13/11/2025
«Hoje, vou-te dar a chama», disse o fósforo.
A vela, inquieta, respondeu:
«Não... se me acenderes, vou-me consumir. Os meus dias estarão contados.»
O fósforo ficou em silêncio um instante, depois perguntou suavemente:
«Queres mesmo passar a tua vida assim? Fria, paralisada... sem nunca brilhar?»
A vela baixou a voz:
«Inflamar-me fará mal... e eu irei desaparecer pouco a pouco.»
«Sim, isso fará mal. E sim, tu te consumirás», respondeu o fósforo.
«Mas é para isso que existimos. Eu, para te acender... e tu, para iluminar.»
«A minha chama é pequena, efémera... mas se te a transmitir, terei cumprido a minha razão de ser.»
A vela hesitou.
Então, antes que a chama do fósforo se apagasse, murmurou:
«Por favor... acende-me.»
Então, a luz nasceu.
Uma luz quente, viva, que transformou o ambiente.
A vela compreendeu que o seu verdadeiro valor não residia em permanecer intacta,
mas em se dar, até iluminar à sua volta.
Às vezes, oferecer o melhor de si faz sofrer.
Mas é essa parte que se dá que muda tudo.
Talvez o amor, no fundo, seja isso: aceitar queimar um pouco de si para tornar o mundo menos sombrio.