21/04/2025
O psicodiagnóstico fundamentado na radicalidade do método científico não consegue dar conta de toda a realidade psicológica, sua tentativa de espetar no alfinete o fenómeno psíquico, submetendo-o a relações de causalidade, previsão, comprovação e controle, tem-se tornado hegemónico como o único modo de se chegar a verdade.
Como então tornar o olhar poético uma fonte de validade e comprovação do fenómeno psíquico?
A imagem poética pode sim estar presente no psicodiagnóstico, ela dá sentido as coisas, subsidia seus significados. Na imagem poética cada nuance é profundamente significativo, ela não se permite engaiolar em generalizações. Para isso é preciso que um psicólogo seja poroso, que acolha a imagem e sua lentidão a fim de permitir que ela penetre sua intimidade . É imaginar o fenómeno psíquico como um pequeno pássaro que pousa suavemente na palma da sua mão, que o adota com delicadeza e cuidado. E agora sem memória acolhe o outro ser em toda sua potencialidade, sem julgamentos e pré-conceitos:
A escuta clínica que amplia o horizonte existencial não pode se desvincular da inspiração poética na compreensão diagnóstica:
"...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós." Manoel de Barros