13/11/2025
O cântaro de barro…
Guardava mais do que água — guardava o tempo.
Tinha o som das manhãs frias, quando alguém descia ao poço com passos lentos e alma calma.
Nas suas paredes morava o fresco das sombras e o eco das conversas de quem esperava pela vez na fonte.
Era pesado, sim, mas parecia leve nas mãos habituadas à rotina simples de trazer a vida em gotas.
O barro cheirava à terra molhada, ao sol que secava a roupa no muro, à infância que espreitava entre as silvas do caminho.
Hoje, repousa esquecido numa prateleira — mas se o tocamos, ainda sentimos o pulsar antigo das aldeias,
o rumor da água a encher,
o murmúrio das mulheres,
e o sossego de um tempo em que a pressa não sabia o caminho de casa.
̧ões