11/12/2025
Pacote laboral empurra trabalhadores para o esgotamento psicológico: Psicólogos juntam-se à Greve Geral de 11 de dezembro
O SNP – Sindicato Nacional dos Psicólogos entregou formalmente o pré-aviso de greve para a Greve Geral de 11 de dezembro, em protesto contra o pacote laboral do Governo, que representa um ataque direto aos direitos dos trabalhadores, à sua dignidade profissional e, de forma particularmente grave, à sua saúde mental.
Num país onde os indicadores de burnout, ansiedade, depressão e exaustão profissional atingem valores historicamente elevados, o Governo responde com um pacote laboral que agrava horários, fragiliza vínculos, promove a precariedade e desvaloriza quem trabalha. Esta opção política não é neutra: adoece pessoas, destrói projetos de vida e compromete o futuro do trabalho em Portugal. Não se pode falar de produtividade quando se empurra quem trabalha para a exaustão. Não se pode falar de crescimento económico à custa da doença mental de quem sustenta o país.
Os psicólogos conhecem esta realidade como ninguém. Atendem diariamente trabalhadores em colapso emocional, vítimas de ritmos de trabalho desumanos, instabilidade contratual e pressão constante por resultados. Ao mesmo tempo, muitos destes profissionais vivem, eles próprios, em situação de precariedade crónica, acumulação de funções, salários indignos e ausência de carreiras estruturadas. Nos serviços públicos, é conhecida a insuficiência crónica de recursos humanos e a incapacidade de responder às necessidades reais dos cidadãos. Os psicólogos do SNS e da saúde continuam sem o reforço necessário, e na educação persistem a ausência de uma carreira própria, a inexistência de um concurso nacional e a dependência de contratos precários, desiguais e injustos. Os jovens psicólogos continuarão empurrados para a precariedade permanente, com novos motivos e prazos alargados para vínculos instáveis.
A adesão do SNP à Greve Geral é também um ato de responsabilidade social e profissional. A luta contra este pacote laboral é também uma luta pela proteção da saúde mental de milhões de trabalhadores, pelo direito ao descanso, à estabilidade, ao tempo para viver e à dignidade no local de trabalho.
Num momento em que o discurso oficial afirma a importância da saúde mental, as políticas concretas seguem no sentido oposto: mais horas, menos direitos, mais insegurança, mais sofrimento psicológico.
O SNP alerta: não há saúde mental possível com precariedade, exploração e instabilidade permanente.
A Greve Geral de 11 de dezembro é, assim, um grito coletivo contra um modelo de trabalho que adoece, que descarta pessoas e que trata o cansaço como fraqueza e o sofrimento como normalidade.
O SNP estará na rua ao lado dos trabalhadores, porque defender direitos laborais é, hoje, uma condição essencial para defender a saúde mental da população.