08/11/2025
QUANDO AS PESSOAS ADOECEM
Quando as pessoas adoecem, algo terrível acontece.
Não é só o corpo que fraqueja, é o mundo que se afasta.
De repente, quem antes era rodeado, querido, convidado e lembrado, torna-se um incómodo.
As mensagens param. Os convites desaparecem. As pessoas que um dia chamaram “amiga” fingem não ver, não saber, não ter tempo.
Enquanto há alegria, há público. Enquanto há sucesso, há aplausos.
Mas basta a doença chegar, basta a fragilidade aparecer, e os mesmos que batiam palmas são os primeiros a sair.
Adoecer é descobrir quem f**a e quem só aplaudia por reflexo.
É ver o quanto o amor e a amizade, que pareciam eternos, se desfazem na primeira prova de verdade.
Há quem não suporte o espelho que a doença levanta, porque a vulnerabilidade dos outros lembra-nos a nossa própria finitude.
Então viram costas, disfarçam, justif**am-se com a pressa do quotidiano e chamam-lhe “vida a seguir o seu rumo”.
Mas não é vida. É cobardia.
No meio desse silêncio, houve poucos.
Poucos, mas bons, uma Andreia Café , uma Denise, um Tino Zé , uma Joana , um Rodas entre outras pessoas que foram agradáveis surpresas …
Gente verdadeira que ficou, que perguntou, que se lembrou.
Que teve a decência de dizer “como está ela?”, de mandar um simples “beijinho à tua irmã”.
São gestos pequenos, mas num mundo que esquece, tornam-se imensos.
E houve também quem tivesse jurado amor, fidelidade, presença, e abandonou o barco.
Quando a tempestade começou, saltou para terra firme e ainda foi aplaudido por quem não viu, não quis ver, ou preferiu acreditar na versão mais cómoda.
A minha irmã perdeu quando mais precisava.
Levou com o peso da doença, do silêncio, da solidão e da injustiça. É mais fácil intitular como louca…
E mesmo assim, não desistiu, é uma mulher corajosa. Hoje vive com pouco, mas com a dignidade de quem nunca precisou mentir para ser amada.
Porque a verdade dela incomoda.
É luz em tempos de escuridão, é espelho do que muitos não querem ver.
Quando as pessoas adoecem, o mundo mostra a sua verdadeira cara.
E às vezes o que dói não é a doença. É a indiferença.
Estou aqui para ti, sempre !