09/11/2025
“Hoje quero-vos falar do meu irmão, cunhada e filho
O meu irmão estudou Direito e Ciência Política.
Sonhava com justiça, sonhava mudar o mundo.
Mas o Afeganistão tirou-lhe o futuro e o direito de sonhar.
Não havia trabalho na sua área, e por isso teve de seguir o ofício do nosso pai — alfaiate — e aprendeu a costurar para sustentar a família.
Mesmo assim, nunca desistiu de ajudar os outros.
Trabalhou com a FIFA como observador e secretário nas eleições, em zonas perigosas da província de Balkh.
Mas quando o Talibã regressou, tudo se desfez.
O diploma guardou-se numa gaveta e o medo voltou a coser o destino de muitos.
A sua esposa sempre foi uma mulher brilhante — inteligente, trabalhadora, uma força silenciosa.
Conseguiu entrar na Universidade de Balkh com uma das melhores notas e estudava Economia.
Sonhava ser boa esposa, mãe e uma mulher respeitada na sociedade afegã.
Durante o primeiro ano de faculdade, casou-se e teve um filho.
A minha mãe cuidava do bebé enquanto ela estudava e ensinava Matemática numa escola.
Mas quando o Talibã regressou, tudo parou.
O medo venceu os livros.
Foi obrigada a abandonar a universidade e a deixar o sonho para trás.
Quando fugimos para o Irão, ela tentou continuar os estudos, mas as portas estavam fechadas:
sem documentos, sem dinheiro, sem direito a sonhar.
Mesmo assim, nunca perdeu a doçura, nem a vontade de aprender.
O seu filho chama-se Liyo.
Quando chegámos ao Irão, ele era a nossa única alegria.
Trazia vida à casa com o seu riso inocente.
No ano passado nasceu a sua irmã, Helen, uma menina linda, de olhos grandes e cheios de luz.
Sempre que a via, o meu coração abria-se e sentia esperança.
Mas quando o meu irmão e a sua família foram deportados, chorei até de manhã.
Senti que não iria resistir.
Hoje, Liyo e Helen vivem escondidos, no medo e silêncio, com os pais.
A pequena Helen, com apenas oito meses, está doente e sem leite materno, porque a mãe, tão frágil e cansada, já não consegue amamentar.
Escrevo isto com o coração apertado.
Porque tudo isto — esta dor, este afastamento, este exílio — aconteceu por causa do meu trabalho, por acreditar na liberdade, na educação e na paz.
E ainda assim, continuo a acreditar.
Acreditar que um dia, o mundo será mais justo.
Que Deus nos proteja a todos. Por favor ajudem-nos a ter paz e deixar de ter medo” ✍️Nasira
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