14/11/2025
Às vezes a vida parece um espelho distorcido: pensamos que estamos rodeados de amigos, mas, quando o vidro embacia, percebemos que algumas dessas presenças nunca estiveram realmente connosco. São pessoas que procuram apenas alguém que lhes alimente o ego, que se aproximam enquanto lhes és conveniente, mas que desaparecem quando o vínculo exige responsabilidade afetiva, reciprocidade ou sequer empatia. Essa descoberta dói, não só pela perda, mas pela perceção de que aquilo que oferecíamos de coração aberto não era reconhecido como valor, mas como recurso.
É nesse ponto que o amor-próprio se torna um porto seguro. Ele não é um slogan vazio; é a bússola que nos impede de investir energia em relações unilaterais, é o lembrete de que merecemos vínculos onde sejamos vistos, ouvidos e cuidados. Quando fortalecemos o amor-próprio, deixamos de mendigar migalhas emocionais e começamos a construir fronteiras claras: o que aceitamos, o que devolvemos e o que recusamos. Passamos a compreender que desapegar-nos de quem não sabe amar não é frieza , é autocuidado.
O enquadramento do apego seguro ajuda a perceber isto com mais clareza. Quem tem, ou desenvolve, um padrão de apego seguro tende a procurar relações baseadas em confiança, consistência emocional e respeito mútuo. Isso inclui reconhecer quando alguém não está disposto a oferecer o mesmo. O apego seguro não te prende a ninguém; ele liberta-te da necessidade de provar o teu valor ou de lutar por validação constante. Dá-te a estabilidade interna para te afastares do que fere e caminhares em direção ao que nutre.
A desvinculação, nesses casos, não é perda, é alinhamento. É escolher relações que cresçam contigo, não à tua custa. É permitir que a tua vida se encha de pessoas que sabem que amizade é presença, cuidado, responsabilidade afetiva e espaço seguro. E até que essas pessoas cheguem, ou voltem, tens sempre a companhia mais importante: a tua própria!
Com Amor AP