela». «É de notar, que o Prof. José Luís Rodrigues e o Dr. Sidney, ambos do C.E.R., confirmam o fenómeno a cerca de 500 metros da referida sub-estação, assim como, o facto de terem ficado na escuridão» (in JORNAL DE NOTÍCIAS, 16.07.79).
3. «(…) Em diversos pontos do País, a RDP (Rádio Difusão Portuguesa) teve interferências ou foi interrompida, pelas horas em que o fenómeno luminoso ocorreu» (in JORNAL DE NOTÍCIAS, 16.07.79).
4. «(…) Os técnicos do Serviço de Meteorologia do Aeroporto da Portela confirmam o fenómeno luminoso, sem contudo se pronunciarem a respeito da sua origem. Põem de lado, no entanto, a hipótese do clarão ter sido um relâmpago». (in CORREIO DO PORTO, 16.07.79).
5. «Um técnico da torre de controle do Aeroporto de Lisboa afirmou ao C. M., que o aeroporto ficou completamente iluminado, por segundos, como se fosse dia» (in CORREIO DA MANHÃ, 16.07.79).
6. «(…) Confirma-se que à passagem do fenómeno luminoso sobre Viana do Castelo na madrugada do passado domingo, toda a cidade ficou mergulhada na escuridão. O corte de energia decorreu entre a 01h50 e as 03h46 daquele dia e coincidiu com o aparecimento da luminosidade tipo luz fluorescente, levemente azulada, na vertical da cidade.
A sub-estação da EDP em Portuzelo acusou uma sinalização de terra a 15 kw, ficando a linha que abastece Viana do Castelo sem carga, o que motivou o disparo dos disjuntores dos Serviços Municipalizados. Acresce ainda que, em consequência, se verificaram alguns danos de m***a num transformador». (in JORNAL DE NOTÍCIAS, 18.07.79).
Relação privilegiada
Pelas informações recebidas, expressamente a pedido, sobre ocorrências do fenómeno no país vizinho, podemos ainda afirmar que o «Fenómeno de 15 de Julho de 1979» ATINGIU EXCLUSIVAMENTE PORTUGAL, NA TOTALIDADE DO SEU TERRITÓRIO CONTINENTAL!
Até ao momento, as únicas informações vindas de Espanha foram reproduzidas nos jornais portugueses ou veiculados por testemunhos nacionais, e referiam-se aos casos de Valência de Alcântara e de Zarza la Mayor. Ora, estes locais ficam situados dentro do que poderíamos chamar a quadrangulação do território, bem junto às suas fronteiras.
Poderá haver uma explicação para esta relação tão «privilegiada»?
A hipótese de se tratar de qualquer fenómeno atmosférico parece fora de cogitações, já que as condições atmosféricas não se mostravam favoráveis à ocorrência de trovoadas ou possíveis auroras boreais.
Àquela hora, o céu mantinha-se limpo – na faixa costeira do Norte do país – com vento fraco de Leste, da ordem dos 13 km/h, humidade rondando os 40% e a temperatura mantinha-se em cerca de 25 graus centígrados, cerca das 02h35. Pequenas formações de altos cúmulos e cirros só vieram a aparecer com a aurora, algumas horas após os fenómenos nocturnos.
O dia 14 de Julho foi um sábado do Verão de 1979, um fim-de-semana com tempo óptimo. O céu estava estrelado ao longo do país e a noite convidava ao “farniente”, à passeata, à festa e, mesmo – por que não? - à praia, sem preocupações horárias. As esplanadas dos cafés estiveram cheias até altas horas, não só nas cidades, como nas vilas.
A Lua, em quarto minguante a 16, não estava, àquelas horas, visível.
Observações em grupo
Mesmo se o número de testemunhas é incalculável e tenha certamente ultrapassado muitas dezenas ou mesmo centenas de milhar de pessoas, para um investigador céptico ou exigente, a observação de um fenómeno deste tipo, por um grupo restrito, é passível de ser considerado alucinação colectiva.
No entanto, várias observações envolveram grupos numerosos: cerca de 1500 pessoas num comício festivo partidário, na Figueira da Foz (5); 500 amadores de música num festival “rock”, em Paio Pires; um grupo de 40 pessoas, numa festa em Lisboa; 30 jovens reunidos, nessa madrugada, junto à torre da Praia da Figueira da Foz (ver desenho do Relatório CIDOVNI).
Rota sem nexo ou várias rotas
De início e à medida que se avolumavam os dados, tentámos traçar uma rota geográfica a partir do local e do horário das observações mas, devido à simultaneidade de vários testemunhos, em locais muito distantes e ao longo de 2 horas de ocorrências fenomenais, a tentativa sairia frustrada.
À priori, a provocação dos fenómenos teria tido uma origem variada.
Algumas considerações oportunas
«(…) Alguns séculos atrás, esta manifestação celeste poderia ter sido considerado como anunciadora do dia do “Juízo Final”. Em dias de hoje, pouco menor foi a importância dada, uma vez que incontáveis periódicos não passaram sem referir tão estranha noite (...)».
«(…) O certo é que, quer se tratasse de um relâmpago, pedaço de Skylab, aurora boreal ou meteorito, esse OVNI ficará registado na história da Ovnilogia em Portugal e poderá ainda a vir a ser útil o seu estudo, a nível mundial». (Luís Freixo, in Relatório do GCEO, Agosto de 1979).
«(…) A razão pela qual considero de grande valor a informação espontânea (não “cozinhada”) da notícia, fresca, isolada, comportando aparentes incongruências, disparates e contradições, é que – se bem que, quando isolada, tenha pouco peso – quando inserida num conjunto de informações conjectural, pode tornar-se flagrantemente óbvia, terrivelmente incorrupta, reveladora e probatória.
Esta «manta de retalhos» aqui compilada, transforma-se no melhor dos argumentos contra quem abusivamente acusa os jornais de vender patranhas e mentiras a bel-prazer...».
«Muitos dos dados e aspectos a considerar neste «caso 15 de Julho», para os quais passamos a chamar a atenção, colocarão certamente este caso «singular», numa das mais complexas e multifacetadas manifestações do chamado fenómeno OVNI» (A. J. Maya, in Relatório NOSTRA).
«(…) Ao debruçar-me sobre o «dossier 15 de Julho» quis certificar-me da anterior possível ocorrência de qualquer fenómeno luminoso de características idênticas e para isso fiz uma pesquisa nos arquivos da CECOP tendo, de facto, encontrado não uma mas várias e em épocas e locais diferentes (Europa), onde a constante das afirmações rondava a frase «a noite fez-se dia». Uma delas - (não havia ainda Skylab) refere-se a 1919, na França; e outra, na Inglaterra nessa época – afirmava que «até se podia ler o jornal» (declarações do Engº Sanchez Bueno, da CECOP).
«(…) É talvez demasiado cedo para alinhar todos os dados, já que afirmações preciosas na posse dos controladores aéreos do Aeroporto de Lisboa e de tripulações de aviões que testemunharam o fenómeno, não foram ainda recolhidas.
Terá de saber-se se o radar o detectou, se a hipótese «meteoro» estará completamente afastada, se os casos de observação de bolas de várias cores pairando no espaço a baixa altitude são legítimos e suficientes para esgotar todas as respostas ao nível do «conhecido», «natural», «artificial», etc..
Até lá, é mais uma soma de testemunhos, importantes sem dúvida, que entra no rol dos eventos estranhos e que se mantêm não identificados» (Joaquim Fernandes, in DEZ DE JUNHO, de 21.07.1979).
Opiniões precipitadas e conclusões não documentadas
«Dadas as coincidências relatadas pelas testemunhas oculares deste fenómeno insólito, tudo indica tratar-se do mesmo OVNI (?)».
«Curioso e intrigante para os estudiosos de Ovnilogia é o facto de não ter sido avistado nenhum aparelho, pois nos vários locais em que o fenómeno foi visto apenas se detectou uma luz forte que alta velocidade rasgava o céu e iluminava toda a área terrestre». (in CORREIO DA MANHÃ, 16.07.79).
«Apesar de ter havido certa especulação em órgãos da Comunicação Social nacionais, julgamos de que não se trata de um OVNI, mas talvez de uma aurora boreal, fenómeno extremamente raro nas nossas latitudes, mas que é possível.» (in GAZETA DAS CALDAS, 18.07.79).
«(…) à primeira vista e por muito que isso contriste os adoradores de OVNIs – quase toda a gente se inclinou para a hipótese mais plausível: a queda de um meteorito».
«(…) Sendo assim, há que admitir que o OVNI da noite de 15 de Julho fosse, afinal, um satélite que se desintegrava: as descrições das testemunhas correspondem, de resto, muito de perto, às que surgiram quando da queda da sonda soviética “Zonde 3”, sobre os Estados Unidos, anos atrás.»
«(…) Mas há ainda algo em que importa meditar: as “asas” que continham os painéis solares do Skylab soltaram-se a 190 km de altitude. Nada permite afirmar que tenham acompanhado, de imediato, a queda e subsequente desintegração do laboratório espacial, já porque a separação se deu a essa altitude, já porque a própria configuração das “asas”, tão compridas como o próprio Skylab, lhes dava um razoável poder de sustentação».
«(…) Claro que se trata de uma hipótese. Mas há mais: a estrutura das “asas” do Skylab era constituída por magnésio – e sabe-se que a combustão do magnésio gera uma luz extremamente intensa».
«(…) A NASA pode ter uma palavra a dizer sobre o assunto». (frases de Eurico da Fonseca, in O JORNAL, 23.07.79).
Uma carta da NASA, outra da NORAD
A ideia de escrever à NASA e à NORAD surgiu de uma conversa telefónica com Eurico da Fonseca (6), a propósito do fenómeno de 15 de Julho passado.
Tínhamos lido o seu comentário em O JORNAL, que achámos, na altura, interessante e oportuno. Estávamos a reunir outros dados que, conjuntamente com os já divulgados ao público, contrariavam, à partida, a sua hipótese, mas achámos que não se deveria pôr de lado hipótese alguma com o mínimo de fundamento, e nós quisemos inquirir mais sobre o seu pensamento.
Perguntámos, então, se já tinha estado em contacto com a NASA ou se a sua hipótese estaria baseada em dados dessa organização. Após a sua negativa, pedimos a sua opinião sobre o escrever à NASA para obter uma resposta sobre o fenómeno.
Eurico da Fonseca aconselhou-nos a fazê-lo, assim como à NORAD – Centro de Defesa Aérea da América do Norte. E, assim fizemos.
Eis as nossas perguntas:
1ª. Soubemos que os painéis solares do Skylab se afastaram do corpo do satélite, a 190 km de altitude. O que lhes aconteceu de seguida?
2ª. Sabe a NASA, ou qualquer outro departamento científico, qual o momento exacto da desintegração dos painéis solares?
3ª. Tendo sido construídos de matérias diferentes – o corpo do Skylab e os painéis – poderia ter havido uma diferença de dias, entre a queda de um e a desintegração do outro? Podem-nos dizer de quantos dias?
4ª. Poderíamos receber os gráficos dos últimos 4 dias da rota do Skylab?
5ª. É do vosso conhecimento que qualquer pedaço do Skylab ou material do género, cuja entrada na zona de fricção da atmosfera terrestre, se teria dado à vertical de Portugal, durante a madrugado de 15 de Julho de 1979, cerca das 02h30 da manhã (hora de Lisboa)?
As cartas foram enviadas no mesmo dia e recebidas, por coincidência, na
mesma data também (na sua tradução, o sublinhado a negrito é nosso).
Resposta da NASA
NASA – National Aeronautics and Space Administration
Washington D. C. 20546
11 de Janeiro de 1980
Caro Senhor Maya,
Respondemos à sua carta de 11.12.79 sobre a reentrada do Skylab.
Sabemos, a partir de sinais electrónicos de observação de terra, que os painéis solares se conservaram ligados ao Skylab, até ao momento final, ou seja, até cerca de 55/60 milhas náuticas de altitude (102/111 km).
Embora a evidência seja inconcludente, cremos que os painéis solares tenham caído a Sudeste da Ilha da Ascensão, a cerca de 54 milhas náuticas (100 km) de altitude. A rota de voo foi sobre os oceanos Atlântico e Índico, passando a Sul do Continente Africano.
Ao longo deste trajecto, os painéis solares deverão ter ficado para trás do resto do Skylab, devido a diferenças de densidade e resistência. As análises indicam que a maior parte do material dos painéis se derreteria e vaporizaria e que pouco alcançaria a terra sob forma reconhecível. Algum material sobrevivente deverá ter amarado no Oceano Índico, próximo da Austrália, não mais tarde do que as 17h00 (hora de Londres) do dia 11 de Julho.
Sabemos que nada ficou em órbita, pois nada foi detectado por potentes radares, em toda a trajectória.
Não podemos dispor de gráficos referentes aos 4 dias finais. Contudo, o gráfico que incluímos mostra as possíveis rotas previstas 2 dias antes da reentrada na atmosfera terrestre.
Não é possível que qualquer parte do Skylab tenha permanecido em órbita até 15 de Julho.
Não obstante, todos os dias caem em terra numerosos restos de diversos satélites, bem como, centenas de meteoritos.
Lamentamos não poder esclarecê-lo sobre o assunto que nos escreveu.
Muito obrigado pelo seu interesse pelo nosso trabalho.
Muito sinceramente vosso,
Larry K. Edwards
Anexo: Predição de dois dias
Resposta da NORAD
Comando de Defesa Aérea da América do Norte
Peterson Air Force Base. Colorado 80914
14 de Janeiro de 1980
Caro Senhor Maya,
De pouca informação dispomos para responder às suas perguntas.
O nosso Centro de Computação Espacial não tem quaisquer dados sobre “asas” do Skylab, que se tenham desprendido a 190 km de altitude ou reentrado na atmosfera terrestre.
O NORAD controla até à sua reentrada nessa área, os objectos espaciais fabricados pelo homem e suficientemente grandes para sobreviverem a essa reentrada e colidirem na Terra. Asas ou painéis solares de um satélite desintegrar-se-ão provavelmente devido à fricção ma atmosfera terrestre e poderão ser observados da Terra, em particular à noite, como corpos em ignição, semelhantes à queda de um meteoro.
Também não temos quaisquer informações sobre satélites que tivessem reentrado na atmosfera, sobre ou perto de Portugal, em 15 de Julho, e é bastante improvável que algum pedaço do laboratório tenha permanecido em órbita para cair 4 dias mais tarde.
A NASA é o organismo directa e primeiramente responsável pelo regresso do Skylab, e poderá obter informações mais concretas, dirigindo-se Escritório dos Assuntos Públicos, NASA, Headquarters, 400 Maryland Ave., S.W., Washington, D.C. 20546-
Sinceramente,
D. W. Kindschi
Chefe da Divisão das Relações com os Média
Doutorado em Assuntos Públicos
Os Aforismos de Jacques Vallée
De todas as teses que pretendem englobar o fenómeno OVNI na sua totalidade, é – na minha opinião pessoal – na proposta do astrónomo e matemático Jacques Vallée que melhor se ajusta às múltiplas manifestações do «Fenómeno 15 de Julho». Com intuito de melhor esclarecer este ponto de vista, citamos um breve resumo dos seus “aforismos”:
1. O que chamamos um “objecto voador não identificado” não é, na realidade, nem um objecto, nem uma coisa voadora. De facto, não se pode falar de objecto quando uma entidade física se materializa ou se desmaterializa num determinado local, ou ocupa no mesmo instante o mesmo espaço que uma outra entidade.
É somente em alguns casos particulares que a tecnologia OVNI se apresenta sob a forma de um aparelho material, possuindo propriedades da física tradicional.
2. Os OVNIs foram vistos durante toda a história conhecida e receberam sempre uma explicação em termos da cultura terrestre.
Na Antiguidade, os seus ocupantes eram considerados deuses; na Idade Média eram tidos por magos; e no século XIX, por génios da invenção.
Finalmente, na nossa época, são considerados visitantes interplanetários.».
3. A tendência actual de considerar os OVNIs como visitantes vindos do espaço não se baseia num raciocínio inteiramente lógico.
O fenómeno poderia ter as mesmas características superficiais que uma visita de extraterrestres e basear-se, na realidade, numa tecnologia bastante evoluída num sentido muito complexo (utilizando, por exemplo, para sua locomoção a estrutura espaço/tempo ou tendo a sua origem num hipotético “universo paralelo”).
Se o tempo e o espaço não são tão simples, na realidade, quanto o supõe a física actual, a questão de saber de onde eles vêm pode deixar de ter sentido.
4. A chave da compreensão do fenómeno reside nos efeitos físicos produzidos por ele (ou na transformação da consciência psíquica gerada entre aqueles que o observam) (...)
5. O contacto entre as testemunhas humanas e o fenómeno OVNI é produzido em condições controladas pelo último. A sua característica é uma invariável de absurdo que leva a sociedade-hóspede a rejeitar o testemunho, o qual é assimilado num nível inconsciente profundo (…).
O Caso de Montejunto
O caso mais flagrante e sintomático de que o Fenómeno de 15 de Julho de 1979 não cabe dentro das explicações normais de factos naturais extraordinários – meteorito, painéis solares ou, ainda, a aurora boreal – terá sido, sem dúvida, até ao momento, o que se passou nessa madrugada, na Serra de Montejunto.
Este caso foi apresentado em destaque na “I Jornada de Informação OVNI” do CEAFI, realizada no Porto, de 12 a 13 de Janeiro passado (ver notícia neste nº 36), pelo responsável do núcleo do CEAFI de Lisboa, José Sottomayor.
Este caso, revestido de precauções de anonimato, pelo facto de se ter passado com testemunhas militares – e a seu pedido – teve também efeitos verificados em animais ali existentes.
Ás 3 horas da manhã de 15 de Julho, cinco militares em serviço nas instalações do Posto de Apoio de Rádio e Radar da Força Aérea, na Serra de Montejunto, entre os quais se encontrava um sargento, começaram a notar que um ponto vermelho, um “morrão de cigarro”, como disseram, um pouco maior que uma estrela, aproximava-se em crescendo até que, ao estacionar à vertical do local, adquiriria uma dimensão importante (cerca de metade da lua cheia em zénite).
Foi então que, de repente, um jorro intensíssimo dessa fonte de luz se precipitou instantaneamente (como se acendesse) sobre os homens – os seus testemunhos são unânimes – completamente surpreendidos por um gigantesco néon rectangular, «do tamanho de um prédio de dois andares, direito e esquerdo – segundo a expressão de um deles – e que ficou a pairar, imóvel.
A “coisa” teria uns 10x20 metros e estaria a uns 300 metros de altura, segundo cálculos do sargento que, embora não pudesse explicar o sucedido, pensa que a luz vermelha que se aproximou à vertical do local, estivesse bastante baixa e mais não seria do que uma luz piloto que ocultava essa «presença estranha», até ao momento em que esta acendeu.
Toda a natureza, que no verão é ruidosa, ficou em total silêncio. Os cães-polícia presentes com um dos tratadores, não se mexeram. Atónitos estavam também dois dos soldados que nesse momento se encontravam na porta-de-armas. Os outros dois e o sargento viviam os segundos mais longos das suas vidas.
A luz que os inundou provocava-lhes um calor intenso por todo o corpo, sobretudo nas mãos e no rosto. Um grupo de militares que se encontrava num edifício num local mais alto, ao aperceberem-se dos factos tentaram, em vão, entrar em contacto telefónico com a ronda. Os telefones não funcionavam e o radar do Centro não estava, nesse momento, a operar.
Total estupefacção
Quatro ou cinco segundos depois, a luz »recolheu» instantaneamente ao círculo luminoso inicial. O enorme painel de luz rectangular apagara. A “luz de presença” vermelha, provocando forte «sopro vibratório», arrancou então a velocidade moderada em direcção a uma colina situada na proximidade.
O som – que segundo outra testemunha, era cavo e envolvente, teria mesmo provocado ligeira vibração do terreno – permaneceu ainda um pouco de tempo, após o «fosse o que fosse» se ter ocultado para lá da elevação, tendo parado então, de seguida, o que levou os militares a pensar que ele poderia ter aterrado ali.
Toda a natureza, que desde o clarão permaneceu em intenso “suspense”, explodiu em nervosa agitação. Os cães não cessavam de latir, uivar e ladrar, e os faisões de capoeira, entraram em pânico por longo tempo ainda.
Na expectativa de que «aquilo», que parecia ter poisado não muito longe dali, levantasse roncando de novo, os observadores permaneceram em estado de alerta pela madrugada dentro.
Para os dois elementos do CEAFI que elaboraram o inquérito, não existem dúvidas algumas quanto à seriedade das pessoas em causa. Além de não terem sido detectadas quaisquer contradições entre elas, mas apenas pormenores complementares, os seus depoimentos obtiveram um índice de sinceridade e de credibilidade total.
O sargento, que durante a guerra de África enfrentara situações deveras melindrosas, confessou que esta fora, sem dúvida, a experiência mais forte que passara na vida. «Não a quero repetir!» - afirmou. «Não é por medo! Sou militar e controlo-me… É pelo insólito e inexplicável. O facto de não ter uma explicação, de não encontrar uma resposta, deixa-me estupefacto!».
Pesquisa e texto
António José Maya e a Equipa do NOSTRA
Notas
(1) Na realidade, o fenómeno decorreu durante cerca de três horas e meia.
(2) Hoje, eu não diria dezenas, mas muitas centenas de milhar!
(3) Segundo 5 testemunhas que conversavam dentro de um automóvel, às escuras e em local ermo, perto da Praia Azul, em Santa Cruz, Torres Vedras. Perante o espanto geral, uma delas admirou-se de poder ver os seus sapatos iluminadas pela luz do clarão que incidiu à vertical do tecto da viatura. A luz não provocara sombra. Aparentemente, onde houvesse ar, havia luz.
(4) Confirmei, no FaceBook, com o António Manuel Ribeiro, vocalista da banda UHF, a ocorrência do fenómeno luminoso dessa noite (A J Maya, 2019)
(5) Comício do Partido Comunista Português, durante o qual a deputada Zita Seabra, que na altura era do P*P, discursava no preciso momento em que a noite se fez dia sobre a terra e sobre o mar e que um blackout nas luzes da cidade à beira-mar a deixava de microfone mudo e estupefacta, tanto, que mal a energia eléctrica voltou, permitiu-se gritar a quem, em espanto, lá estava: «Camaradas, os americanos acabaram de lançar uma bomba atómica!».
(6) Eurico da Fonseca (1921 - 2000) foi o principal especialista português em astronáutica. Estendeu o seu trabalho a outras áreas, como informática, energias renováveis e automóveis e divulgador científico na RTP.
Jornal NOSTRA nº 36, de 8 Março 1980. Relatório do Fenómeno.
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