07/12/2025
A obesidade não começa no prato.
Nem na decisão.
Nem na força de vontade.
Começa muito antes —
nos fios invisíveis da biologia que nos habita,
nos sinais silenciosos do cérebro,
nas hormonas que nos sussurram fome,
nos genes que herdámos sem pedir,
no ambiente que nos molda sem consentimento.
Reduzir a obesidade ao comportamento
é como culpar a superfície pelo que nasce no profundo.
A ciência mostra o que durante décadas tentaram simplificar:
a fome é um fenómeno neurobiológico,
a saciedade é um diálogo hormonal,
o peso é uma dança entre genética e ambiente,
e o comportamento é apenas a última nota
de uma música que começou muito antes de sermos conscientes.
Quando entendemos isto,
a culpa perde espaço.
E o cuidado ganha lugar.
Porque tratar a obesidade não é corrigir escolhas —
é compreender sistemas.
É respeitar história, corpo e biologia.
É devolver dignidade a quem sempre carregou demasiado peso que não era seu.