Estilo de vida saudável

Estilo de vida saudável Cuidamos da nossa saúde física e psicológica

“Mãe, tu destruíste a nossa família!” — as palavras do meu filho ecoam-me na cabeça há semanas, como um trovão que não s...
01/12/2025

“Mãe, tu destruíste a nossa família!” — as palavras do meu filho ecoam-me na cabeça há semanas, como um trovão que não se dissipa. Ainda hoje me pergunto: como é que uma simples chávena de chá pode ser o estopim para perder o meu único filho?

Era uma tarde de domingo, daquelas em que o cheiro do assado se mistura com o som da televisão e as vozes da família. O António, o meu filho, tinha vindo almoçar connosco, acompanhado da Ana, a minha nora. Eu estava nervosa — sempre fico quando eles vêm cá. Quero que tudo esteja perfeito, que sintam que esta ainda é a casa deles. Mas há sempre aquela tensão no ar, como se cada gesto meu fosse avaliado.

“Ó Ana, faz-me um favor e traz-me uma chávena de chá à sala, se fazes o obséquio”, pedi-lhe, enquanto arrumava a mesa. Ela olhou para mim com um sorriso amarelo, mas não se mexeu. O António levantou os olhos do telemóvel e ficou a observar. Senti-me desconfortável, mas insisti: “Se não te importas… estou com as costas feitas num oito.”

A Ana levantou-se devagar, foi à cozinha e voltou com a chávena. Pousou-a à minha frente com um gesto brusco. “Aqui tem”, disse, sem olhar para mim. O António ficou calado. O silêncio era pesado. Tentei aliviar o ambiente: “Obrigada, querida.” Mas ela já estava de volta ao sofá.

Depois do almoço, ouvi-os a discutir baixinho na varanda. Não percebi tudo, mas apanhei fragmentos: “A tua mãe trata-me como empregada”, “Não é isso, ela só pediu um chá”, “Nunca é só isso”. Senti-me pequena, como se tivesse feito algo terrível sem perceber.

Quando voltaram para dentro, o António estava pálido. “Mãe, podemos falar?” Fomos para o quarto dele — ainda guardo tudo como estava quando ele saiu de casa. Sentámo-nos na cama.

“Mãe… tens de perceber que a Ana não é tua criada. Ela sente-se desconfortável quando lhe pedes coisas assim.”

Fiquei sem palavras. “António… eu só pedi um chá. Sempre foi assim cá em casa.”

“Pois… mas agora é diferente. Tens de dar espaço.”

Senti uma dor aguda no peito. “Então não posso pedir nada? Nem sequer um chá?”

Ele suspirou. “Podes… mas tenta perceber que ela não está habituada.”

Fiquei ali sentada depois de ele sair, a olhar para as paredes cheias de posters antigos do Benfica e dos Nirvana. Senti-me velha, fora do tempo deles.

Nos dias seguintes, o António não me ligou. Mandei mensagens — “Está tudo bem?”, “Quando vens jantar?” — mas só recebia respostas secas: “Estamos ocupados”, “Logo vemos”. Comecei a sentir um vazio enorme em casa. O silêncio era ensurdecedor.

Uma semana depois, tentei ligar-lhe. Atendeu ao fim de muitos toques.

“António… desculpa se fiz alguma coisa errada.”

“Mãe, precisamos de espaço. A Ana sente-se mal cada vez que vamos aí.”

“Mas eu só quero ajudar… só quero que se sintam bem.”

“Pois… mas às vezes parece que queres controlar tudo.”

Chorei depois de desligar. Senti-me injustiçada — sempre dei tudo pelo meu filho. Criei-o sozinha desde que o pai nos deixou por outra mulher em Vila Real. Trabalhei noites no hospital para lhe pagar os estudos. Nunca lhe faltou nada — nem amor, nem comida quente na mesa.

Lembrei-me de quando ele era pequeno e vinha ter comigo à cozinha: “Mãe, fazes-me um leite com chocolate?” E eu fazia sempre, mesmo cansada. Agora era eu a pedir um chá… e era demais.

Os meses passaram. O António afastou-se cada vez mais. No Natal, vieram só deixar as prendas à porta. Não quiseram entrar — “Estamos com pressa”. Passei a noite sozinha a olhar para a árvore de Natal e para as luzes da rua.

As vizinhas perguntavam: “Então o António? Já não o vemos por aqui…” Eu sorria e mudava de assunto.

Um dia encontrei a Ana no supermercado. Cumprimentei-a com um sorriso tímido.

“Olá Ana… está tudo bem?”

Ela olhou-me nos olhos: “Maria do Carmo, eu sei que quer o melhor para o António… mas às vezes sinto que não gosta de mim.”

Fiquei sem chão. “Ana… claro que gosto de ti! Só quero que sejas feliz com ele.”

Ela encolheu os ombros: “Às vezes parece que quer controlar tudo… eu não sou a sua filha.”

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— Não admito que fales assim com a tua mãe, Miguel! — gritei, sentindo o peito apertado, enquanto a minha sogra, Dona Te...
01/12/2025

— Não admito que fales assim com a tua mãe, Miguel! — gritei, sentindo o peito apertado, enquanto a minha sogra, Dona Teresa, me lançava aquele olhar frio que sempre me fazia sentir pequena.

A sala estava carregada de tensão. O cheiro do café acabado de fazer misturava-se com o perfume floral da minha mãe, Dona Amélia, que tentava disfarçar o desconforto mexendo nervosamente na chávena. O relógio da parede marcava 19h12, mas parecia que o tempo tinha parado ali, entre as quatro paredes do nosso modesto apartamento em Vila Nova de Gaia.

Tudo começou com um comentário aparentemente inocente. Dona Teresa, como sempre, não resistiu:

— Leonor, tens a certeza que este arroz está bem cozido? A minha receita é diferente…

A minha mãe sorriu, tentando aliviar o ambiente:

— Cada uma tem o seu jeito, não é verdade? O importante é estarmos juntas.

Mas Dona Teresa não se deu por vencida:

— Pois, mas há maneiras e maneiras. Miguel sempre gostou do arroz soltinho, não é filho?

Miguel olhou para mim, hesitante. Senti-me traída pelo seu silêncio. Era como se a minha sogra tivesse sempre razão e eu fosse apenas uma intrusa na própria casa.

Desde que casei com o Miguel, há três anos, nunca consegui encontrar o meu lugar nesta família. A minha sogra fazia questão de lembrar-me disso em cada gesto, cada palavra. E hoje, com a minha mãe ali, parecia querer provar algo — talvez que eu nunca seria suficiente para o filho dela.

O jantar prosseguiu entre silêncios constrangedores e trocas de olhares. O meu filho pequeno, Tomás, brincava no tapete da sala, alheio à tempestade iminente. Eu tentava engolir a comida e as lágrimas ao mesmo tempo.

Depois do jantar, enquanto arrumava a cozinha com a minha mãe, ouvi as vozes elevarem-se na sala. Corri para lá e deparei-me com Dona Teresa de pé, apontando o dedo ao Miguel:

— Não percebo como permites isto! A tua mulher não sabe cuidar da casa nem do filho! Olha para este caos!

Miguel tentou acalmar a mãe:

— Mãe, por favor…

Mas ela continuou:

— No meu tempo não era assim! Eu fazia tudo sozinha e nunca precisei da ajuda de ninguém! Esta geração é toda mimada!

Senti o sangue ferver. A minha mãe entrou na sala e ficou ao meu lado. Pela primeira vez, vi-a hesitar — aquela mulher forte que me criou sozinha agora parecia frágil diante daquela tempestade.

— Dona Teresa — disse a minha mãe com voz trémula —, cada família tem as suas rotinas. A Leonor faz tudo pelo melhor.

Dona Teresa bufou:

— Não me venha ensinar como se educa um filho! Veja só como está esta casa! E o Tomás? Sempre a correr de um lado para o outro! No meu tempo…

Não aguentei mais. Senti as lágrimas escorrerem pelo rosto.

— Chega! — gritei. — Esta é a minha casa! O Miguel é meu marido e o Tomás é meu filho! Não admito mais estas humilhações!

O silêncio caiu como uma pedra. Miguel olhou para mim, surpreso com a minha explosão. A minha mãe segurou-me a mão com força.

Dona Teresa pegou na mala e dirigiu-se à porta:

— Quando aprenderes a ser mulher e mãe, talvez eu volte cá.

A porta bateu com força. Fiquei ali parada, sentindo o coração aos saltos. Miguel aproximou-se de mim:

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— Outra vez, mãe? Não consigo dormir com esse barulho! — gritei, apertando o travesseiro contra os ouvidos. O lamento vi...
01/12/2025

— Outra vez, mãe? Não consigo dormir com esse barulho! — gritei, apertando o travesseiro contra os ouvidos. O lamento vinha do apartamento 3B, mesmo em frente ao nosso. Era um choro agudo, quase animal, que atravessava as paredes finas do prédio antigo na Rua dos Anjos.

A minha mãe, Dona Teresa, suspirou fundo e desligou a televisão. — Filha, já te disse para não te meteres. Cada um sabe de si. — Mas eu não conseguia ignorar. O som era tão constante que parecia fazer parte da mobília, como o ranger do soalho ou o cheiro a café queimado nas manhãs de domingo.

No início, todos pensámos que era só uma criança birrenta. Mas com o passar das semanas, o choro tornou-se mais desesperado, mais frequente. Às vezes, misturava-se com gritos abafados e sons de coisas a partir. Começaram as conversas sussurradas nas escadas:

— Já ouviste o que se passa no 3B?

— Dizem que a mulher ficou sozinha com o filho depois do marido fugir.

— Eu ouvi que ela perdeu o emprego e anda a passar fome.

A curiosidade misturava-se com medo. Ninguém queria ser o primeiro a bater à porta. O senhor Manuel, do rés-do-chão, sugeriu chamar a polícia. Dona Amélia, sempre pronta para um escândalo, dizia que era melhor não nos metermos na vida dos outros.

Eu não conseguia deixar de pensar no menino do 3B. Imaginava-o encolhido num canto, rodeado de brinquedos partidos e sonhos desfeitos. Uma noite, não aguentei mais. Esperei até ao silêncio da madrugada e fui até à porta deles. Bati devagarinho.

Do outro lado, ouvi passos arrastados. A porta abriu-se uma fresta e vi um olho vermelho e desconfiado.

— Quem é? — perguntou uma voz rouca.

— Sou a Inês, moro em frente... Está tudo bem?

O silêncio caiu pesado entre nós. Senti o cheiro a m**o e algo mais — talvez medo ou vergonha. A mulher abriu um pouco mais a porta e vi o rosto dela: pálido, com olheiras profundas.

— Está tudo bem, obrigada — disse ela, fechando a porta antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.

Voltei para casa com o coração apertado. Contei à minha mãe, que me olhou com reprovação.

— Vês? Não ganhaste nada com isso. Agora vão pensar que somos cuscas.

Mas eu sabia que não podia ficar indiferente. Nos dias seguintes, tentei sorrir para ela no elevador, mas ela desviava sempre o olhar. O choro continuava, cada vez mais alto.

Uma tarde, ao regressar da escola, encontrei o senhor Manuel à porta do prédio, a discutir com dois polícias.

— Não aguentamos mais! — exclamava ele. — Isto não é vida!

Os polícias subiram ao 3B e bateram à porta. O prédio inteiro ficou em silêncio. Espreitei pela minha porta entreaberta e vi quando eles entraram. Passaram-se minutos que pareceram horas até saírem, acompanhados pela mulher e uma criança magra de olhos enormes.

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— Beatriz, abre a porta! Eles já chegaram! — ouvi a voz da minha sogra, Dona Lurdes, ecoar pelo corredor antes mesmo de ...
01/12/2025

— Beatriz, abre a porta! Eles já chegaram! — ouvi a voz da minha sogra, Dona Lurdes, ecoar pelo corredor antes mesmo de conseguir pousar o tabuleiro de bacalhau.

O meu coração disparou. Não era suposto termos convidados para a Páscoa este ano. Eu tinha planeado um almoço tranquilo, só com o meu marido Rui, o nosso filho Tomás e, claro, Dona Lurdes, que já fazia parte do mobiliário da casa desde que o sogro morreu. Mas quando abri a porta, deparei-me com uma multidão: os primos de Vila Real, a tia Augusta com as suas malas enormes, o tio Manuel a arrastar uma caixa de vinhos e até a pequena Joana, que nunca largava o tablet.

— Surpresa! — gritou Augusta, abraçando-me com força. — Viemos passar a Páscoa convosco! Que alegria!

Alegria? Senti um nó no estômago. Olhei para Rui, que encolheu os ombros, impotente. Dona Lurdes sorria como se tivesse ganho o Euromilhões.

— Beatriz, querida, não te importas pois não? Família é família! — disse ela, já a distribuir beijos e a indicar quartos.

A casa encheu-se de vozes, risos e malas espalhadas por todo o lado. O cheiro do bacalhau misturava-se com perfumes fortes e o som da televisão competia com discussões sobre futebol. O Tomás desapareceu para o quarto, assustado com tanta confusão.

Naquela noite, mal consegui dormir. O colchão improvisado no chão do escritório rangia cada vez que Rui se mexia. Do outro lado da parede, ouviam-se gargalhadas e copos a tilintar.

— Isto vai correr mal — murmurei para Rui.

Ele suspirou:

— É só até segunda-feira. Aguenta mais um bocadinho.

Mas segunda-feira parecia um sonho distante. No domingo de manhã, Augusta já estava na cozinha a criticar o meu folar:

— Na minha terra faz-se com mais canela. E este está seco…

O tio Manuel reclamava do café:

— Isto é água suja! Não tens café à séria?

A pequena Joana gritava porque queria ver desenhos animados na televisão da sala, enquanto Dona Lurdes insistia em pôr música popular portuguesa no volume máximo.

Senti-me uma estranha na minha própria casa. Cada canto estava ocupado: Augusta estendia roupa na varanda sem pedir licença; Manuel usava o meu computador para ver apostas desportivas; Joana espalhava brinquedos pela sala inteira. Até o Tomás começou a perguntar quando é que "os estranhos" iam embora.

Na segunda-feira, ninguém deu sinais de arrumar as malas. Pelo contrário: Augusta sugeriu um jantar especial para "celebrar a família reunida".

— Beatriz, faz aquele arroz de pato que tu sabes! — pediu ela, como se eu fosse empregada.

Olhei para Rui em busca de apoio. Ele desviou o olhar.

À noite, depois de todos se deitarem, fui à varanda respirar fundo. As lágrimas caíram sem eu conseguir controlar. Senti-me invadida, desrespeitada e sozinha. O meu lar já não era meu.

No dia seguinte, tentei conversar com Dona Lurdes:

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— Mãe, posso ficar aqui uns tempos? — A voz da Marta tremeu, os olhos vermelhos de quem não dormia há dias. O pequeno To...
01/12/2025

— Mãe, posso ficar aqui uns tempos? — A voz da Marta tremeu, os olhos vermelhos de quem não dormia há dias. O pequeno Tomás, de três anos, agarrava-se-lhe à perna, com o boneco preferido pendurado pela mão.

Eu estava a preparar o jantar, mas larguei logo a colher de pau. O cheiro do refogado enchia a cozinha, mas naquele instante tudo perdeu importância. Olhei para a minha filha — a minha menina — e vi nela uma mulher desfeita, cansada, com o rosto marcado por lágrimas recentes.

— Claro que podes, filha. Esta casa é tua. — Tentei sorrir, mas senti o nó na garganta apertar.

Marta entrou, arrastando a mala pelo corredor. Tomás correu para o sofá e atirou-se às almofadas. Ela pousou a mala junto à porta e ficou ali parada, como se não soubesse para onde ir.

— O Miguel sabe? — perguntei, baixinho.

Ela abanou a cabeça. — Não. Não sabe de nada. Nem do que aconteceu… nem do resto.

O silêncio caiu entre nós como um cobertor pesado. Eu sabia que havia mais do que um simples desentendimento conjugal. Sabia-o pelo modo como ela evitava o meu olhar, pelo modo como acariciava a barriga — um gesto quase imperceptível, mas que uma mãe reconhece.

Nessa noite, depois de Tomás adormecer, sentei-me com ela na varanda. O ar estava frio para maio, mas nenhuma de nós quis entrar.

— Marta, queres falar comigo? — arrisquei.

Ela olhou para as luzes da cidade ao longe. — Não sei por onde começar, mãe. Sinto-me perdida. O Miguel… ele mudou tanto. Já não me reconheço ao lado dele. E agora… agora estou grávida outra vez.

O coração caiu-me aos pés. — Ele sabe?

— Não. E não sei se quero que saiba. Não sei se quero voltar para ele.

Fiquei em silêncio. Lembrei-me dos meus próprios erros, das noites em claro quando o pai dela partiu sem aviso. Lembrei-me de como tentei esconder-lhe a dor, fingindo força quando só queria chorar.

Os dias seguintes foram um desfile de rotinas partidas e silêncios desconfortáveis. Tomás perguntava pelo pai ao pequeno-almoço:

— A mamã vai levar-me ao parque? O papá vem buscar-me hoje?

Marta desviava sempre o olhar. Eu tentava preencher os vazios com bolos e histórias inventadas, mas sabia que não era suficiente.

Uma tarde, enquanto dobrava roupa no quarto dela, ouvi-a ao telefone:

— Não posso falar agora… Não, não estou sozinha… Sim, ele está bem… Não sei quando volto…

Quando entrei, ela limpava as lágrimas à manga do casaco.

— O Miguel? — perguntei.

Ela assentiu. — Ele quer saber onde estamos. Diz que está preocupado com o Tomás. Mas eu não consigo confiar nele, mãe. Não depois do que aconteceu.

Sentei-me ao lado dela na cama desfeita.

— Filha, eu não quero meter-me na vossa vida, mas fugir não resolve nada. Tens de decidir o que queres fazer.

Ela olhou para mim com raiva súbita.

— Achas que é fácil? Achas que eu queria isto? Sempre me disseste para ser forte, para aguentar tudo! Mas eu não sou como tu! Eu não consigo!

Fiquei sem palavras. Senti-me pequena diante da dor dela — e da minha própria culpa.

Nessa noite não dormi. Fiquei a ouvir os passos dela no corredor, as idas à casa de banho, os suspiros abafados pelo travesseiro. Lembrei-me das vezes em que desejei ter alguém a quem recorrer quando tudo desabou na minha vida — e percebi que talvez tivesse exigido demais dela.

No dia seguinte, tentei aproximar-me.

— Marta… desculpa se alguma vez te fiz sentir que tinhas de ser perfeita. Eu só queria proteger-te.

Ela chorou nos meus braços como quando era criança.

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— Não é possível, mãe… não podes ter feito isto comigo! — gritei, a voz embargada, enquanto as folhas do testamento trem...
01/12/2025

— Não é possível, mãe… não podes ter feito isto comigo! — gritei, a voz embargada, enquanto as folhas do testamento tremiam nas minhas mãos suadas. O silêncio pesado da sala só era interrompido pelo tique-taque do velho relógio de parede, herança do meu avô. O meu irmão, Miguel, olhava para mim com aquele ar de quem já sabia de tudo, os braços cruzados e um sorriso quase impercetível nos lábios.

A minha mãe, Maria do Carmo, estava sentada na poltrona junto à janela, o rosto marcado pelos anos e pelas preocupações. Olhou-me com olhos cansados, mas não desviou o olhar. — Ricardo, tu sabes que sempre tentei fazer o melhor para vocês os dois. Não tornes isto mais difícil do que já é.

O ar parecia faltar-me. Desde pequeno que sentia que havia algo de errado entre mim e Miguel. Ele era o filho perfeito: notas altas, amigos influentes, sempre a dizer as palavras certas. Eu era o rebelde, o que largou a faculdade para abrir um café em Alfama, o que nunca quis seguir as pisadas do pai na advocacia. Mas nunca pensei que a minha mãe pudesse… preferi-lo assim tão descaradamente.

— O melhor? — repeti, quase a rir de nervoso. — O melhor é deixar tudo ao Miguel? A casa onde cresci, as poupanças do pai… até o anel da avó? E eu? Fico com quê?

Miguel suspirou e levantou-se devagar. — Ricardo, não faças disto um drama. A mãe só fez o que achou justo. Tu tens o teu café, tens a tua vida…

— Cala-te! — atirei-lhe, sentindo as lágrimas a quererem saltar-me dos olhos. — Achas que é só isso? Achas que é dinheiro? Isto é sobre amor! Sobre reconhecimento! Nunca fui suficiente para nenhum de vocês!

A minha mãe baixou a cabeça e ficou em silêncio. O meu coração batia descompassado. Lembrei-me das noites em que ficava acordado à espera que ela viesse dar-me um beijo de boa noite, mas ela estava sempre ocupada com os papéis do escritório ou com as preocupações do Miguel. Lembrei-me das discussões com o meu pai antes dele morrer — ele sempre dizia que eu devia ser mais como o meu irmão.

— Ricardo… — murmurou a minha mãe, mas eu já não queria ouvir.

Saí de casa a correr, sentindo o frio da noite de Lisboa a cortar-me a pele. Andei sem destino pelas ruas estreitas de Alfama, as luzes amarelas dos candeeiros a desenharem sombras longas no empedrado. Sentei-me num banco junto ao miradouro de Santa Luzia e chorei como não chorava desde criança.

Naquela noite não dormi. Voltei para o meu pequeno apartamento sobre o café e fiquei a olhar para o teto, a pensar em tudo o que tinha perdido sem sequer saber.

No dia seguinte, tentei ignorar tudo e atirei-me ao trabalho. Os clientes habituais entravam e saíam, alguns cumprimentavam-me com um sorriso, outros nem reparavam na minha existência. A dona Amélia pediu um galão e um pastel de nata como sempre. O senhor João discutia futebol ao balcão. Mas eu sentia-me invisível.

À hora do fecho, ouvi passos atrás de mim. Era a minha irmã mais nova, Inês — filha do segundo casamento da minha mãe, dez anos mais nova do que eu e Miguel.

— Preciso falar contigo — disse ela, sem rodeios.

— Se vens falar do testamento…

— Não venho defender ninguém — interrompeu-me ela. — Só quero que saibas uma coisa: há coisas que tu não sabes sobre o passado da mãe.

Olhei para ela desconfiado. Inês era sempre a mediadora da família, aquela que tentava apaziguar tudo e todos.

— Que coisas?

Ela hesitou antes de responder:

— Quando tu nasceste… a mãe estava sozinha. O pai estava sempre fora em trabalho e ela teve uma depressão pós-parto horrível. Foi o Miguel que cuidou de ti muitas vezes quando eras bebé. A mãe sente-se culpada até hoje por não ter estado mais presente contigo.

Fiquei sem palavras. Nunca ninguém me tinha contado aquilo.

— E isso justifica deixar-me de fora?

Inês abanou a cabeça.

— Não justifica nada. Mas talvez explique porque é que ela se agarra tanto ao Miguel… porque sente que lhe deve tudo por ter sido ele a segurar a família quando ela não conseguia.

Senti uma raiva surda crescer dentro de mim. Porque é que ninguém me contou isto antes? Porque é que tive de descobrir tudo assim?

Nos dias seguintes tentei evitar a família, mas Lisboa é pequena e as notícias correm depressa. Os amigos do meu pai começaram a aparecer no café para me dar conselhos não pedidos:

— Tens de lutar pelos teus direitos! — dizia o senhor António.

— Não deixes que te passem por cima! — insistia a dona Rosa.

Mas eu só queria paz.

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— Não me olhes assim, Ana. O que é meu por direito, vou buscar — disse a Božena, com aquela voz fria que só usava quando...
30/11/2025

— Não me olhes assim, Ana. O que é meu por direito, vou buscar — disse a Božena, com aquela voz fria que só usava quando queria magoar. O sol entrava pela janela da sala, iluminando as fotografias antigas na parede. Eu sentia o peito apertado, as mãos trémulas, enquanto a minha mãe, sentada ao meu lado, tentava conter as lágrimas.

Nunca pensei que a minha irmã, a Božena, pudesse chegar tão longe. Sempre foi ambiciosa, é verdade — desde pequena queria ser a melhor em tudo. Mas agora, com quatro casas no Porto, queria também a nossa casa de família em Vila Nova de Gaia. Aquela casa onde crescemos, onde o pai nos ensinou a andar de bicicleta no quintal e a mãe fazia arroz doce nos aniversários.

— Božena, tu já tens tanto... — murmurei, quase sem voz. — Porque é que queres isto? Porque é que queres tirar-nos o pouco que nos resta?

Ela sorriu, um sorriso duro, quase cruel. — Porque posso. Porque está no testamento do pai. E porque vocês nunca souberam dar valor ao que tinham.

A mãe soluçou baixinho. Eu abracei-a, sentindo-me tão pequena e impotente como quando era criança e ouvia os gritos dos meus pais na cozinha. A Božena sempre foi a preferida do pai. Eu era a filha calma, que ficava no canto a desenhar, enquanto ela conquistava medalhas e elogios.

Depois da morte do pai, tudo mudou. A Božena tornou-se ainda mais distante, quase uma estranha. Só vinha à casa para buscar papéis ou discutir contas. Quando soube que herdara parte igual da casa, ficou furiosa. Queria tudo para ela.

— Vou pôr isto em tribunal — disse ela naquele dia. — Ou vendem-me a vossa parte ou saem daqui.

A mãe agarrou-me a mão com força. — Esta casa é tudo o que tenho, Božena... Por favor...

Mas ela não cedeu. Dias depois, recebemos uma carta do advogado dela. Um papel frio, cheio de palavras difíceis: "partilha forçada", "alienação", "direito de preferência". O mundo desabou sobre nós.

As noites tornaram-se longas e cheias de insónia. A mãe chorava baixinho no quarto dela; eu passava horas a olhar para o teto, tentando perceber onde errámos. Lembrei-me das tardes em que brincávamos no jardim, das discussões à mesa do jantar, dos natais em família antes de tudo se partir.

Tentei falar com a Božena várias vezes. Liguei-lhe, mandei mensagens. Só respondia com frases curtas: "É o melhor para todos", "Não compliques". Uma vez encontrei-a à porta da casa, com um homem de fato — o agente imobiliário dela.

— Vais mesmo vender? Vais mesmo fazer isto connosco aqui dentro? — perguntei-lhe, com a voz embargada.

Ela encolheu os ombros. — O mundo não é justo, Ana. Aprende isso.

A mãe adoeceu pouco depois. Os médicos disseram que era stress, ansiedade. Eu fazia tudo para animá-la: levava-lhe chá à cama, lia-lhe os jornais em voz alta, tentava sorrir mesmo quando só me apetecia gritar.

Os vizinhos começaram a comentar. "A Božena sempre foi assim", diziam uns. "Mas tirar a casa à própria mãe? Que vergonha..." Outros diziam que era inveja minha porque nunca tive sucesso como ela.

Uma noite, sentei-me sozinha na cozinha escura e escrevi uma carta à Božena:

"Querida irmã,

Lembras-te quando éramos pequenas e fazíamos cabanas com os lençóis da mãe? Lembras-te das histórias que inventávamos sobre princesas e dragões? O que aconteceu connosco? Porque é que agora somos inimigas? Peço-te só uma coisa: não tires à mãe o pouco que lhe resta de felicidade. Não tires o nosso lar."

Nunca tive resposta.

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— Então, combinamos assim? Tu é que ficas com o empréstimo, Mariana. — A voz da minha sogra, Dona Lurdes, ecoou pela coz...
30/11/2025

— Então, combinamos assim? Tu é que ficas com o empréstimo, Mariana. — A voz da minha sogra, Dona Lurdes, ecoou pela cozinha pequena, abafando até o som do telejornal que Rui tentava ouvir no sofá.

Fiquei ali, parada, com a chávena de chá a tremer nas mãos. O olhar dela era frio, decidido. O de Rui, perdido, como se não soubesse bem onde estava ou o que devia dizer. Eu tinha só dezenove anos, mas naquele momento senti-me com oitenta. Como é que cheguei aqui?

Quando conheci o Rui, tudo parecia um sonho. Ele era divertido, atencioso, fazia-me rir como ninguém. Trabalhava numa loja de informática em Almada e eu tinha acabado de entrar para a faculdade de Letras em Lisboa. Apaixonámo-nos rápido demais, disseram-me todos. Mas eu não quis ouvir. Achava que o amor era suficiente para vencer qualquer obstáculo.

Casámo-nos num verão abafado, com arroz a voar e promessas sussurradas ao ouvido. A minha mãe chorou de emoção e preocupação. O meu pai ficou calado, só me apertou a mão com força antes de me entregar ao Rui. Mudámo-nos para o T2 da Dona Lurdes, porque era mais fácil assim — ela precisava de companhia depois da morte do sogro e nós não tínhamos dinheiro para alugar nada sozinhos.

No início, tentei ver o lado positivo: a Dona Lurdes cozinhava bem, ajudava com as contas e dizia que me ia ensinar todos os truques para manter um lar. Mas rapidamente percebi que ali não havia espaço para mim. Tudo tinha regras: como se dobravam as toalhas, onde se guardava o arroz, a que horas se jantava. Se eu chegasse tarde da faculdade, ela fazia questão de comentar:

— As meninas de hoje acham que a casa se arruma sozinha.

O Rui? Ele encolhia os ombros. — É só o feitio dela, Mariana. Não ligues.

Mas eu ligava. Ligava quando ela criticava a minha roupa, quando dizia que eu devia procurar um trabalho a sério em vez de estudar literatura, quando implicava com o meu sotaque do Norte.

As discussões começaram pequenas: sobre quem lavava a loiça, sobre quem usava mais água no banho. Depois vieram as grandes: sobre dinheiro, sobre filhos (ela queria netos logo), sobre o futuro. O Rui tentava mediar, mas acabava sempre do lado da mãe.

Até ao dia do empréstimo.

A Dona Lurdes queria remodelar a casa — pôr chão flutuante, pintar as paredes, trocar os móveis antigos por outros mais modernos. Disse que era para todos vivermos melhor. Mas quando chegou a hora de decidir quem ficava responsável pelo empréstimo bancário, ela olhou para mim.

— Tu és nova, tens futuro pela frente. O banco vai aprovar mais facilmente no teu nome.

O Rui ficou calado. Eu senti uma raiva surda a crescer dentro de mim.

— Mas porquê eu? — perguntei, tentando não chorar.

— Porque eu já tenho idade e o Rui tem o nome sujo por causa daquele cartão de crédito — respondeu ela sem pestanejar.

Olhei para o Rui à espera de apoio. Ele desviou o olhar para o chão.

— Mariana… talvez seja mesmo melhor assim — murmurou ele.

Naquela noite não dormi. Fiquei a olhar para o teto do quarto pequeno onde mal cabia a nossa cama. Pensei em tudo o que tinha deixado para trás: os serões em casa da minha mãe, os jantares barulhentos com os meus irmãos mais novos, os conselhos do meu pai à mesa da cozinha. Pensei no futuro: presa a uma dívida que nem era minha, numa casa onde nunca me senti bem-vinda.

No dia seguinte, enquanto a Dona Lurdes saía para ir ao mercado e o Rui ainda dormia, comecei a arrumar as minhas coisas em silêncio. Cada peça de roupa dobrada era uma memória: o vestido azul do nosso primeiro encontro, a camisola que usei no Natal passado, as cartas da minha mãe escondidas no fundo da gaveta.

Quando ele acordou e me viu com as malas feitas, ficou pálido.

— Vais embora?

— Vou. Não posso ficar aqui assim.

Ele tentou argumentar:

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— Abre, por favor... — ouvi a voz trémula da Dona Amélia, a minha sogra, do outro lado da porta. Eram quase três da manh...
30/11/2025

— Abre, por favor... — ouvi a voz trémula da Dona Amélia, a minha sogra, do outro lado da porta. Eram quase três da manhã e a chuva batia forte nas janelas do nosso apartamento em Setúbal. O meu coração disparou — nunca ninguém bate à porta a estas horas sem trazer más notícias.

Abri a porta e vi-a ali, encharcada, os olhos vermelhos de tanto chorar. — O Miguel... — murmurou ela, antes de desabar nos meus braços. Senti o cheiro do seu perfume misturado com o odor da noite húmida. O Miguel, o meu marido, ainda não tinha chegado a casa. O relógio marcava 2h47.

— O que aconteceu? — perguntei, tentando manter a calma enquanto a ajudava a entrar. Ela tremia tanto que tive de lhe buscar uma manta. — Senta-te, Dona Amélia. Por favor, diz-me o que se passa.

Ela olhou-me nos olhos, como se procurasse coragem para falar. — O Miguel... ele não está bem. Eu... eu descobri coisas que nunca devia ter descoberto.

O silêncio caiu pesado entre nós. Oiço o tique-taque do relógio da sala e o som distante de um carro a passar na rua molhada. Senti um frio na espinha — algo me dizia que aquela noite ia mudar tudo.

— Dona Amélia, por favor... — insisti, já com lágrimas nos olhos.

Ela respirou fundo e disse: — O Miguel tem outra mulher. E não é de agora.

O chão fugiu-me dos pés. Senti-me a afundar num poço escuro, sem conseguir respirar. — Não... não pode ser. Ele... ele prometeu-me... — balbuciei, agarrando-me ao braço do sofá.

Ela continuou: — Eu só descobri porque ele deixou o telemóvel em casa quando foi visitar o pai ao hospital. Vi mensagens... fotografias... até vídeos. Não consegui dormir desde então.

A raiva misturou-se com o desespero. Lembrei-me de todas as noites em que ele chegava tarde, das desculpas esfarrapadas sobre o trabalho no escritório de advogados, das viagens "de negócios" ao Porto. Sempre confiei nele. Sempre.

— E agora? Onde é que ele está? — perguntei, já sem conseguir conter as lágrimas.

— Não sei... — respondeu ela, baixando os olhos. — Liguei-lhe dezenas de vezes. Não atende.

O meu filho, o Tiago, acordou com o barulho e apareceu na sala de pijama, esfregando os olhos. — Mamã? O que se passa?

Ajoelhei-me ao lado dele e abracei-o com força. — Está tudo bem, meu amor... vai dormir mais um bocadinho.

Mas nada estava bem. Naquela noite não dormi. Fiquei sentada no sofá com a Dona Amélia ao meu lado, ambas em silêncio, cada uma perdida nos seus pensamentos e mágoas.

Quando o sol começou a nascer, ouvi a chave na porta. O Miguel entrou devagarinho, como quem não quer acordar ninguém. Quando nos viu ali sentadas, ficou pálido.

— O que se passa aqui? — perguntou ele, tentando soar natural.

Levantei-me num salto. — Tu tens outra mulher? Diz-me na cara!

Ele ficou em silêncio por uns segundos eternos. Depois baixou os olhos e murmurou: — Não era para ser assim...

A Dona Amélia levantou-se também, furiosa: — Como é que foste capaz de fazer isto à tua família? À tua mulher? Ao teu filho?

O Miguel explodiu: — Vocês não percebem! Eu já não aguentava mais esta vida! Sempre as mesmas discussões, sempre as mesmas cobranças! Eu precisava de respirar!

Senti uma dor aguda no peito. — E achaste que trair era a solução? Achaste que eu e o Tiago merecíamos isto?

Ele tentou aproximar-se de mim mas recuei instintivamente. — Desculpa... eu ia contar-te tudo... mas depois do acidente do meu pai... eu não consegui...

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