17/11/2025
🖤🌑 O Encontro com o Jaguar — 15/11/2025 (Sábado)
Relato em primeira pessoa de uma travessia xamânica espontânea
Na noite de 15 de novembro de 2025, sábado, sem ritual marcado, sem círculo à volta, sem tambor, sem plantas sagradas e sem qualquer preparação, fui empurrada para um território que reconheço bem:
o território do transe, da travessia, do mundo de dentro.
Não foi uma cerimónia xamânica…
mas também não foi apenas um sonho.
Foi aquele lugar intermédio onde o corpo dorme, mas a alma acorda.
Chamam-lhe, em muitas tradições, o encontro com o Jaguar — o guardião da sombra, o animal que rasga o véu entre o que vemos e o que escondemos de nós.
E, nessa noite, eu entrei lá.
Não porque quis, mas porque era o momento.
Primeiro veio a sensação de descer.
Depois, o silêncio que não é silêncio — é densidade.
E, no meio dessa densidade, eu.
A certa altura, percebi que algo estava a querer emergir em mim.
Uma força antiga, bruta, primitiva.
Um rugido silencioso a tentar romper-me de dentro para fora.
Foi assustador.
Não pelo que vi, mas pelo que senti:
a transformação, o confronto, o início de algo que eu não estava pronta para olhar de frente.
Senti que estava prestes a ser engolida pela minha própria sombra.
Senti que ia perder o controlo.
Senti que ia deixar de ser eu para me transformar em algo que eu ainda não conhecia.
E foi aí — exatamente aí — que chamei os meus guias.
Não com palavras.
Com alma.
E eles vieram.
Vi-os.
Senti-os.
Apareceram como sempre aparecem: firmes, silenciosos, presentes.
Tiraram-me daquele território com a mesma rapidez com que entrei.
Resgataram-me como quem resgata uma criança prestes a cair num abismo.
Trouxeram-me de volta ao corpo.
Ao quarto.
Ao plano físico.
Não acordei assustada.
Acordei exausta.
Como quem volta de uma batalha interna que ainda não terminou.
E percebi:
não era para eu ver tudo naquela noite.
O processo ficou a meio… e talvez um dia volte, quando o meu sistema estiver preparado.
No xamanismo, isso acontece.
Quando a alma ainda não tem força para olhar o resto, os guias fecham a porta.
Mas fiquei com a mensagem mais clara e mais verdadeira que aquela noite podia trazer:
Eu sou protegida. Ninguém pode nada contra mim.
E isto não foi só um pensamento.
Foi uma certeza que me atravessou o corpo como fogo.
Foi o Jaguar a mostrar-me que a força que eu procuro fora… mora dentro.
E que os meus guias não são uma ideia bonita: são reais, são presentes, são meus.
O corpo ainda está cansado.
A mente ainda está a integrar.
E eu sei que esta travessia pode voltar quando eu estiver pronta para ver o que ficou por revelar.
Por agora, fiquei com o essencial:
A minha sombra tem força.
Os meus guias têm poder.
E eu não estou sozinha — em lado nenhum.