Estilo de vida saudável

Estilo de vida saudável Cuidamos da nossa saúde física e psicológica

— Outra vez sentada no sofá, Mariana? O bebé só dorme e come, não percebo porque estás sempre tão cansada.As palavras do...
09/11/2025

— Outra vez sentada no sofá, Mariana? O bebé só dorme e come, não percebo porque estás sempre tão cansada.

As palavras do Rui ecoaram pela sala como um trovão. Senti o sangue ferver-me nas veias, mas não consegui responder. Olhei para o pequeno Tomás, finalmente adormecido no berço improvisado ao lado do sofá. O silêncio dele contrastava com o tumulto dentro de mim. Era como se cada suspiro do meu filho fosse um lembrete do quanto eu estava sozinha.

Lembro-me do dia em que soube que estava grávida. O Rui chorou de alegria, os meus pais trouxeram flores, e até a vizinha do terceiro andar me deu um abraço apertado. Mas ninguém me avisou que a maternidade podia ser tão solitária. Ninguém me preparou para as noites em claro, para o medo constante de falhar, para o peso esmagador da responsabilidade.

— Mariana, ouviste o que eu disse? — insistiu o Rui, já impaciente.

— Ouvi, Rui. — respondi num fio de voz. — Mas não é só dormir e comer. Ele chora, precisa de colo, precisa de mim a cada segundo. Eu não paro um minuto.

Ele bufou e virou costas. Fiquei ali, sentada, a olhar para as paredes da nossa sala pequena em Almada, onde cada objeto parecia testemunha muda da minha exaustão. O relógio marcava três da tarde e eu ainda não tinha tomado banho. A loiça acumulava-se na cozinha e o cheiro a leite azedo misturava-se com o aroma do café frio.

A minha mãe ligava todos os dias:

— Filha, tens de te arranjar. Não podes deixar que o bebé te consuma assim.

Mas como é que eu podia explicar-lhe que até pentear o cabelo era uma tarefa hercúlea? Que cada vez que Tomás chorava, sentia uma culpa esmagadora por não saber imediatamente o que ele queria?

O Rui chegava do trabalho e esperava jantar na mesa, a casa arrumada e um sorriso nos meus lábios. Mas eu só queria dormir. Só queria que alguém me dissesse: "Estás a fazer o melhor que consegues".

Uma noite, depois de mais uma discussão sobre a desarrumação da casa, fechei-me na casa de banho e chorei em silêncio. Senti-me pequena, inútil, invisível. Lembrei-me das amigas que diziam que ser mãe era a melhor coisa do mundo. Porque é que comigo parecia tão difícil?

No dia seguinte, tentei fazer tudo certo. Preparei o jantar cedo, arrumei a sala enquanto Tomás dormia no sling preso ao meu peito. Quando o Rui chegou, sorri-lhe com esforço.

— Vês? Quando queres até consegues — disse ele, sem notar as olheiras fundas nem as mãos trémulas.

Naquela noite, Tomás teve cólicas. Passei horas a embalá-lo nos braços enquanto o Rui dormia profundamente no quarto ao lado. Ouvia-o ressonar enquanto eu sussurrava canções de embalar e sentia as lágrimas escorrerem-me pelo rosto.

Comecei a evitar os convívios familiares. Não suportava ouvir os comentários:

— O Rui ajuda-te muito?

— Já voltaste ao teu peso?

— O Tomás já dorme a noite toda?

Sentia-me julgada por tudo: pelo corpo, pela casa, pelo choro do meu filho. Até pelo meu silêncio.

Certa tarde, depois de uma manhã particularmente difícil em que Tomás não parou de chorar, sentei-me no chão da cozinha e liguei à minha amiga Sofia.

— Sofia, eu não aguento mais. Sinto-me um fracasso.

Ela ouviu-me em silêncio e depois disse:

— Mariana, tu não estás sozinha. Eu também me senti assim quando nasceu a Matilde. Mas ninguém fala disto porque temos vergonha. Porque achamos que temos de ser super-mulheres.

Essas palavras foram como um bálsamo. Pela primeira vez em meses senti-me compreendida.

Mas o Rui continuava distante. Uma noite, depois de mais uma discussão sobre as contas da casa — porque agora só havia um salário — ele atirou:

— Se calhar devias procurar um trabalho em part-time. Assim distraías-te e ajudavas nas despesas.

Olhei para ele incrédula:

— Achas mesmo que consigo trabalhar neste estado? Achas que alguém me vai contratar com estas olheiras e este cansaço?

Ele encolheu os ombros:

— Outras conseguem.

Foi nesse momento que percebi: ele não fazia ideia do que era ser mãe a tempo inteiro. Não via as horas passadas a tentar adivinhar porque chorava o Tomás, as fraldas mudadas às três da manhã, os banhos apressados enquanto ele gritava no berço.

Comecei a escrever num caderno tudo o que fazia durante o dia: quantas vezes mudava fraldas, quantas vezes dava de mamar, quantos minutos conseguia estar sentada sem ser interrompida pelo choro do Tomás. Mostrei-lhe uma noite à mesa.

Continuação no primeiro comentário 👇

— Não percebes que ela precisa mais do que tu? — A voz da minha sogra, Dona Emília, ecoou pela cozinha, cortando o silên...
09/11/2025

— Não percebes que ela precisa mais do que tu? — A voz da minha sogra, Dona Emília, ecoou pela cozinha, cortando o silêncio como uma faca afiada. Eu estava de costas, a lavar a loiça do jantar de domingo, mas senti cada palavra como se fosse um estalo na cara. Olhei para o meu marido, Rui, à espera de algum gesto, uma defesa, mas ele apenas baixou os olhos para o prato vazio.

Naquela casa, eu era sempre a segunda opção. A minha cunhada, Filipa, era a estrela da família: a filha mais nova, divorciada há pouco tempo, com dois filhos pequenos e uma aura de fragilidade que parecia justificar tudo. Dona Emília fazia questão de ir lá todos os dias, levava-lhe sopa, tratava das crianças, pagava-lhe contas atrasadas. Para nós, sobrava um bolo ao domingo e um telefonema apressado quando Rui estava doente.

No início tentei não ligar. Diziam-me: "É normal, ela é mãe, preocupa-se mais com quem está sozinho." Mas eu via as diferenças nos detalhes: nos presentes de Natal, nas conversas à mesa, nas decisões importantes. Quando Rui perdeu o emprego, Dona Emília limitou-se a dizer: "Tens saúde, logo arranjas outra coisa." Quando Filipa teve uma gripe, Dona Emília ficou três noites a dormir no sofá dela.

A dor foi crescendo em silêncio. Eu tentava compensar: fazia bolos para levar aos almoços de família, oferecia-me para ajudar nas festas dos netos da Filipa, sorria mesmo quando me apetecia chorar. Mas cada gesto meu parecia invisível. Lembro-me de um Natal em que comprei um cachecol azul para Dona Emília — a cor preferida dela — e ela agradeceu sem sequer abrir o embrulho. No mesmo dia, Filipa ofereceu-lhe um vaso com uma planta e Dona Emília chorou de emoção.

Certa noite, depois de mais um jantar em que me senti um móvel na sala, desabafei com Rui:

— Sinto-me invisível nesta família. Não sei o que faço aqui.

Ele suspirou fundo:

— Não é contigo... A minha mãe sempre foi assim com a Filipa. Ela acha que ela precisa mais.

— E nós? Não precisamos de nada? — perguntei, sentindo a voz tremer.

Ele encolheu os ombros:

— Não vale a pena lutar contra isso.

Mas eu não conseguia aceitar. Comecei a afastar-me dos almoços de domingo. Inventava desculpas para não ir. Sentia-me culpada, mas também aliviada. O problema é que Rui começou a ressentir-se:

— A minha mãe pergunta sempre por ti. Diz que estás diferente.

— Estou cansada de fingir — respondi. — Não quero ser só mais uma sombra nesta casa.

As discussões entre nós tornaram-se frequentes. Rui sentia-se dividido entre mim e a mãe. Eu sentia-me sozinha até dentro do meu próprio casamento. Uma noite, depois de uma discussão mais acesa, ele saiu de casa e só voltou de madrugada. Fiquei sentada no sofá, a olhar para as fotografias do nosso casamento na parede e a perguntar-me onde tinha ido parar aquela felicidade.

O ponto de rutura chegou num domingo chuvoso. Fomos almoçar à casa da Dona Emília porque era aniversário dela. Levei um bolo feito por mim — receita da minha avó — e um ramo de flores do jardim do prédio. Quando chegámos, Filipa já lá estava com os filhos e uma prenda enorme: uma máquina de café nova.

Durante o almoço, Dona Emília não parou de elogiar a máquina:

— Era mesmo isto que eu precisava! A Filipa conhece-me tão bem...

Olhou para mim e disse:

— O bolo está bonito... mas sabes que eu não posso comer açúcar.

Senti o rosto arder de vergonha. O Rui tentou mudar de assunto, mas eu já não ouvia nada. Só queria desaparecer dali.

Depois do almoço, fui arrumar a cozinha sozinha. Ouvi risos vindos da sala e percebi que estavam a tirar fotografias em família — sem mim. Quando voltei para me despedir, Dona Emília disse:

— Vai com calma na estrada. E obrigada pelo bolo.

Foi tudo.

No carro, as lágrimas caíram sem controlo. Rui tentou consolar-me:

— Não ligues... Ela é assim com toda a gente.

Mas eu sabia que não era verdade.

Continuação no primeiro comentário 👇👇👇

— Maria, podes passar a ferro as camisas do João? E não te esqueças de limpar o chão da cozinha, está uma vergonha! — A ...
09/11/2025

— Maria, podes passar a ferro as camisas do João? E não te esqueças de limpar o chão da cozinha, está uma vergonha! — A voz da minha nora, Andreia, ecoou pela casa como um trovão numa noite de verão. Senti o sangue ferver-me nas veias, mas calei-me. Mais uma vez.

Enquanto dobrava as camisas do meu filho, lembrei-me de quando ele era pequeno e vinha pedir-me colo depois de cair e esfolar o joelho. Agora, mal me olhava nos olhos. Desde que casou com a Andreia, parecia que eu tinha deixado de ser mãe para ser apenas uma presença útil — ou pior, invisível — naquela casa.

Vim viver com eles há três anos, depois de o meu marido, António, ter falecido. O vazio da nossa casa em Almada era insuportável e o João insistiu para que viesse para Lisboa. “Assim estás mais perto dos netos”, disse ele. No início, achei que seria bom. Mas rapidamente percebi que a minha presença era mais conveniente do que desejada.

— Mãe, podes ir buscar o Diogo à escola? Eu e a Andreia estamos atrasados no trabalho — pediu-me João numa manhã apressada. Sorri e disse que sim. Era sempre assim: eu ficava com os miúdos, fazia o jantar, limpava a casa. No início, pensei que estava a ajudar. Mas com o tempo, percebi que ninguém agradecia. Era como se fosse minha obrigação.

Certa noite, ouvi Andreia ao telefone com a mãe dela:

— A sério, mãe, não sei como é que vou aguentar isto. A Maria está sempre aqui, mete-se em tudo… E depois ainda se faz de vítima! — Senti um nó na garganta. Fui para o quarto e chorei baixinho, para ninguém ouvir.

No dia seguinte, tentei falar com João.

— Filho, achas que estou a incomodar? — perguntei-lhe com a voz trémula.

Ele olhou para mim, distraído com o telemóvel.

— Não digas disparates, mãe. Só tens de ajudar um bocadinho mais, sabes como é…

Um bocadinho mais? Já não me lembrava da última vez que tinha tido um dia só para mim. Até as minhas amigas do centro de dia deixei de ver. Senti-me sozinha no meio da minha própria família.

O ponto de rutura chegou numa tarde de domingo. Estava na cozinha a preparar o almoço quando ouvi Andreia reclamar:

— Maria! O Diogo sujou-se todo no jardim! Pode dar-lhe banho? E depois trate da roupa dele, por favor.

Olhei para ela e vi nos olhos dela não um pedido, mas uma ordem. Respirei fundo e disse:

— Andreia, acho que já chega. Não sou vossa empregada.

Ela ficou boquiaberta.

— Desculpe? — perguntou num tom frio.

— Ouviste bem. Vim para cá porque precisava de companhia e pensei que podia ajudar. Mas não vim para ser tratada como criada.

O silêncio caiu na sala como uma pedra pesada. João entrou nesse momento e percebeu logo que algo se passava.

— O que se passa aqui?

Andreia virou-se para ele:

— A tua mãe acha que não tem de ajudar em casa!

Olhei para o meu filho e vi nele um estranho. Ele hesitou antes de responder:

— Mãe… tu sabes que precisamos de ti…

— Precisam ou aproveitam-se? — perguntei, sentindo as lágrimas a quererem cair.

👀 Algo surpreendente aconteceu depois... veja nos comentários 👇

— Se não gostas das minhas regras, a porta é ali! — gritou a minha sogra, Dona Lurdes, com os olhos faiscando de raiva. ...
09/11/2025

— Se não gostas das minhas regras, a porta é ali! — gritou a minha sogra, Dona Lurdes, com os olhos faiscando de raiva. O eco da sua voz ainda ressoava na sala quando me sentei no sofá, as mãos a tremer. O meu marido, Rui, olhava para o chão, incapaz de me defender. Era como se eu estivesse sozinha naquela casa que, até então, julgava ser o nosso lar.

A verdade é que nunca me senti bem-vinda ali. Desde o início do casamento, Dona Lurdes fazia questão de lembrar que aquela casa era dela, que eu era apenas uma intrusa. "Não te esqueças, menina, quem manda aqui sou eu", dizia ela, sempre com um sorriso frio. Rui tentava apaziguar as coisas, mas acabava sempre por ceder à mãe. "Sabes como ela é...", murmurava ele à noite, quando eu chorava baixinho na almofada.

O pior foi quando engravidei. Em vez de alegria, senti medo. Dona Lurdes começou a implicar com tudo: o cheiro da comida que eu fazia, as roupas que deixava a secar na varanda, até o modo como arrumava os sapatos à entrada. "Na minha casa não se faz assim!", repetia ela, como um mantra cruel.

Uma noite, depois de mais uma discussão, sentei-me na varanda e olhei para as luzes da cidade. Senti-me perdida. O Rui apareceu ao meu lado e tentou abraçar-me, mas afastei-o.

— Porque é que nunca me defendes? — perguntei-lhe, a voz embargada.

— Não quero arranjar confusão... Ela já sofreu tanto desde que o meu pai morreu...

— E eu? Eu não conto?

Ele não respondeu. Ficámos em silêncio, cada um mergulhado na sua própria solidão.

As semanas passaram e o ambiente tornou-se insuportável. Comecei a procurar casas para alugar em segredo. Não queria criar problemas, mas também não aguentava mais aquela pressão. Foi então que ouvi uma conversa estranha entre Dona Lurdes e uma vizinha.

— Aquela casa nunca devia ter sido minha... — murmurou ela, num tom baixo.

— Mas ficou no seu nome, não foi?

— Sim, mas o António... ele fez tudo às escondidas. Se a nora descobre...

O meu coração disparou. O que queria aquilo dizer? Passei a noite em claro, a pensar no que poderia estar escondido por trás daquela frase.

No dia seguinte, aproveitei que Dona Lurdes tinha ido ao mercado e fui vasculhar os papéis antigos no escritório do falecido sogro. Entre contas velhas e fotografias amareladas, encontrei uma pasta azul com documentos de herança. Li e reli cada folha até perceber: a casa estava registada em nome do Rui desde o falecimento do pai. Dona Lurdes nunca fora a verdadeira proprietária.

Senti uma mistura de alívio e raiva. Durante anos vivi com medo de ser posta na rua por alguém que não tinha esse direito. Esperei Rui chegar do trabalho e mostrei-lhe os papéis.

— Porque nunca me disseste?

Ele ficou pálido.

— Eu... A mãe pediu-me para não contar. Disse que era melhor assim.

— Melhor para quem? Para ela continuar a controlar-nos?

A discussão foi feia. Pela primeira vez em anos, Rui enfrentou a mãe. Dona Lurdes ficou furiosa quando percebeu que eu sabia da verdade.

— Tu não tens respeito nenhum! — gritou ela.

— O respeito conquista-se! — respondi-lhe, com uma coragem que nem sabia ter.

Continuação no primeiro comentário 👇👇

— Não admito que fales assim comigo, Miguel! — gritou a minha mãe, Dona Lurdes, com os olhos faiscantes de raiva, enquan...
09/11/2025

— Não admito que fales assim comigo, Miguel! — gritou a minha mãe, Dona Lurdes, com os olhos faiscantes de raiva, enquanto eu tentava, mais uma vez, explicar-lhe que Sofia era a mulher que eu escolhera para partilhar a vida.

O cheiro do café acabado de fazer misturava-se com o aroma do pão quente na cozinha pequena do nosso apartamento em Almada. Mas nada disso conseguia suavizar o ambiente tenso. Sofia, sentada à mesa, olhava para mim com os olhos marejados, tentando conter as lágrimas. Eu sentia-me dividido, como se cada palavra minha fosse uma faca de dois gumes: ou feria a minha mãe ou magoava a minha mulher.

— Mãe, por favor… — tentei apaziguar — Não é justo estares sempre a criticar a Sofia. Ela não fez nada de mal.

— Não fez nada de mal? — interrompeu Dona Lurdes, batendo com força na mesa. — Desde que essa rapariga entrou na tua vida, afastaste-te da família! Já nem vens aos almoços de domingo! O teu pai sente a tua falta, Miguel. E eu… eu só quero o melhor para ti.

Sofia levantou-se devagar, tentando manter a dignidade. — Eu vou sair um pouco — murmurou, pegando no casaco. Antes de fechar a porta atrás de si, lançou-me um olhar suplicante. Senti-me miserável.

A verdade é que nunca fui bom a lidar com conflitos. Cresci numa família onde as emoções eram guardadas para dentro e as discussões eram abafadas por silêncios pesados. O meu pai, Joaquim, era um homem calado, trabalhador dos estaleiros navais, que raramente se metia nas discussões da casa. A minha mãe sempre foi o pilar — ou talvez o muro — da família. Forte, determinada e controladora.

Quando conheci a Sofia na faculdade de Letras em Lisboa, senti que finalmente podia respirar. Ela era diferente: espontânea, carinhosa, cheia de sonhos e ideias próprias. Apaixonámo-nos depressa e, contra todas as expectativas da minha mãe — que queria uma nora "de boas famílias" — casámo-nos ao fim de dois anos de namoro.

No início, tentei agradar a todos. Levava Sofia aos almoços de domingo em casa dos meus pais, mesmo sabendo que ela se sentia deslocada. A minha mãe fazia questão de comentar tudo: desde o modo como Sofia se vestia até à forma como punha o guardanapo no colo. Sofia sorria, mas eu via-lhe o desconforto nos olhos.

As coisas pioraram quando Sofia engravidou. Em vez de alegria, senti uma pressão esmagadora: Dona Lurdes queria escolher o nome do bebé, queria estar presente em todas as consultas médicas e até sugeriu que nos mudássemos para perto dela "para facilitar".

— Não achas que estás a exagerar? — perguntei-lhe uma noite, depois de mais uma discussão.

— Exagerar? Eu só quero ajudar! — respondeu ela. — Tu não percebes porque és homem. Mas quando fores pai vais entender.

O nascimento do nosso filho, Tomás, foi um momento agridoce. Sofia teve um parto difícil e ficou dias internada no hospital Garcia de Orta. A minha mãe apareceu todos os dias, trazendo comida caseira e conselhos não solicitados. Sofia chorava baixinho quando ela saía do quarto.

— Miguel, eu não aguento mais — confessou-me Sofia numa dessas noites. — Sinto que nunca vou ser suficiente para a tua família.

Eu queria protegê-la, mas sentia-me preso entre dois mundos. Se defendia Sofia, magoava a minha mãe; se cedia à minha mãe, perdia a confiança da minha mulher.

O ponto de rutura chegou numa tarde chuvosa de novembro. Estávamos todos em casa dos meus pais para celebrar o aniversário do meu pai. O ambiente estava tenso desde o início. Dona Lurdes fez questão de comentar que o bolo "não era tão bom como o dela" e criticou Sofia por não ter vestido Tomás "decentemente" para a ocasião.

De repente, sem aviso, Sofia levantou-se da mesa e disse:

— Miguel, vou-me embora. Não aguento mais isto.

O silêncio caiu como uma bomba na sala. O meu pai olhou para mim com tristeza nos olhos; a minha mãe ficou boquiaberta.

— Vais deixá-la ir assim? — perguntou Dona Lurdes, num tom quase de desafio.

Foi nesse momento que percebi: se não tomasse uma decisão ali mesmo, ia perder tudo aquilo que mais amava.

Corri atrás de Sofia até ao carro. Ela chorava convulsivamente.

Continuação no primeiro comentário 👇👇👇

— Mariana, precisamos conversar. — A voz do João soou fria, quase distante, enquanto eu fechava a porta da cozinha. O ch...
09/11/2025

— Mariana, precisamos conversar. — A voz do João soou fria, quase distante, enquanto eu fechava a porta da cozinha. O cheiro do arroz queimado ainda pairava no ar, mas naquele momento, o cheiro era o que menos importava.

— O que foi agora, João? — perguntei, tentando esconder o tremor na minha voz. Já era tarde, os miúdos dormiam, e eu sentia um peso no peito que não sabia explicar.

Ele olhou-me nos olhos, mas parecia olhar através de mim. — Eu… Eu fiz uma coisa. Uma coisa grave.

O silêncio entre nós era tão denso que quase podia tocá-lo. Senti as mãos suarem e o coração disparar. — O que é que fizeste?

João desviou o olhar. — Preciso que me perdoes.

A minha cabeça girava. Perdoar o quê? Traição? Dívidas? Uma discussão com a sogra? Mas nunca imaginei o que estava prestes a ouvir.

— Eu… ando com outra pessoa. — As palavras caíram como pedras. Senti um nó na garganta e uma vontade de gritar, mas fiquei ali, imóvel.

— Como assim? — sussurrei, quase sem voz.

Ele continuou, agora com lágrimas nos olhos. — E… também tirei dinheiro da conta da tua mãe. Precisava para pagar umas dívidas… Não consegui parar.

O chão fugiu-me dos pés. A traição já era suficiente para me destruir, mas roubar à minha mãe? A mulher que nos ajudou quando não tínhamos nada?

— Tu roubaste à minha mãe? — gritei, sem me importar se acordava os miúdos. — Como foste capaz?

João caiu de joelhos. — Desculpa, Mariana. Eu não sei o que me deu. Estava desesperado…

Corri para o quarto da minha mãe, que morava connosco desde o AVC do ano passado. Ela dormia profundamente, alheia ao caos que se instalava na casa. Sentei-me ao lado dela e chorei baixinho, sem saber como lhe contar.

No dia seguinte, acordei com os olhos inchados e uma sensação de vazio. João já tinha saído para o trabalho — ou pelo menos foi isso que disse. Preparei o pequeno-almoço para os miúdos em silêncio. A minha filha mais nova, a Inês, percebeu logo que algo não estava bem.

— Mamã, estás triste? — perguntou ela, abraçando-me pelas costas.

Abracei-a com força. — Estou só cansada, querida.

Mas por dentro sentia-me despedaçada. O João era o meu companheiro há quase vinte anos. Conhecemo-nos na faculdade do Porto, apaixonámo-nos num verão quente em Matosinhos e construímos juntos uma vida cheia de sonhos simples: uma casa pequena mas acolhedora em Vila Nova de Gaia, dois filhos lindos e uma rotina tranquila.

Agora tudo parecia mentira.

Durante dias vivi num nevoeiro. Evitava falar com a minha mãe sobre o dinheiro desaparecido — ela confiava tanto no João! E eu não sabia como lhe explicar aquela traição dupla: marido e genro.

À noite, quando João regressava a casa, tentava agir normalmente à frente dos miúdos. Mas assim que eles adormeciam, começavam as discussões baixinho na cozinha.

— Porque é que fizeste isto? — perguntava-lhe vezes sem conta.

Ele encolhia os ombros, olhos vermelhos de chorar ou de não dormir. — Senti-me encurralado. As dívidas começaram a acumular-se quando perdi aquele trabalho no escritório do Pedro… Depois tentei recuperar no jogo online… E depois conheci a Carla…

O nome dela era uma faca no peito. Carla: colega do João no novo emprego na pastelaria do bairro. Eu conhecia-a de vista, sempre simpática quando vinha cá buscar bolos para os filhos.

Comecei a desconfiar de tudo: dos olhares trocados à porta da escola, das mensagens apagadas no telemóvel dele, das saídas "para desanuviar" ao domingo à tarde.

A minha mãe começou a notar o meu ar ausente.

— Mariana, estás bem? Tens andado tão calada…

Quis protegê-la da verdade, mas ela insistiu até eu desabar em lágrimas no sofá da sala.

— O João roubou-te… e traiu-me com outra mulher.

Ela ficou em silêncio durante muito tempo. Depois pegou-me na mão com aquela força frágil de quem já passou por muito na vida.

— Filha, às vezes as pessoas erram feio. Mas tu tens de pensar em ti e nos teus filhos primeiro.

Continuação no primeiro comentário 👇👇👇

— Mãe, por favor, não digas nada à Inês. Isto é só entre nós. — A voz do Tiago tremia ao telefone, como se cada palavra ...
09/11/2025

— Mãe, por favor, não digas nada à Inês. Isto é só entre nós. — A voz do Tiago tremia ao telefone, como se cada palavra lhe pesasse na consciência.

Fiquei em silêncio, sentada à mesa da cozinha, com o telemóvel na mão e o coração apertado. O cheiro do café frio misturava-se com o perfume das flores murchas no vaso. O Tiago, o meu único filho, o meu orgulho e a minha maior preocupação, acabava de me transferir mais uma vez uma quantia que eu considerava exagerada. Não era a primeira vez. Já lá iam quase dois anos desde que ele começou com estas transferências mensais, sempre com a mesma condição: segredo absoluto.

No início, aceitei sem pensar muito. Ele dizia que era para eu não me preocupar com as contas, para ter uma vida mais confortável. "Mãe, tu deste-me tudo. Agora deixa-me cuidar de ti." Mas com o tempo, aquela generosidade começou a pesar-me na consciência. Não era só o dinheiro; era o segredo. A Inês, a mulher dele, sempre me tratou bem, mas eu sentia nos olhos dela uma desconfiança crescente. E eu própria comecei a duvidar: estaria a fazer bem?

Lembro-me de um domingo à tarde, quando vieram cá a casa para almoçar. A Inês ajudava-me na cozinha enquanto o Tiago brincava com a pequena Leonor na sala.

— A senhora tem estado diferente — disse ela de repente, enquanto cortava as batatas. — Está tudo bem?

Senti um nó na garganta. Sorri, tentando disfarçar.

— São só os anos a pesar, filha. Nada de especial.

Ela olhou-me de lado, como se procurasse algo nas minhas palavras. Senti-me nua, exposta. O segredo entre mim e o Tiago era como uma parede invisível que nos separava a todas.

As noites começaram a ser mais longas. Dava por mim acordada às três da manhã, a olhar para o teto e a pensar: "E se ela descobre? E se isto acaba por destruir o casamento deles?" O dinheiro estava ali, na conta bancária, mas trazia consigo um peso que não se media em euros.

Um dia, não aguentei mais. Liguei ao Tiago.

— Filho, precisamos de falar.

— O que se passa, mãe?

— Isto não pode continuar assim. Não quero ser cúmplice de um segredo que pode magoar a tua família.

Do outro lado ouvi apenas silêncio. Depois um suspiro.

— Mãe, eu faço isto porque quero. A Inês nunca entenderia... Ela acha que já te ajudamos demasiado. Mas tu és minha mãe! Eu devo-te tudo.

— Mas eu não te pedi nada! — respondi, sentindo as lágrimas a quererem saltar. — O que eu quero é ver-te feliz, ver-vos felizes.

— Eu sei... Mas não consigo deixar de sentir esta obrigação.

A conversa ficou por ali. Mas dentro de mim crescia uma angústia cada vez maior.

As semanas passaram e comecei a notar mudanças no comportamento da Inês. Era mais fria comigo, evitava conversas longas e parecia sempre desconfiada quando o Tiago falava comigo ao telefone ou me visitava sozinho. Um dia, depois de um almoço tenso em minha casa, ela chamou-me à parte.

— Dona Rosa, posso perguntar-lhe uma coisa?

Assenti, sentindo o coração acelerar.

— O Tiago anda estranho ultimamente... E eu sei que ele fala consigo sobre coisas que não me conta. Há algum problema?

Olhei-a nos olhos e vi ali uma mistura de medo e tristeza. Quis abraçá-la e dizer-lhe tudo, mas faltou-me coragem.

— Não há problema nenhum, filha. Só conversas de mãe e filho.

Ela não pareceu convencida.

Nessa noite chorei sozinha no meu quarto. Senti-me egoísta por aceitar aquele dinheiro e ainda mais por manter aquele segredo. O Tiago estava preso entre duas mulheres: a mãe e a mulher da sua vida. E eu era cúmplice desse conflito silencioso.

As coisas pioraram quando o Tiago começou a chegar tarde a casa e a Inês me ligava à procura dele.

— Ele disse que vinha vê-la... Está aí?

— Não, filha... Não está aqui.

A mentira saiu-me fácil demais. Mas cada vez que mentia sentia um pedaço de mim morrer por dentro.

Um sábado à noite, ouvi baterem à porta com força. Era o Tiago, com os olhos vermelhos e as mãos a tremer.

— Mãe... Ela descobriu tudo.

📜 Ainda tem mais… e está imperdível. Veja nos comentários👇

— Não posso continuar a fingir — pensei, enquanto olhava para as mesas quase vazias, cobertas apenas com pão, queijo e u...
09/11/2025

— Não posso continuar a fingir — pensei, enquanto olhava para as mesas quase vazias, cobertas apenas com pão, queijo e umas poucas travessas de bacalhau à Brás. O salão ecoava o burburinho dos convidados, todos vestidos a rigor, esperando ansiosos pelo grande banquete que nunca chegaria. O meu coração batia tão forte que temi que todos o ouvissem.

A minha mãe, Dona Teresa, aproximou-se de mim com um sorriso tenso. — Filha, ainda vais a tempo de mudar de ideias. Não precisas de dizer nada. As pessoas vão perceber... ou esquecer.

Olhei para ela, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. — Mãe, já chega de mentiras. Não vou começar a minha vida com o Miguel baseada em segredos.

Ela suspirou, desviando o olhar para o meu pai, sentado ao fundo da sala, de braços cruzados e expressão pétrea. O meu irmão mais novo, João, mexia nervosamente no telemóvel, evitando encarar-me.

O Miguel aproximou-se e segurou-me a mão. — Se quiseres mesmo falar, estou contigo. Mas sabes que isto vai mudar tudo.

Respirei fundo. — Já mudou tudo há muito tempo.

Subi ao pequeno palco improvisado, sentindo os olhares curiosos e impacientes dos convidados. O microfone tremia nas minhas mãos suadas.

— Boa tarde a todos. Antes de mais, quero agradecer-vos por estarem aqui neste dia tão importante para mim e para o Miguel. Sei que muitos de vocês estão surpreendidos com a simplicidade do nosso casamento... e do nosso jantar.

Vi as cabeças a acenarem, algumas sobrancelhas erguidas, outras expressões de desagrado. A tia Lurdes cochichava com o tio Américo, apontando para as travessas quase vazias.

— A verdade é que não podíamos fingir que estava tudo bem. A minha família está dividida há anos por causa de dinheiro, de orgulho e de segredos que nunca deviam ter existido. O meu pai perdeu o emprego há três anos e nunca contou a ninguém. A minha mãe fez tudo para manter as aparências, mas a verdade é que estamos endividados até ao pescoço. E eu... eu não quis aceitar ajuda do lado do Miguel porque queria que este dia fosse nosso, sem favores nem dívidas.

Um silêncio pesado caiu sobre a sala. Senti os olhos da minha mãe cravados em mim, cheios de lágrimas contidas. O meu pai levantou-se abruptamente, fazendo cair a cadeira.

— Para quê expor-nos assim? — gritou ele, a voz embargada pela vergonha e pela raiva. — Não tinhas esse direito!

— Pai, já chega! — respondi, sentindo finalmente a coragem que me faltara durante anos. — Toda a vida vivemos de aparências! Sempre nos preocupámos mais com o que os outros pensam do que com o que realmente somos uns para os outros.

A minha avó Maria levantou-se lentamente, apoiando-se na bengala. — Filha, às vezes é melhor calar do que magoar quem se ama.

Olhei para ela, sentindo um nó na garganta. — Mas avó, não é pior viver uma vida inteira sem verdade?

O Miguel apertou-me a mão com força. — Eu amo-te por seres assim. Mas tens a certeza que era isto que querias?

Olhei à volta: alguns convidados evitavam o meu olhar; outros tinham lágrimas nos olhos; outros ainda murmuravam entre si, indignados ou solidários.

A tia Lurdes levantou-se de repente. — Sempre achei estranho tanto segredo nesta família! Agora percebo tudo... Mas também vos digo: prefiro esta honestidade à hipocrisia!

📖 Quer saber como termina? Está tudo nos comentários 👇

— Então é isso, mãe? Vais mesmo deixar tudo para a Joana? — perguntou o Miguel, a voz tremendo, enquanto pousava a colhe...
09/11/2025

— Então é isso, mãe? Vais mesmo deixar tudo para a Joana? — perguntou o Miguel, a voz tremendo, enquanto pousava a colher na borda do prato. O cheiro do caldo de galinha pairava no ar, mas ninguém parecia ter apetite.

Eu olhei para ele, para a minha nora Joana e para os meus dois netos, sentados em silêncio. O relógio da parede marcava três horas da tarde, mas o tempo parecia suspenso. O anúncio do meu testamento caiu como uma pedra no meio da sala. Não era apenas sobre bens ou dinheiro; era sobre anos de ressentimento, de palavras engolidas e gestos mal interpretados.

— Não é isso, Miguel. Não é uma questão de deixar ou não deixar. É uma questão de justiça — respondi, tentando manter a voz firme, mas sentindo o nó na garganta apertar.

A Joana desviou o olhar, mexendo distraidamente no prato do pequeno Tomás. O Diogo, mais velho, fitava-me com aqueles olhos castanhos tão parecidos com os do pai quando era criança. Senti uma pontada no peito — quando foi que tudo se perdeu entre nós?

Lembro-me do primeiro dia em que conheci a Joana. O Miguel trouxe-a cá a casa num domingo chuvoso, o cabelo dela colado à testa, as mãos nervosas a apertar a alça da mala. Eu queria gostar dela, queria mesmo. Mas havia algo nela que me deixava desconfortável — talvez fosse o medo de perder o meu filho para outra mulher, talvez fosse só insegurança minha.

Os anos passaram e as pequenas coisas foram-se acumulando. A Joana nunca fazia o arroz como eu gostava. O Miguel começou a faltar aos almoços de domingo. Os netos passaram a vir menos vezes cá a casa. Eu tentava não mostrar, mas cada ausência era como uma facada.

— Mãe, não percebes que estás a afastar toda a gente? — disse o Miguel uma vez, depois de um Natal especialmente tenso. — A tua maneira de controlar tudo... já ninguém aguenta.

— Eu só quero o melhor para vocês! — gritei-lhe, as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto. Mas ele já tinha virado costas.

A partir daí, as visitas tornaram-se esporádicas. Os telefonemas eram curtos, cheios de silêncios desconfortáveis. Comecei a sentir-me invisível na minha própria família.

No verão passado, tentei remediar as coisas. Convidei-os para passarem férias comigo na casa da aldeia em Trás-os-Montes. Preparei tudo como antigamente: comprei os doces preferidos dos meninos, lavei os lençóis de linho da minha mãe, pendurei fotografias antigas nas paredes. Mas eles chegaram cansados, distraídos, sempre agarrados aos telemóveis.

Uma noite, ouvi a Joana chorar no quarto ao lado. Fui ter com ela.

— Joana... está tudo bem? — perguntei baixinho.

Ela limpou as lágrimas rapidamente.

— Está... está sim, D. Teresa. Só estou cansada.

Quis abraçá-la, mas hesitei. Senti-me uma estranha na vida deles.

No último dia das férias, o Miguel chamou-me à parte.

— Mãe, tens de perceber que as coisas mudaram. Não podes esperar que tudo seja como antes.

— Mas eu só quero que estejamos juntos... — murmurei.

Ele suspirou.

— Às vezes parece que só queres estar connosco se for tudo à tua maneira.

Essas palavras ficaram a ecoar na minha cabeça durante meses. Comecei a pensar no futuro — e se um dia partisse sem conseguir resolver isto? Foi então que decidi fazer o testamento. Não por vingança ou castigo, mas porque queria deixar alguma ordem no meio do caos.

No almoço de hoje, quando anunciei a decisão, esperava talvez um alívio. Mas vi apenas mágoa nos olhos do Miguel e da Joana.

— Não percebes que isto só nos afasta mais? — disse ela finalmente, a voz baixa mas firme.

O Tomás largou o garfo e correu para o colo do pai. O Diogo levantou-se e foi até à janela, olhando lá para fora como se quisesse fugir dali.

Senti-me sozinha como nunca antes. A casa parecia enorme e fria, cheia de ecos de risos antigos e memórias felizes que agora me pareciam tão distantes.

Continuação no primeiro comentário 👇

Endereço

Lisbon

Notificações

Seja o primeiro a receber as novidades e deixe-nos enviar-lhe um email quando Estilo de vida saudável publica notícias e promoções. O seu endereço de email não será utilizado para qualquer outro propósito, e pode cancelar a subscrição a qualquer momento.

Entre Em Contato Com A Prática

Envie uma mensagem para Estilo de vida saudável:

Compartilhar

Share on Facebook Share on Twitter Share on LinkedIn
Share on Pinterest Share on Reddit Share via Email
Share on WhatsApp Share on Instagram Share on Telegram