08/11/2025
Pais que invalidam as emoções dos filhos.
Na educação, como noutras áreas da vida, muitas das coisas boas e fundamentais nada têm a ver com a questão material. Crescer num seio familiar onde os pais transmitem segurança, afecto e validação aos seus filhos é do melhor que pode acontecer aos mais pequenos, pela felicidade que lhes proporcionam e pela promoção da sua saúde mental. Crianças com uma vinculação segura sentem-se livres para explorar, brincar e expressar os seus sentimentos, justamente porque confiam no apoio e acolhimento dos pais. Damos por adquirido que este vínculo emocional é naturalmente alimentado pelos pais e, no entanto, muito pais não têm a sensibilidade para atender às necessidades da criança estabelecendo uma relação de vinculação com a criança que poderá ser disfuncional e vir a trazer problemas futuros nas suas relações com os outros, consigo mesma e na regulação das suas emoções.
Fazer crer a uma criança que uma boa parte das suas necessidades são erradas ou defeituosas é gerar uma fonte de ansiedade e angústia, que irá debilitar a sua auto-estima e deformar o sentido de identidade. A invalidação emocional acontece sempre que alguém rejeita, minimiza ou manipula os sentimentos. Reconhecer as necessidades, as emoções e os sentimentos das crianças sem as julgar ou criticar favorece o seu crescimento psico-emocional e a sua identidade, pois é assim que eles se sentem compreendidas e valorizadas, da mesma forma que quando os pais invalidam as emoções e sentimentos, contribuem para um crescimento psico-emocional dado a múltiplas perturbações mentais. Como se produz este tipo de mecanismo de invalidação parental?
Pela punição: incutindo o medo.
As crianças são crianças e não adultos, exprimem as suas necessidades através de comportamentos, como mostrar-se assustada ou ansiosa, mostrar-se inquieta, com “dores de barriga” ou chamar a atenção, que, se não forem compreendidos e atendidos, podem levar facilmente ao esgotamento dos pais. Se não se compreende o que está por detrás desses comportamentos, tende-se a invalidá-los, a negligenciá-los e a recusar dar a resposta mais adequada a cada situação. Muitos pais por falta de tempo ou por falta de sensibilidade, rapidamente passam de um registo de incompreensão para a punição, seja gritando, o mais das vezes, ou mesmo chegando à palmada. A educação baseada no medo e na dor física, no lugar de acalmar e tranquilizar, apenas gera incompreensão, ansiedade e culpabilidade.
Pela minimização: o que a criança sente não é importante.
Minimizar é o recurso mais utilizado pelos pais para invalidar as emoções dos filhos. Acontece sempre que o adulto rejeita ou subestima a emoção sentida pela criança, sem explorar aquilo que a motiva. Uma frase ou comentário do género “isso não é nada”, “não te preocupes porque é só um brinquedo”, “não estejas triste, há coisas mais sérias na vida”, são formas de esvaziar as experiências psico-emocionais da criança, retirando a importância que a criança lhes atribui, fazendo-lhe crer que as suas emoções e problemas não são importantes.
O “gaslighting” emocional da criança
Esta prática parental consiste a modificar conscientemente o que a criança sente como forma de adquirir poder sobre ela. Assim, as emoções não são apenas invalidadas, mas também deformadas fazendo crer à criança que alguma coisa não está bem com ela, ou que aquilo que lhe acontece ou de que tem necessidade, não é bem aquilo, mas outra coisa qualquer. Frases do género “O que se passa é que és muito sensível e frágil”, “Tu não tens fome, simplesmente tens sono”, “tu não te encolerizas, estás só aborrecido”, “Cala-te, não sabes o que é estar mal, és só uma criança mimada”, ilustram bem esta estratégia do gasligthing.
O exposto acima apenas nos lembra a que ponto é decisivo para o harmonioso desenvolvimento das crianças, a adequada orientação dos pais sempre que os seus filhos se expressam emocionalmente, o que, se estiverem bem atentos vão reparar que acontece muitas vezes, fruto das muitas experiências porque passam no dia-a-dia. Educar uma criança não é tarefa fácil, mas com consciência, esperança e amor é possível construir uma infância assente numa relação transmita segurança essencial para desenvolver uma personalidade saudável, com a confiança necessária para enfrentar os desafios da vida.
Bom dia a todos!
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